domingo, 30 de março de 2014


Falta de cuidado com a saúde mental leva médicos à depressão, dependência química e ao suicídio.

Saúde Plena

Autossuficiência é a palavra que pode sintetizar a dificuldade que o médico tem de procurar ajuda quando adoece. No livro, ‘Médico como Paciente’, a autora e doutora em psiquiatria Alexandrina Meleiro cita o benefício da ignorância como um fator que protege a pessoa leiga de compreender o que vai lhe acontecendo e permite que esse paciente acredite na palavra do médico. Nesse contexto, sentimentos como onipotência e vergonha fazem com que muitos profissionais assumam a automedicação. As consequências são variadas, mas quando o assunto é saúde mental, vemos a categoria amargar incidência alta de dependência química, depressão e taxa de suicídio. No Brasil, essa discussão ainda é tímida, mas os profissionais da saúde terão a oportunidade de trocar experiências na ‘I Jornada Brasileira de Saúde Mental dos Médicos’, promovida pela Academia Mineira de Medicina nos dias 28 a 30 de março, no auditório do Instituto Biocor, em Nova Lima.

Psiquiatra, coordenador da Comissão de Atenção à Saúde Mental dos Médicos, membro emérito da Academia Mineira de Medicina e idealizador da I Jornada Brasileira de Saúde Mental dos Médicos, José Raimundo da Silva Lippi lembra que as pessoas podem alcançar um nível intelectual muito grande, mas mesmo assim ser emocionalmente frágil. “A saúde mental é um estado que vai sendo alcançado através da capacidade que o ser humano tem de tolerar níveis cada vez maiores de tensões e de frustrações. O homem saudável não é aquele que vence as frustrações, porque elas não são elimináveis, mas sim o que tolera bem os níveis de decepção”, explica.

O médico afirma que quando o estresse está acima do suportável para a pessoa, se ela não procurar ajuda, os descaminhos podem ir da ansiedade ao suicídio. “Quando esse estresse supera o nível que o organismo resiste, os sinais começam a aparecer. Pode redundar em não dormir bem, perder o apetite ou ter apetite exagerado, diarreia, dores que são suportáveis para outras pessoas, mas são muito grandes para os que estão com equilíbrio emocional desorganizado”, salienta.

Para ele, os médicos são motivados pelo desejo de salvar vidas e a Jornada quer chamar a atenção não só da classe médica, mas também da população para a peculiaridade da profissão e os riscos que envolvem esse lavoro. “Falta de condições de trabalho, excesso de carga horária, a tensão da relação médico-paciente são alguns fatores que aumentam a vulnerabilidade do médico em relação a outras profissões. É alguém que precisa conviver com a frustração de não ter salvado uma vida. Às vezes, por imaturidade ou por se considerar um ‘semideus’ sofre mais que os outros”, enfatiza. Lippi acredita que os profissionais precisam se livrar das amarras da onipotência de acharem que sabem de tudo, de deixar a vergonha de lado e procurar ajuda. “Nenhum médico é obrigado a saber toda a medicina, os colegas estão aí para isso”, diz.

Lippi afirma que a depressão é a doença mental mais comum entre os médicos, inclusive entre os psiquiatras. “Todos são suscetíveis a patologias de ordem mental, principalmente aqueles que não se cuidam. É importante lembrar que o remédio cuida do sintoma, mas as causas precisam de atenção na psicoterapia. O médico pode ser um bom ‘receitador’, mas se não souber o que o cliente tem, não vai resolver o problema”, explica. Por isso, a automedicação não deve ser vista como solução.

Suicídio
“Os médicos se suicidam cinco vezes mais que a população geral”, afirma a psiquiatra Alexandrina Meleiro, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), coordenadora da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio da ABP e membro do Grupo de Atenção da Saúde Mental do Médico. Apesar de ser uma atitude drástica, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem alertado para o aumento da incidência na taxa de suicídio: um milhão de pessoas se mata no mundo anualmente ou uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, observa-se um crescimento de 30% no suicídio entre jovens do sexo masculino nas últimas décadas. Entre os médicos, segundo Alexandrina, os mais vulneráveis estão na faixa etária de 35 a 50 anos.

Suicídio tem prevenção. Isso por que a quase totalidade dos casos – 99% - está associada a um transtorno psiquiátrico. A saúde mental é negligenciada por motivos que vão desde a falta de uma rede de apoio organizada para atender o paciente, no caso do Brasil, até não ser reconhecida socialmente como doença em muitos casos. No senso comum, por exemplo, a depressão é confundida com episódios de tristeza e desventuras da vida. Todo esse contexto de preconceito, falta de informação e tabu agrava a busca por ajuda quando o doente é o médico. Problemas de ordem mental ainda são vistos como motivo de vergonha e assunto para – se for para conversar – que seja baixo para ninguém ouvir. Enquanto isso, pessoas têm suas vidas desestruturadas, muitas tentam se matar para amenizar o sofrimento e outras tantas conseguem.

O suicídio é um tema tão complicado que é estimado um número de vítimas duas ou três vezes maior em razão da subnotificação ao registrar a causa da morte. Curiosamente, no caso de médicos, a psiquiatra Alexandrina Meleiro aponta em artigo intitulado ‘Suicídio na população médica: qual a realidade?’, publicada na edição deste mês da Revista Brasileira de Medicina, uma situação contrária. “Na população geral, existe uma tendência de o médico não registrar que a causa da morte foi por suicídio. Geralmente, registra-se a causa externa da internação, como, por exemplo, queda de altura, envenenamento, intoxicação exógena (excesso de remédio). Um levantamento de atestados de óbitos feito pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) mostrou que, quando a profissão da vítima era a medicina, a palavra suicídio aparecia. Uma das hipóteses é que, por se tratar de um colega, o rigor da notificação é maior. E aí fica a pergunta: será que, de fato, os médicos se suicidam mais ou houve um zelo maior quando se tratava de médico? A resposta eu não sei”, problematiza a psiquiatra.

Alexandrina Meleiro afirma que outra razão para a subnotificação na população geral é que os seguros de saúde e seguros de vida geralmente não cobrem situações de ato voluntário contra a própria vida. “É comum na prática médica registrar a causa externa para proteger a família da vítima”, explica.

O levantamento do CREMESP publicado em 2012 mostra também que, entre as causas externas de morte de médicos em São Paulo, o suicídio aparece em segundo lugar: 21% no caso das mulheres e 18% em homens (veja gráfico). Em primeiro, está o acidente automobilístico, mas para Alexandrina Meleiro, paira uma dúvida: “Foi um acidente de fato ou a vítima usou o carro como meio de suicídio?”, questiona. “Temos um alto índice de mortes por acidentes automobilísticos entre os médicos jovens e não há diferença entre os gêneros. Há um quadro autodestrutivo em que indivíduo teria alguma intenção suicida, são os chamados ‘autocídios’”, explica.
Meleiro aponta algumas hipóteses em relação ao comportamento dos médicos que cometem suicídio:

1. Manifestam especial vulnerabilidade ou experiências de eventos circunstanciais diferentes (recente perda profissional ou pessoal, problemas financeiros ou de licença) em relação aos outros médicos;
2. Tendem a trabalhar mais horas que os outros colegas;
3. Tendem a abusar de álcool e outras substâncias;
4. Estão mais insatisfeitos com suas carreiras médicas que outros médicos;
5. Dão sinais de aviso da intenção de suicidar-se a outros;
6. Têm transtorno mental e emocional com mais frequência;
7. Tiveram dificuldades na infância e seus problemas familiares são comuns;
8. Automedicam-se mais frequentemente que os outros colegas


Dependência química
Trabalho realizado em 2004 na Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) intitulado ‘Perfil Clínico e Demográfico de Médicos com Dependência Química’ mostra que os médicos apresentam taxas similares de uso nocivo e dependência de substâncias em relação à população geral. A incidência varia entre 8% e 14%. O estudo coletou dados de 198 médicos em tratamento ambulatorial por uso nocivo e dependência química.

A frequência de uso nocivo e dependência de opióides (anestésicos derivados da morfina) e BZD ou benzodiazepínicos (popularmente conhecidos como tranquilizantes de tarja preta) é aproximadamente cinco vezes maior entre os médicos que na população geral. Alexandrina Meleiro aponta que o uso de opióides é motivo de suicídio principalmente entre anestesistas.

José Raimundo Lippi alerta ainda que a facilidade de acesso a esses opiácios é uma porta de entrada para a dependência química entre médicos. “Drogas medicinais que só são encontradas em hospitais, principalmente as medicações usadas em anestesia, aparecem como solução para o alívio de tensão”, afirma. Gráficos abaixo mostram alguns resultados do estudo da Unifesp:
O estudo mostrou também os diagnósticos mais encontrados. Em primeiro apareceu a depressão, seguida de transtorno afetivo bipolar e transtornos de personalidade. Na sequência, esquizofrenia e transtorno de ansiedade generalizada. Os pesquisadores apontaram ainda as situações facilitadoras para dependência de drogas. Veja:

1) acesso fácil aos medicamentos
2) perda do tabu em relação a injeções
3)história familiar de dependência
4) problemas emocionais
5) estresse no trabalho e em casa
6) busca de emoções fortes
7) auto-administração no tratamento para dor e para o humor
8) fadiga crônica
9) onipotência e padrão de prescrição exagerada
10) os de especialidade de alto risco (Anestesiologia, Emergência e Psiquiatria)

DEPOIMENTO:
Super-herói de carne e osso
Uma médica e professora universitária de Belo Horizonte que não quer ser identificada conversou com o Saúde Plena. Ela será chamada de Márcia e conta que já se envolveu emocionalmente em histórias não apenas de colegas de profissão, mas de amigos e nomes de referências na medicina que se perderam em jornadas exorbitantes de trabalho que, segundo ela, variam entre 80 a 100 horas semanais. “O médico tem adoecido por um excesso de cobrança, falta de descanso, de sono reparador, uma dieta inadequada, falta de tempo com a família e de uma atividade física, um quadro que leva a uma sobrecarga mental. A carga de responsabilidade é tão grande que muitas vezes conduz a um estado de exaustão”, afirma ela.

Nas três histórias que Márcia acompanhou de perto os profissionais não procuraram ajuda. “A fiscalização não é rígida a esse ponto. O médico pode, por exemplo, prescrever o remédio para esposa, mas para ele usar. Eu mesma já prescrevi para mim. Às vezes é uma questão de praticidade e pode começar com um medicamento para ajudar a dormir. No meu caso, nunca me tratei sozinha e nunca fui dependente de nada, mas tenho várias histórias para contar de ex-professores e amigos. Eles precisaram ser afastados e, em alguns casos, se envolveram até em problemas judiciais”, relata.

O primeiro foi de uma professora referência em trauma com atuação no setor de urgência e emergências de hospitais na cidade. “Era uma pessoa extremamente capacitada, mas tinha uma jornada de trabalho de quase 100 horas semanais. Ela amava o trabalho que fazia e não era casada. Não cuidava quase nada da vida pessoal. Foi quando começou a injetar no próprio corpo um medicamento chamado fentanil que traz uma sensação de alívio, mas é perigosíssimo porque causa várias alterações no organismo e pode até provocar a morte das pessoas. Ela entrou num ciclo de vício tão grande que começou a roubar o remédio do hospital para sustentar o vício. Lembro de um dia ela chegar na sala de aula com a marca do garrote no braço. Foi um choque muito grande por ela ser uma referência para inúmeros profissionais e parou, inclusive, de exercer a medicina”, conta.

Márcia também se recorda de uma história que, infelizmente acabou em morte. “Ele era um padrinho na medicina para mim. Além da graduação em medicina, tinha também a de farmácia. É um exemplo de um profissional que trabalhava muito e começou a oscilar entre buscar uma vida mais equilibrada e entrar na destruição total. Nesse período, os colegas mais próximos costumavam brincar que ele tinha a época do zig, em que comia bem, dormia bem, não bebia e fazia exercício físico; e a época do zag, em que bebia todos os dias e, por compulsão alimentar, comia tudo que viesse na cabeça. Teve um dia em que ele foi buscar umas daquelas fitinhas de exame para detecção de glicose na urina e foi ao banheiro. Como ficou um pouco de urina na mão dele e ele segurou as fitinhas, fez o exame e acabou descobrindo que estava diabético. A pressão arterial dele também era desequilibrada e, aos 53 anos, faleceu de infarto agudo do miocárdio”, recorda-se.

A médica cita também o caso de uma colega casada e com filhos que pegava muitos plantões por semana para, segundo Márcia, pagar as contas. “Ela não descansava. Uma noite, saindo de um desses plantões, foi convidada para tomar cerveja e aceitou. Alguém ofereceu para ela um cigarro que tinha crack. Ela fumou sem saber e começou a se viciar. Tenho amigos que chegaram a buscá-la em cracolândia completamente fora de si. Já faz três anos que ela está em fase de recuperação”, narra. Para ela, a colega descobriu no crack um mecanismo de fuga para aliviar a tensão e tirá-la da rotina maçante.

Márcia acredita que a sensação de uma suposta autossuficiência dificulta que o médico procure ajuda. “Sou médico, sei me tratar. É como se o médico não pudesse fracassar e não pudesse mostrar esse lado humano. E a sociedade ainda acha que o médico sempre tem que dar conta, mas somos um super-herói de carne e osso, tão carne e osso quanto o paciente”, pondera. Para ela, é importante refletir: “até que ponto vale a pena trabalhar tanto parar sustentar um padrão de vida?”.

A médica, que se inscreveu para participar da I Jornada de Saúde Mental dos Médicos, diz que gostaria de convidar os colegas a refletir sobre os seguintes pontos: tempo de jornada de trabalho, tempo para praticar exercício físico, tempo para estar com os filhos e com a família, cuidado com a alimentação. Ela cita o modelo ‘Dahlgren & Whitehead’ de qualidade de vida para nortear a atenção que as pessoas devem dar aos fatores que estão relacionados à saúde.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sábado, 29 de março de 2014


RISCO: DE CAMISINHA A DROGAS: 7 NÚMEROS SOBRE OS JOVENS BRASILEIROS.

 Revista Exame

Um terço dos jovens bebem e dirigem, 20% deles fumam e 12% das meninas já fizeram um aborto: veja mais números sobre o comportamento de risco dos jovens brasileiros

Beatriz Sousa

Jovens consomem cigarro de maconha: 5% dos jovens brasileiros relataram ter fumado maconha no último ano
São Paulo - Mais de dois terços dos jovens nunca usam camisinha em suas relações sexuais. O número preocupante faz parte do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), divulgado nesta quarta-feira, que analisou o comportamento de risco dos jovens brasileiros.Chama a atenção o consumo irresponsável de álcool - muitas vezes associado à direção -, o uso de drogas entre os menores e o sedentarismo - apenas 2 em cada 10 jovens fazem atividade física.

Veja a seguir 7 números que refletem o comportamento de risco dos jovens no Brasil:

1. Um terço dos jovens bebe e dirigeMetade dos jovens consomem bebidas alcoólicas. O consumo começa cerca de 3 anos da idade permitida por lei. Isto é, aos 15 anos meninos e meninas já experimentam suas primeiras doses de cerveja.Não só começam cedo, como também bebem muito. Segundo a pesquisa, 36% dos jovens afirma fazer uso nocivo do álcool, isto é, bebem 4 ou mais doses de álcool em 2 horas.Chama atenção também a quantidade de jovens que dirige alcoolizada. Quase um terço dos rapazes entrevistados disseram ter dirigido após beber pelo menos uma vez no último ano. Já as meninas, embora só 4% tenham feito a mesma coisa, quase 30% delas já foi passageira de um motorista embriagado.

2. 2 em cada 10 jovens fuma O consumo de cigarro pelos jovens vem diminuindo nos últimos anos. Entretanto, a parcela de fumantes jovens ainda preocupa. Sobretudo entre os meninos: 5% dos meninos menores de idade e 18% de jovens declararam serem usuários.

3.  Mulheres preferem cocaína à maconhaA maconha é droga preferida dos jovens brasileiros. Cerca de 5% deles relataram ter usado a droga no último ano, sendo os homens a maioria. Já entre as mulheres, o consumo de cocaína (2%) é maior que o de maconha (1,4%).

4.  Quando bebem, jovens brigamSegundo a pesquisa, o uso de drogas e o consumo de álcool está altamente associado com o envolvimento em violência urbana entre os jovens. Pouco mais de 5% dos jovens já se envolveu em brigas.Além disso, embora a violência urbana seja um problema reconhecido pelos jovens 86,3% deles disseram que não evitam frequentar determinados lugares por medo de assalto.

5. Uma em cada 10 meninas já fez um abortoA gravidez na adolescência é sabidamente um problema de saúde pública. Os números são alarmantes: 12% das meninas entre 14 e 20 já sofreram um aborto. A perspectiva também não é boa, visto que 29% dos meninos e 38% das meninas disseram não utilizar camisinha nunca ou quase nunca em suas relações sexuais.

6. Apenas 2 em cada 10 jovens faz atividades físicas

O cuidado com a saúde parece não estar entre as prioridades dos jovens. Cerca de 80% deles disse não fazer nenhuma atividade física pesada, como correr, praticar um esporte ou frequentar a academia. Entre as mulheres, o número é ainda maior: 86% delas não se exercitam.7. Um terço das meninas tem sintomas de depressãoEstima-se que 21.2% da população de jovens possua indicadores de depressão. Nas mulheres, o índice é maior (28,3%) que nos homens.


POR LEI, PAIS SERÃO AVISADOS CASO FILHOS FAÇAM USO DE DROGAS OU ÁLCOOL.
DECRETO FOI PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 163 DO DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO DO MUNICIPAL DE MONTES CLAROS; PARA JURISTA, LEI REFORÇA O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

FÁBIO CORRÊA

Hospitais e escolas de Montes Claros terão de avisar os pais caso suspeitem que crianças ou adolescentes estejam fazendo uso de álcool e outras drogas. Isso é o que estabelece uma lei sancionada em 18 de março pelo município da cidade da região Norte de Minas Gerais.

De autoria do vereador Edmílson Magalhães (PP), a Lei 4.700 obriga hospitais, clínicas, ambulatórios, unidades de saúde e escolas (públicas ou privadas) de Montes Claros a informar o Conselho Tutelar caso tenham suspeitas ou confirmações de que crianças ou adolescentes estejam fazendo uso dessas substâncias. O Conselho Tutelar, por sua vez, terá de notificar os pais ou responsáveis caso receba uma notificação a esse respeito. O decreto foi publicado na edição nº 163 do Diário Oficial Eletrônico do Município de Montes Claros.

De acordo com o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Jovem da OAB-MG, Stanley Gusman, a lei é positiva por reforçar o que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.

"O que essa lei faz é criar mais um dispositivo de acionamento do Estatuto, que institui como dever da família, da sociedade e do poder público a garantia dos direitos dos jovens. Infelizmente, isso não vem sendo cumprido, pois acaba-se ocultando ocorrências desse tipo."

Para o jurista, a Lei 4.700 irá, com os dados recolhidos, gerar um conteúdo a partir do qual um trabalho mais amplo poderá ser planejado. "Quando as autoridades competentes são notificadas sobre o que está acontecendo com o adolescente e a criança, abre-se um espectro que serve como base para o atendimento do Estado", avalia.


“A MACONHA É A MACONHA DOS INTELECTUAIS”.

Pois é… A direção da Universidade Federal de Santa Catarina admitiu que o consumo de maconha no campus não é novidade. Dado o tumulto promovido por vândalos disfarçados de estudantes, a Reitoria fez o quê? Ora, preferiu atacar a Polícia Federal. Leiam o que vai na VEJA.com. Volto em seguida.

Por Bianca Bibiano:
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) disse ao site de VEJA nesta quarta-feira que o consumo de drogas no campus não é novidade: “Trata-se de uma questão de conhecimento público”, disse a assessoria de imprensa da instituição. A declaração foi feita um dia após ação da Polícia Federal (PF) no campus para investigar denúncia de tráfico de drogas que acabou com a prisão de cinco pessoas (sendo quatro estudantes), choque entre policiais e supostos estudantes e a depredação de viaturas da PF e da Polícia Militar. Os detidos portavam maconha. Após o confronto, cerca de 200 estudantes invadiram a reitoria pedindo a proibição da entrada da polícia no campus.

A PF comentou o caso nesta quarta-feira. Em entrevista coletiva, o delegado Paulo Cassiano Júnior criticou a posição da reitoria, que na noite da terça-feira condenou a ação dos agentes federais. “A PF não tem compromisso com a falta de pulso da reitoria em gerir os assuntos da universidade. (…) Autonomia universitária não deve ser confundida com licença para baderna. Nós não temos compromisso se a reitora com seu comportamento condescendente pretende transformar a universidade em uma república de maconheiros”, declarou, em entrevista transmitida pela TV.

O texto da universidade divulgado na noite da terça-feira, assinado pela reitora Roselane Neckel, dizia o seguinte: “Em todos os contatos com a Polícia Federal sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas da universidade.”

Na tarde desta quarta-feira, membros da reitoria, estudantes e funcionários vão se reunir para discutir o caso, além de negociar a desocupação da reitoria. Os estudantes pedem a legalização de festas no campus, a proibição da entrada da PMs no campus e punição aos responsáveis pela ação da terça-feira. O episódio ocorre em meio à greve de servidores da universidade, iniciada no dia 17, com a paralisação geral dos técnicos-administrativos das instituições federais de ensino. O encerramento da greve também está na pauta de reunião desta tarde.

Retomo
Como se nota, a doutora que comanda a UFSC acha que reprimir o tráfico dentro da UFSC é coisa incompatível com as atividades acadêmicas da instituição, donde se conclui haver compatibilidade entre a produção intelectual e o tráfico! Em qualquer país decente do mundo, seria demitida. Por aqui, vai virar heroína — Ooops!

O grande Raymond Aron afirmou que o marxismo era o ópio dos intelectuais. Carlos Graieb, editor-executivo da VEJA.com, submeteu a frase a uma leitura, digamos, à moda Monty Python: “A MACONHA É A MACONHA DOS INTELECTUAIS”.

Nas moscas!

Por Reinaldo Azevedo


CONSELHO TUTELAR VAI DENUNCIAR USUÁRIA DE DROGA POR ABANDONAR FILHO.
Do G1 MA
Uma criança de um ano e 10 meses foi abandonada pela mãe na Unidade Mista do Maiobão, Paço do Lumiar, na última sexta-feira (21), com sinais de maus-tratos. A mulher, segundo relato de familiares, é usuária de crack. A criança é portadora de paralisia cerebral.Diante da situação de abandono, o hospital acionou o Conselho Tutelar de Paço do Lumiar, no domingo (23), que solicitou que alguém da família acompanhasse o menino. Um tio foi localizado e levado à unidade de saúde. Agora, o Conselho vai encaminhar a denúncia de abandono de incapaz por parte da mãe ao Ministério Público Estadual.

"Recebemos a denúncia de que uma criança havia sido abandonada pela mãe. O Conselho foi checar e se deslocou até a casa da vítima. Lá, conversamos sobre a responsabilidade de acompanhar esse bebê, por conta das condições da mãe. Vamos comunicar o abandono ao MP, no mais tardar sexta-feira (28). Estamos apenas aguardando uma nova visita", afirmou a conselheira tutelar Amelice Araújo.De acordo com a conselheira, alguns familiares estão acompanhando a criança, mas não  regularmente. "Estamos sensibilizando essa família de que é preciso cuidar, pois também são  responsáveis pelo zelo. Ontem (quarta-feira), tinha uma tia lá com ele", contou.A criança deve ser transferida nesta quinta-feira  (27) para um hospital especializado de São Luís. O G1 entrou em contato com a diretora-geral da Unidade Mista do Maiobão, Aline Teixeira, para saber qual o quadro clínico da criança ao dar entrada na unidade, assim como o encaminhamento a ser dado para a situação, mas ela alegou não poder dar nenhuma informação sobre o caso e desligou o telefone.

Consequências
De acordo com o neuropsiquiatra e especialista em dependência química, Ruy Palhano, uma criança gerada por uma mulher que usa drogas dificilmente terá uma vida normal, sem sequelas. "O índice de mulheres que usam crack e abortam é altíssimo, por causa do consumo da droga. O principal problema é que essas crianças já nascem viciadas, porque o crack atravessa a barreira hematoplacentária e a barreira hemoencefálica. As consequências são doenças cardiovasculares, cérebro-vasculares, quadro de diminuição do volume da massa encefálica, e apresentação de problemas respitarórios desde muito cedo".Estatísticas
Segundo dados do Centro de Atenção Psicossocial Alcóol e Drogas (Caps AD), a maioria das pessoas que busca tratamento para a dependência tem entre 20 a 30 anos, e apenas 15% dos atendimentos são mulheres. De janeiro de 2014 a 20 de fevereiro deste ano já deram entrada 120 novos casos de usuários de droga na Cap's.

Em 2013, 85% dos atendimentos feitos no Centro de Atenção foram de usuários de crack. Ao longo de todo o ano foram atendidas pessoas usuárias drogas de 42 municípios do Maranhão. Os maiores registros são das cidades de São José de Ribamar (80 pessoas); Paço do Lumiar (52 pessoas) e São João Batista (32 pessoas).

Na capital, 59 dos bairros tiveram usuários em tratamento. Os de maior incidência foram: João Paulo (230 pessoas); Coroadinho (230 pessoas); Cidade Olímpica (193 pessoas); Liberdade (156 pessoas) e Vila mauro Fecury I e II (131 pessoas Barreto). Desses usuários, apenas 20% estão sem fazer uso de substâncias psicoativas e reinseridos no mercado de trabalho.

Análise: Consumo precoce de drogas prejudica desenvolvimento cerebral.

Jornal O Estado de S. Paulo

Clarice Sandi Madruga - Pesquisadora da Unifesp A análise das prevalências obtidas pelo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas sobre o consumo de drogas no Brasil aponta uma tendência: as faixas etárias mais jovens não só são um fator de risco para o uso, mas também para uma série de comportamentos decorrentes deste consumo.É sabido que o cérebro humano só conclui sua maturação depois dos 24 anos.

A área mais complexa do cérebro, chamada córtex frontal, responsável por tomadas de decisão, ponderação entre prós e contras e avaliações de risco, é a última a se desenvolver. Fato que explica a baixa capacidade de controle de impulsos na adolescência, que, por consequência, leva à experimentação de psicotrópicos e à exposição a riscos, como os reportados na pesquisa.

O uso destas substâncias nesta idade leva a consequências desastrosas, afetando de forma permanente a maturação das áreas ainda em crescimento e a forma com que os indivíduos tomam decisões.

Dessa forma, o adolescente ou jovem que já tem, por natureza, uma tendência a avaliar riscos e controlar seus impulsos de forma equivocada, o faz com ainda menos eficiência devido às sequelas causadas pelo uso de substâncias psicotrópicas.Estas alterações químicas e morfológicas causadas pelo consumo precoce também estão associadas ao desenvolvimento de dependência química e ao desenvolvimento de outros transtornos.

Sabe-se que os transtornos de humor, em especial a depressão, é uma das principais comorbidades da dependência química. Em outras palavras, são doenças que andam juntas: tanto pessoas com depressão procuram substâncias psicotrópicas em uma tentativa de aliviar seus sintomas quanto usuários abusivos acabam por desenvolver depressão devido ao uso.

De uma forma ou de outra, nosso estudo apontou esta associação. Cerca de 21% dos jovens possuem indicadores deste transtorno.

Esta prevalência sobe para 37% entre usuários de cocaína e chega até 48% entre usuários problemáticos de álcool. Estatísticas mostram que os participantes jovens com sintomas de depressão têm até quatro vezes mais chances de usar cocaína. Esperamos que os dados da pesquisa possam ser usados no sentido de destacar estes grupos de risco para que eles sejam alvo de intervenções de prevenção e tratamento precoce.

quarta-feira, 26 de março de 2014


FILHOS DE USUÁRIOS DE DROGA SÃO MAIORIA ENTRE AS CRIANÇAS ACOLHIDAS EM ABRIGOS.

Por Ana Flávia Oliveira , iG São Paulo

Parte dos filhos de viciados em crack é retirada dos pais, que não têm condições de cuidar das crianças, e encaminhados para abrigos, onde esperam adoção ou ficam até os 18 anos

Duas camas impecavelmente cobertas com colchas cor-de-rosa, uma boneca de pano na porta e um pequeno guarda-roupas deixam claro que duas meninas dividem um quarto. Elas vivem como irmãs, mas não são nem parentes e, apesar de dividirem uma história de sofrimento e abandono, ainda sorriem para os visitantes e mostram os seus novos brinquedos.

As pequenas vivem em um abrigo para crianças e adolescentes localizado na zona sul de São Paulo com outras 28 crianças. As crianças, que foram retirados pela Justiça do convívio com os pais, vivem em cada uma das três casas (dez em cada) no abrigo da ONG Aldeias Infantis SOS Brasil. O local tenta reproduzir um ambiente familiar, com uma mãe-social (funcionária, que mora na casa com as crianças), e rotinas diárias, de estudo, lazer e até mesmo trabalho - para os adolescentes - que são seguidas por todos os moradores.

Uma das meninas tem 5 anos e ao lado dos irmãos mais novos - dois meninos de quatro e dois anos e uma menina de três - foram retirados da casa onde viviam com os pais em uma favela da zona sul há um ano e meio e levada para o abrigo. A Justiça entendeu que o cuidado das crianças era negligenciado.

O pai era usuário de drogas e a mãe, que já desenvolvia um quadro de depressão, era passiva às vontades do marido e não tinha condições de cuidar dos filhos. Na ocasião da retirada, os pais tinham saído de casa, deixando as crianças sozinhas. Eles foram denunciados porque a filha mais velha, na época com três anos, cuidava dos irmãos menores, diz a psicóloga da Ong Aldeias Infantis, Fabiana Nápolis.

“Eles chegaram desnutridos, chorosos, irritados, não comiam e não falavam”, diz Fabiana.

Além do trabalho realizado com as crianças por uma equipe técnica de psicólogos, fonaudiólogos e assistente sociais, a psicóloga explica que o abrigo, em parceria com a Justiça e secretarias de Saúde e Assistência Social do munícipio, tentou encaminhar o pai para um tratamento.

“Marcamos consultas, mas ele não quis se tratar e vive na rua. Há seis meses, não sabemos o paradeiro dele”, completa a psicóloga.

Segundo ela, neste período, a mãe das crianças, descobriu que está com câncer no colo do útero e está internada em estado terminal. “A guarda das crianças será encaminhada para três familiares maternos e esperamos que até o fim desse semestre as crianças estejam nas suas novas casas”, diz a psicóloga.

A colega de quarto, hoje com 12 anos, tem um histórico parecido. Mais velha entre quatro irmãos, também era responsável pelos mais novos, de oito, cinco e quatro anos, quando foi acolhida, há dois anos.

“Nenhum deles ia para escola e eram agressivos com os outros e entre eles. A mais velha cuidava dos irmãos e essa responsabilidade materna precoce fez ela perder a referência de si mesmo”, diz Daniela Cardoso, assistente social do abrigo.

Pai e mãe também são usuários de drogas e chegavam a levar os filhos para esmolar no farol, dizem as funcionárias do abrigo. Segundo elas, a mãe das crianças tem uma questão neurológica forte” e o “pai é violento”.

“Eles [os pais] mentem, enganam, são dissimulados e a gente não consegue estabelecer vínculos. A mãe apanha do marido. Fizemos um trabalho especifico, mas ela já não consegue sair desse ciclo”, disse Fabiana.

Ainda de acordo com as funcionárias, o comportamento e vício dos pais deixaram sequelas visíveis nas crianças. Um dos meninos, que hoje tem seis anos, tem um comprometimento neurológico e visual “que pode ser em decorrência do uso de drogas durante a gravidez”. O outro, diz Fabiana, é violento, dissimulado e mentiroso. O menino de dez anos é inteligente e perpicaz, mas não tem limites. “A gente até consegue negociar, mas ele não tem noção de limites”, diz Daniela.

Apesar de não terem condições de cuidar dos filhos, os pais, que moram no Guarujá (a 86 km de São Paulo), visitam as crianças pelo menos uma vez por mês. “A gente tenta não quebrar esse vínculo. Eles não foram destituídos dos pais porque é o único modelo de família que essas crianças conhecem”, diz Débora Santos de Conti, gestora do local. Segundo Débora, por serem um grupo de irmãos, que a gestora tenta não separá-los em caso de adoção, terem mais de seis anos e serem negras, a adoção dessas crianças é mais difícil. “A tendência é que eles fiquem aqui até completarem 18 anos”, diz.

Abrigados

A história dessas oito crianças é parecida com as de cerca 46 mil que vivem em abrigos no Brasil hoje. Segundo o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que tabulou dados em 2012 e 2013, baseado em informações obtidas com os abrigos, os principais motivos para o acolhimento são uso de drogas pelos pais (79%), negligência (77%), abandono pelos pais ou responsáveis (74%), violência doméstica (53%), abuso sexual praticado pelos pais ou responsáveis (43%) e ausência dos pais ou responsáveis por prisão (28%).

Antonio Carlos Ozório Nunes, membro auxiliar da Comissão da Infância e Juventude do CNMP, explica que o estudo permite relatar mais de uma causa para o acolhimento e que os motivos estão ligados.

“Em regra, nos casos de negligência há também a questão do vício em drogas, álcool ou casos de violência. Não é uma coisa só que levou ao abandono”.

Segundo ele, entre os casos de institucionalização ligada ao vício dos pais, o álcool e crack são maioria.

“A maior incidência ainda é de álcool. Depois vem o crack. Mas as mães dependentes do crack são muito mais difíceis de lidar por conta da devastação que a droga faz com ela. São as que necessitam uma atenção maior e a retirada do filhos é comum”, diz Nunes

De acordo com Fábio Paes, assessor do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e da ONG SOS Aldeias Infantis, a droga impede que os pais cuidem dos filhos. “Cria-se uma situação de vulnerabilidade porque os genitores não conseguem cuidar das crianças. A questão da droga cria a negligência, falta a alimentação, encaminhamento para escola, o cuidado e o afeto. Há um esquecimento da criança”, diz Paes.

Apesar não ter dados sobre o índice de abandonos relacionados ao vício do crack, Paes afirma que a droga tem se tornado um dos principais motivos que levam ao abandono de crianças e adolescentes.

Recém-nascidos

O crack também é motivo para que muitas mães sejam impedidas pela Justiça de sair da maternidade com os filhos. No Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belém (zona leste de São Paulo) especializado em partos de alto risco, dos 89 casos de mães viciadas em crack que foram encaminhadas ao hospital, 49 recém-nascidos não puderam sair com as mães e foram enviados a abrigos pela Vara da Infância e Juventude.

“Nos casos em que a gente entende que a mãe não tem condições de cuidar do bebê e a assistência social não encontra nenhum parente próximo que possa se responsabilizar pela criança, acionamos a Justiça”, afirma o obstetra Corintio Mariani Neto, diretor do hospital.

Segundo ele, o número de mães viciadas em crack que deram entrada no hospital aumentou 342% desde 2008, quando 26 grávidas tinham envolvimento com crack. Dessas 13, tiveram a guarda da criança retirada ainda na maternidade.

“Isso vem num crescente há vários anos. Em 2008, o serviço social do hospital começou a identificar comportamento diferente em algumas pacientes e percebemos que eram viciadas. O principal é o crack, apesar de ter outras [drogas]. Então passamos a fazer um protocolo diferenciado de atendimento e ser uma referencia para essas mulheres”, diz Mariani Neto.

Segundo ele, os filhos de mães viciadas em crack nascem prematuramente e são menores em relação as outras crianças mesmo em gestações completas.

“A criança nasce com a droga na circulação e tem comportamento agitado. O bebê chora mais que os outros e não fica sossegado, mesmo estando limpo e alimentado. Esse comportamento vai, aos poucos, diminuindo. Mas se a droga gerou um dano no cérebro, só dá para saber na idade pré-escolar quando a criança vai ter dificuldade em lidar com coisas abstratas, como raciocinio lógico, e logo vai começar a manifestar dificuldades de aprendizado”, diz o diretor. Ele conclui que, nestes casos, a evasão escolar e repetência são mais frequentes.

Segundo Mariani, cerca de 15% das mães viciadas fogem do hospital sem levar os filhos. Nestes casos, se parentes não forem localizados e assumam a responsabilidade pela criança, ela também é encaminhada para Justiça.
Dr-Cláudio


POLÍTICA PÚBLICA E A QUESTÃO DA ABSTINÊNCIA AO USO DO CRACK.

Dr. Cláudio Jerônimo da Silva

 Um paciente de 27 anos, usuário de crack desde os 20, procura atendimento porque está sentindo dores torácicas, tosse e emagrecimento. Ele está assustado com o emagrecimento e com as dores. Faz exames, recebe um diagnóstico, conversa com os profissionais e diz que quer parar de usar a droga. Aceita procurar um centro de tratamento para o crack e tomar medicações para sua pneumonia. É admitido no leito de observação para receber antibiótico endovenoso e, quatro horas depois, foge do Pronto-Socorro para usar crack.

 A situação descrita acima não é incomum nos serviços de saúde e gera diferentes reações na sociedade, incluindo comunidade técnica. Há quem diga que o paciente estava mentindo quando aceitou tratamento, que de fato não quer se tratar e que neste caso não vale a pena investir em nenhum tratamento. Há quem diga que a ação da droga no cérebro turvou sua capacidade de decisão e o impeliu ao uso, mas que não devemos desistir dele e que neste caso deveríamos investir na abstinência para que ele melhore. Há quem diga que, se ele recebesse suporte para usar o crack de maneira segura, não teria apresentado pneumonia e, portanto, deveríamos investir na redução dos danos secundários ao uso, e não no uso propriamente dito. Há quem diga que a situação demonstra o fato de que a droga sempre existiu, os usuários também e que, portanto, não há o que ser feito, deveríamos desistir. Há quem diga que ele deveria ser mantido à força no Pronto-Socorro, porque não estava em condições de decidir nada e a abstinência deve ser alcançada a qualquer custo. E há muitas outras possibilidades... Qual é a mais correta? Existe uma saída única que se aplique a todos os usuários?

 Questões técnicas, ideológicas, filosóficas e políticas se misturam de modo a gerar enorme confusão e, no meio dela, o maior interessado, o usuário, fica desassistido, perdido e refém de uma discussão teórica e de uma disputa intelectual. É preciso, então, colocar alguma racionalidade nessa confusão para que as condutas clínicas e as ações de políticas públicas não sejam tão atabalhoadas e confusas quanto é a discussão teórica, acadêmica.

 O primeiro ponto a ser considerado: as pessoas são únicas. Os seus problemas, por mais assemelhados que sejam com aqueles dos demais humanos, estão inseridos em um contexto que é único. Pessoas com câncer de pulmão não são todas iguais, com as mesmas necessidades. Pessoas com gripe também não. Usuários de crack idem. Portanto, assim como não faz sentido estabelecer uma conduta ou política que determina que todos os gripados deveriam ser tratados com um único tipo de assistência, não faz sentido estabelecer que todos os usuários de crack deveriam receber essa ou aquela intervenção. Haverá, portanto, aqueles que não querem se tratar e querem continuar usando a droga. Outros que querem parar de usar. Alguns que terão dificuldade em parar, outros que conseguirão com mais facilidade. Qual é o caso do paciente descrito acima? É possível saber sem uma avaliação minuciosa, técnica, multiprofissional? Como podemos estabelecer que ações de saúde pública devam ser unicamente baseadas em questões filosóficas, políticas e técnicas genéricas? Talvez seja melhor dar condições para que cada caso seja avaliado individualmente e que o profissional tenha condições de decidir entre várias possibilidades de conduta. Assim, é possível que algum paciente se beneficie da internação para interrupção imediata do uso. Que outro se beneficie de acompanhamento e orientação e motivação, e assim por diante.

 O segundo ponto: as evidências científicas sobre o que funciona e o que não funciona devem estar sempre à mente de quem avalia. As evidências apontam, por exemplo, em estudo brasileiro publicado no Journal of Addictive Disease em 2011, que 43 de 102 usuários de crack seguidos por 12 anos conseguiram abstinência. Isso equivale a 40% da amostra. Vinte e sete deles haviam morrido, o que equivale a 26% da amostra*. Quem serão aqueles pacientes que ficarão abstinentes? O paciente descrito acima estaria em qual grupo? Essa incerteza sobre o futuro do usuário do crack é a mesma que ocorre em pacientes com câncer, por exemplo. Na dúvida, é melhor investir em todos, porque qualquer diminuição nessa mortalidade seria importante. E mais pesquisas precisam ser realizadas para que se descubra o que funcionou e o que não funcionou.

 O terceiro ponto: há uma diferença marcante entre meta e condição. Dizer que a abstinência deveria ser uma meta é muito diferente de dizer que a condição para que um paciente fique em tratamento é que ele esteja abstinente. Guardadas as diferenças, o mecanismo seria o mesmo que dizer ao paciente com pneumonia que ele não deve tossir para que continue se tratando. Não faria sentido. Mas faria muito sentido dizer que a meta do tratamento é que ele pare de tossir uma hora. Algumas vezes será fácil atingir a meta, outras não. Devemos desistir quando não está fácil? Devemos abandonar quem não consegue? Devemos subestimar as potencialidades de qualquer pessoa com câncer porque a mortalidade é alta e a cura difícil? Com usuários de crack, o raciocínio deveria ser o mesmo.

 Quarto ponto: conduta clínica e política pública são coisas diferentes. As metas e os meios de tratamento são decisões clínicas e devem obedecer aos critérios de validação científica e testes clínicos para resolução de problemas individuais, daquele paciente especificamente, descrito acima, que está com pneumonia no Pronto-Socorro. Política pública é outra coisa: vou discutir neste blog em outra ocasião qual é seu conceito. Por ora, devo dizer que, quando as coisas se misturam, o resultado não é bom. As políticas públicas não deveriam discutir a abstinência ou a redução de danos. Assim como não se discutem a cura ou a não cura da aids, ou da pneumonia, ou da esquizofrenia, ou qualquer outro problema. Isso é meta clínica, não política pública. As políticas deveriam criar condições para que cada paciente seja avaliado dignamente e para que todos eles tenham o direito de receber todas as intervenções que encontrem respaldo na literatura técnica, e não apenas uma.

De minha parte, enquanto houver esperança vou investir. Sem privar o paciente de nenhuma intervenção. E nunca vou abandonar 

Alcoolismo e participação familiar.

A TRIBUNA Mato Grosso.

Considerada uma doença progressiva, incurável e em muitos casos fatal, porém tratável, o alcoolismo prejudica a vida não somente de quem consome a bebida, mas também dos que se relacionam com o dependente.

Caracterizado pela vontade incontrolável de beber, o alcoolismo é um fenômeno multifatorial que pode estar associado à predisposição genética, ansiedade, angústia e insegurança. “Tudo isso pode deixar a pessoa mais vulnerável à bebida. Além disso, condições culturais, fácil acesso ao álcool e os valores que cercam o consumo também influenciam a dependência”, alerta o terapeuta Márcio Belo, do Instituto Persona de Campinas.

O tratamento, segundo o terapeuta, pode envolver diversos profissionais de saúde como psiquiatras, psicólogos, terapeutas, educadores físicos, assistentes sociais e enfermeiros. “O reconhecimento da dependência e a vontade de querer mudar a situação são necessários para o início do tratamento. É claro que cada caso é um caso e por isso não existe um tratamento ideal e sim o melhor procedimento para um determinado caso, ou seja, o tratamento é personalizado”, explica.

A família, no entanto, é peça-chave tanto na prevenção do uso nocivo do álcool, como em casos nos quais o problema já está instalado. Belo conta que não são poucas as vezes em que o tratamento inicia-se pela família, principalmente porque o usuário de álcool não aceita seu problema, não reconhece que o uso de bebidas alcoólicas lhe traz consequências negativas ou está desmotivado para buscar ajuda profissional.“Um acompanhamento personalizado e dirigido aos familiares é importante para que todos compreendam a doença e seus desdobramentos, com orientações adequadas sobre qual a melhor forma de ajudar um ente querido e a si mesmo, já que a família também se torna codependente e começa a se organizar em torno do dependente”, orienta.

O tratamento, explica Belo, vai ajudar a acolher e a compreender o estresse emocional e a desesperança vividos por essa família devido a dependência. “A terapia ajudará a entender os papéis e o funcionamento dessa família e, através disso, buscará novas mudanças nessa dinâmica a partir de recursos que ajudarão a reorganizar e reestruturar o sistema e as relações familiares, com o objetivo de manter a família segura e menos ameaçada”, diz.Mais da metade das bebidas alcoólicas comercializadas no país (54%) é consumida por 20% das pessoas que bebem. O dado consta do 2° Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) divulgado em 2013 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em termos gerais, o estudo estima que 11,7 milhões de brasileiros são dependentes de álcool.

O levantamento, que ouviu 4.607 pessoas de 149 municípios do país, constatou um aumento de 20% na quantidade de brasileiros que consomem álcool uma vez ou mais por semana. Também houve aumento no número de pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool (quatro unidades para mulheres e cinco para homens) em um curto período de tempo (duas horas). Entre esses consumidores, essa forma de beber passou de 45%, em 2006, para 59% no ano passado.A pesquisa destaca o aumento do consumo de álcool abusivo entre as mulheres. A proporção das que passaram a beber uma vez ou mais por semana cresceu 34,5% em seis anos, passando de 29% para 39%. Outro indicador que demonstra esse comportamento nocivo é o que avalia o consumo de álcool em relação ao tempo.

As que ingerem quatro doses em até duas horas passaram de 36%, em 2006, para 49% no ano passado.Entre os fatores que podem explicar o crescimento desse modo nocivo de beber, está a ascensão econômica da população nos últimos anos. Belo alerta também para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre as mulheres. Para ele, esse aumento pode ser justificado por conta da diminuição das diferenças nos papéis de gênero. “A ascensão feminina no mercado de trabalho fez com que a mulher ocupasse o mesmo espaço do homem. A independência financeira feminina permitiu o aumento do consumo, inclusive, de bebidas alcoólicas por parte das mulheres”, analisa.

domingo, 23 de março de 2014


Rostos e Vozes da Recuperação.

Por muito tempo, as pessoas mais afetadas pelo álcool e outros problemas de droga foram ausente do debate público. Rostos e Vozes da Recuperação foi fundada em 2001 em uma Cúpula em St. Paul, Minnesota, o culminar de mais de dois anos de trabalho para fornecer o foco para uma força crescente de defesa entre as pessoas em recuperação a longo prazo da dependência de álcool e outras drogas , suas famílias, amigos e aliados.

Desde então, o movimento de recuperação de viciados explodiu - em os EUA e ao redor do mundo.

Em 2001, Rostos e Vozes da Recuperação adotou uma Declaração de Posicionamento do núcleo , que define os princípios para uma campanha nacional e elegeu um Comité Consultivo Campanha 22 membros para prover liderança para a campanha.

Os tempos mudaram. A comunidade de recuperação é unificar em torno de prioridades - para obter os recursos necessários e para acabar com a discriminação contra as pessoas em recuperação. Estamos a trabalhar para eliminar as barreiras para a recuperação de todo americano, de cada família e para ajudar as crianças de hoje e das futuras gerações, que muitas vezes são os maiores vencedores no processo de recuperação.

Durante todo os EUA, os defensores de recuperação foram duros no trabalho em campanhas locais e estaduais. Em 2003, Rostos e Vozes da Recuperação eleito um Comitê Diretivo da Campanha de 13 membros para dinamizar e revitalizar o seu trabalho e torná-lo mais ágil para a comunidade de recuperação. Em 2004, Rostos e Vozes da Recuperação foi incorporada e recebeu a designação IRS como uma 501 (c) (3) organização sem fins lucrativos. Em 2005, um Conselho de 21 membros de Administração foi eleito para aconselhar e orientar a campanha. O Projeto de Lei de Recuperação de Direitos foi lançado como Rostos e Vozes assumiu novas sucedidas campanhas , inclusive acabar com a discriminação de seguros de frente para as pessoas com o vício.

Os inovadores Nossas Histórias Tenha Recuperação de Energia formação Messaging Comunidade tem sido usado por dezenas de milhares de defensores para afiar suas habilidades como comunicadores de recuperação e entregar mensagens estratégicas na mídia, para os formuladores de políticas e o público em geral.

Vamos moldar o futuro da recuperação com um silêncio separado ou com uma voz apaixonada. - Bill White

Em 2011, com uma adesão crescente de mais de 25.000 pessoas e organizações, Rostos e Vozes celebrou o seu 10 º aniversário . O Conselho lançou o primeiro de uma série de Public Posição Política de papéis, em Discriminação , Advocacia de Recuperação de Justiça Criminal e Como defensores de recuperação pode continuar a defender a mudança .

O Conselho de Administração desenvolveu um Plano Estratégico 2011-2014 para refinar mais a direção estratégica da organização, com base em sucessos desde a sua fundação . Novas prioridades organizacionais incluído apoiar a crescente rede de organizações comunitárias de recuperação e desenvolvimento de um sistema de acreditação para as organizações que prestam serviços de apoio recuperação no mesmo nível .

O lançamento de The Anônimo Pessoas documentário em 2013 atingiu um acorde profundo com a comunidade de recuperação e Faces & Voices lançou uma nova campanha, ManyFaces1Voice.org com o cineasta Greg Williams para avançar o movimento.

Somos pais e mães, filhos e filhas, irmãos e irmãs, maridos e esposas, e amigos de pessoas recuperando sua saúde e vive através da liberdade do vício. Ao organizar e falar juntos, apoiar e dar esperança a pessoas que ainda estão lutando com o vício e para aqueles que encontraram o poder de recuperação a longo prazo. Junte-se a nós!

quinta-feira, 20 de março de 2014

MANIFESTO1m


VAMOS NOS UNIR E CONSEGUIR 01 MILHÃO DE ASSINATURAS NO “MANIFESTO CONTRA A LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL”.
Por favor, assine esta campanha http://chn.ge/1p91ce6 

As drogas pretendem tomar conta do Brasil! Tomemos cuidado!

A Maconha:

Para muitos a maconha é apenas uma erva, mas, uma erva perigosa, é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente no Brasil. O dado faz parte do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), primeira amostragem sobre o consumo da droga no Brasil.

A maconha é um alucinógeno, uma substancia perturbadora do sistema nervoso central. Que erva é essa que traz tantos prejuízos?

O usuário de maconha necessita de tratamento por vários motivos, para diversos usuários seu uso promove uma sensação de bem-estar, para outros efeitos euforizantes, redução da tensão, mas, através da revisão da literatura, percebe-se que o uso crônico da substância traz dependência, irritabilidade, problemas respiratórios, diminuição da coordenação motora, alterações da atenção, concentração e memória, síndrome amotivacional e em casos mais graves sintomas psicóticos [1].

Com a liberação da maconha, os usuários poderão fazer uso de outras substâncias, ou mesmo do chamado “mesclado” (a pedra quebrada em pequenos pedaços e misturadas com a maconha), sob alegação de que usaram e somente fazem uso da maconha, e aí?

 Tenho a impressão de que nenhum profissional da saúde defenda a liberação do uso de drogas, conhecendo os danos físicos e psíquicos que a droga proporciona, sem falar nas consequências sociais.

 O crack:

O crack é uma epidemia, algum brasileiro ainda tem dúvida?

 O consumo de cocaína e crack avançou rapidamente em nosso país, aumentando os números da violência e criminalidade. O usuário sem trabalho e sem dinheiro para a manutenção do vício passa a praticar assaltos e cometer outros delitos, ações criminosas, mas sempre com objetivo de conseguir a substância de sua preferência.

O Brasil é o maior mercado consumidor de crack do mundo, de acordo com o II Lenad (II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas) realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).  Nosso país é o 2º consumidor mundial de cocaína, mais de 6 milhões de brasileiros já usaram cocaína, crack, oxi ou merla.

O crack tem se tornado a droga mais destruidora de vidas e famílias na atualidade. Fumar o crack é a via mais rápida de fazer com que a droga chegue ao cérebro e provavelmente esta é a razão para a rápida progressão e para a dependência. Os prejuízos cognitivos do uso crônico do crack contribuem para o isolamento do indivíduo e a baixa adesão ao tratamento, além do que usuários de crack tendem a apresentar mais comorbidades e maior risco de suicídio [2].

Se as drogas forem legalizadas o Brasil vai ganhar a "MEDALHA DE OURO", nosso país em breve será o maior consumidor mundial de cocaína e seus derivados. No conceito mundial nosso país está fazendo parte das maiores potências em vários seguimentos, mas devido o desinteresse para a solução DEFINITIVA da questão, estamos caminhando, também, para essa degeneração que é o consumo de substâncias químicas. Que pena!

Porém ainda dá tempo para recuperarmos o tempo perdido, não basta órgãos isolados lutarem contra esse GIGANTE que é o TRAFICANTE, pois enquanto recuperamos uma boa parte dos usuários, os traficantes colocam em circulação outros tantos, e, o pior que a partir da infância.

 Como um pai ou uma mãe responsável, irá explicar a seu filho que o uso das drogas é prejudicial, caso sejam liberadas?

Vamos nos unir e conseguir 01 MILHÃO de assinaturas.

Participem do “Manifesto contra a Legalização das Drogas no Brasil”, juntos conseguiremos obter um ótimo resultado para o futuro, principalmente para os nossos jovens.

Por favor, assine esta campanha http://chn.ge/1p91ce6


Adriana Moraes – Psicóloga Especialista em Dependência Química GREA/USP – Colaboradora da UNIAD


MANIFESTO

MANIFESTO CONTRA A LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL.

Por uma Política Antidrogas moderna, humana e baseada em  evidências científicas

Por favor assine esta campanha: http://chn.ge/1p91ce6


Estamos diante do maior problema de Saúde Pública e de Segurança existente, hoje, no Brasil: a epidemia do uso de drogas. É tarefa de todos os brasileiros colaborar para que ela seja enfrentada e  reduzida. Nossa população, principalmente os milhões de jovens, mais vulneráveis a este mal devastador,  e suas famílias, podem e devem sonhar com um futuro melhor para todos!

As entidades, instituições e indivíduos  que subscrevem este documento uniram-se para manifestar à Nação sua  oposição à pretendida legalização das drogas em nosso país. Individualmente, somos cientistas, profissionais da saúde, parlamentares, religiosos, comunicadores, professores e sobretudo pais, preocupados com o risco inerente à decisão de se dar tratamento equivocado a uma gravíssima questão social. É o que vem acontecendo e é o que certamente se agravará com tal estratégia, simplista na forma e danosa nas consequências.

 1. A alarmante situação brasileira

 O consumo de drogas não é um mal que se restrinja somente aos usuários. As consequências sociais, psicossociais e econômicas do consumo de drogas se multiplicam muito além deles. No âmbito familiar, segundo dados recentemente divulgados pela Universidade Federal de São Paulo, para cada dependente de drogas ilícitas existem, em média, mais quatro pessoas afetadas de forma devastadora, comprometendo, em inúmeras dimensões, uma população de quase 30 milhões de brasileiros. No âmbito social, parte substantiva da violência a que está exposta nossa população guarda estreito vínculo causal com o consumo de drogas. E o consumo vem aumentando continuamente no Brasil, ao longo dos últimos vinte anos! O Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, entidade ligada à ONU, emitiu relatório informando que em apenas seis anos, entre 2005 e 2011, o consumo de cocaína, em nosso país, avançou de 0,7% para 1,75% da população na faixa etária entre 12 e 65 anos. Isso corresponde a uma adesão ao uso problemático e à dependência quatro vezes superior à média mundial e 25% maior que a média da América do Sul.

 Nesse cenário, há que sublinhar dois fatos irrecusáveis. De um lado, a enorme dificuldade, em todos os níveis de governo, de eleger e adotar políticas que sejam efetivas, quer na prevenção, quer no tratamento. De outro, essa ineficiência convive com verdadeiro lobby, muito bem organizado, difundindo a ideia de que a melhor solução seria a completa legalização de todas as drogas, começando pela maconha. Essa estratégia está muito evidente. Primeiro se descrimina o uso, depois o "pequeno tráfico", em seguida se legaliza a maconha para uso "medicinal" e recreativo, para finalmente legalizar todas as drogas.

 Faz parte desse lobby pela legalização, o argumento de que o álcool e o tabaco, não obstante causarem dependência e transtornos físicos e mentais, têm seu consumo legalizado. Então, concluem - "Por que não legalizar as demais drogas?". Ora, fazê-lo seria andar na contramão do bom senso e do que a experiência ensina em relação ao álcool e ao tabaco. Exatamente por sabermos que ambos são danosos à saúde dos indivíduos e à saúde pública, os signatários deste manifesto são favoráveis, também, ao aumento das restrições ao consumo dessas duas substâncias.

 A história do mundo, nos últimos 200 anos, é rica em exemplos de países que liberaram as drogas aqui consideradas ilícitas, e sofreram verdadeiras tragédias sociais. Todos voltaram atrás, sem exceção,  e aumentaram o rigor no seu enfrentamento. A redução do número de dependentes químicos e da mortalidade pela violência, só aconteceu nos países que trataram essa questão com muito rigor!

 2. Um debate falso e inútil

É preciso quebrar a polarização instalada no debate nacional e internacional sobre as melhores políticas a serem adotadas para o controle das drogas ilícitas. Os defensores da legalização creem que uma singela mudança legislativa seja o bastante para resolver tão complexo problema. Os que optam pela repressão pura e simples, defendem uma solução punitiva, dominantemente penal. Os primeiros querem só eliminar as penas. Os outros, só endurecê-las. E ambos parecem convencidos de que isso baste.

Não bastará. Nenhuma dessas duas abordagens, é suficientemente humana, realista, efetiva, ou se baseia nas melhores evidências científicas disponíveis. Vários países, como os Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Itália, estão trilhando uma “terceira via” em relação ao controle das drogas. Estabelecida a partir de evidências científicas, essa abordagem coloca ênfase na prevenção e no tratamento.

O Brasil precisa mudar o falso dilema em que se digladiam as atuais abordagens do assunto. Com esse intuito, propomos:

 3. Os 10 princípios de uma boa política antidrogas

1º - Os Direitos Humanos são parte fundamental dessa política. Os cidadãos, em especial as crianças, têm o direito de viver num ambiente seguro e livre de drogas, quer em sua família, quer na comunidade.

2º - A redução do consumo de drogas nas comunidades deve estar no núcleo dessa política. A melhor forma de reduzir os danos causados pelas drogas é reduzir o consumo. Em epidemias virais, o mais importante é diminuir rapidamente a circulação do vírus. Vale o mesmo para as drogas. Sem diminuir sua circulação nas ruas, os problemas só serão agravados.

3  - O Brasil é o único país do mundo que faz fronteira - gigantesca fronteira! - com todos os produtores de coca. Por isso, temos que ser muito mais rigorosos no controle que outros países, para podermos diminuir a circulação e a oferta dessa destruidora mercadoria. Aderir à facilidade de acesso ou dificultar a ação de combate ao tráfico agravará a situação e facilitará o aumento da disponibilidade. E o consumo, inevitavelmente, crescerá. Para isso o uso e o tráfico devem continuar sendo considerados crimes, e devem ser punidos. O primeiro com penas alternativas, que podem incluir medidas com as da Justiça Terapêutica, e o segundo com prisão prolongada.

4º - Uma boa política nacional em relação às drogas deve reconhecer que a dependência química é uma doença crônica do cérebro, que deve ser tratada e, antes disso, prevenida. Tanto a Saúde Pública quanto a Segurança Pública estabelecem ações complementares, necessárias e que devem estar presentes.

5º - As atividades de Prevenção, Tratamento e os Serviços de Recuperação, devem integrar-se no Sistema de Saúde pública. O SUS deve implementar práticas de tratamento baseadas em evidências. E deve abandonar de vez a "redução de danos" como política única, tanto para prevenção quanto para tratamento.

6º - Um plano de prevenção, municipalizado, deve proporcionar atendimento adequado. É indispensável que sejam criados programas específicos, para todas as crianças e adolescentes do país e, em especial, para grupos de risco, como são, por exemplo, os que abandonam precocemente a escola. Os profissionais da Saúde e da Educação devem estar plenamente capacitados para exercer atividades de prevenção e detecção precoce do uso.

7º - O que hoje é disponibilizado como sistema de tratamento é escasso e inadequado. Faz-se necessário abandonar a exclusividade dos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS-AD) como a única alternativa de tratamento. O SUS deve financiar clinicas de desintoxicação e as Comunidades Terapêuticas. O acesso ao tratamento de qualidade deve ser direito de todo usuário do SUS. Sem isso, precisamente as famílias mais carentes de recursos não têm como ser socorridas. As internações, voluntárias ou não, em locais adequados, com critérios médicos competentes devem estar disponíveis a quem necessite, na hora da necessidade.

8º - As famílias devem ter acesso a programas de orientação específicos, que proporcionem o conhecimento dos meios de prevenção ao uso de substâncias. Pais, mães, avós, chefes de família, devem ser os primeiros “agentes de prevenção”, a começar pelas substâncias lícitas, como álcool e tabaco. Além disso, devem estar previamente informados sobre como lidar se e quando algum de seus membros começar a usar drogas, bem como conhecer estratégias de desestímulo ao consumo. É imprescindível o suporte do poder público e das comunidades aos grupos de apoio que precisam tornar-se a primeira mão estendida para os familiares com problemas.

9º - O sistema de recuperação social, ou seja, o conjunto das ações que devem acontecer após a interrupção do uso não prescinde de amplo suporte estatal e social. São ações como as levadas a cabo por Igrejas no apoio à recuperação e reinserção social, e pelos grupos de ajuda mútua - Alcoólicos Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA), Amor Exigente (AE). Tal apoio precisa abranger a reabilitação profissional das pessoas em recuperação.

10º - A rede de pequenos e médios traficantes ampliou-se enormemente nos últimos anos. Faz-se urgente definir estratégias para desorganizá-la. Além das indispensáveis ações policiais e penais, é preciso, no âmbito de cada município, monitorar a ação dos pequenos traficantes. Os defensores da liberação confundem, intencionalmente, os pequenos traficantes com os usuários. Defendem a retirada da pena de prisão para os primeiros, alegando serem usuários que traficam para manter o vício. Ora, mais de 90% do tráfico que chega aos consumidores é levado pelo pequeno traficante. A rede de pequenos e médios traficantes ampliou-se enormemente nos últimos anos. Faz-se urgente definir estratégias para desorganizá-la. É preciso, no âmbito de cada município, monitorar a ação dos pequenos traficantes.

Se não for possível tirá-los das ruas, todo esforço para diminuir a oferta será inócuo. Esses pequenos traficantes devem ser internados em unidades prisionais especiais, com tratamento associado. Tirá-los da rua é essencial para desorganizar o tráfico e diminuir  a circulação das drogas.