MANIFESTO CONTRA A
LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL.
Por uma Política
Antidrogas moderna, humana e baseada em
evidências científicas
Por favor assine esta campanha: http://chn.ge/1p91ce6
Estamos diante do maior problema de
Saúde Pública e de Segurança existente, hoje, no Brasil: a epidemia do uso de
drogas. É tarefa de todos os brasileiros colaborar para que ela seja enfrentada
e reduzida. Nossa população,
principalmente os milhões de jovens, mais vulneráveis a este mal
devastador, e suas famílias, podem e
devem sonhar com um futuro melhor para todos!
As entidades, instituições e
indivíduos que subscrevem este documento
uniram-se para manifestar à Nação sua
oposição à pretendida legalização das drogas em nosso país.
Individualmente, somos cientistas, profissionais da saúde, parlamentares,
religiosos, comunicadores, professores e sobretudo pais, preocupados com o risco
inerente à decisão de se dar tratamento equivocado a uma gravíssima questão
social. É o que vem acontecendo e é o que certamente se agravará com tal
estratégia, simplista na forma e danosa nas consequências.
1. A alarmante situação brasileira
O consumo de drogas não é um mal que se
restrinja somente aos usuários. As consequências sociais, psicossociais e
econômicas do consumo de drogas se multiplicam muito além deles. No âmbito
familiar, segundo dados recentemente divulgados pela Universidade Federal de
São Paulo, para cada dependente de drogas ilícitas existem, em média, mais
quatro pessoas afetadas de forma devastadora, comprometendo, em inúmeras
dimensões, uma população de quase 30 milhões de brasileiros. No âmbito social,
parte substantiva da violência a que está exposta nossa população guarda
estreito vínculo causal com o consumo de drogas. E o consumo vem aumentando
continuamente no Brasil, ao longo dos últimos vinte anos! O Conselho
Internacional de Controle de Narcóticos, entidade ligada à ONU, emitiu
relatório informando que em apenas seis anos, entre 2005 e 2011, o consumo de
cocaína, em nosso país, avançou de 0,7% para 1,75% da população na faixa etária
entre 12 e 65 anos. Isso corresponde a uma adesão ao uso problemático e à
dependência quatro vezes superior à média mundial e 25% maior que a média da
América do Sul.
Nesse cenário, há que sublinhar dois fatos
irrecusáveis. De um lado, a enorme dificuldade, em todos os níveis de governo,
de eleger e adotar políticas que sejam efetivas, quer na prevenção, quer no
tratamento. De outro, essa ineficiência convive com verdadeiro lobby, muito bem
organizado, difundindo a ideia de que a melhor solução seria a completa
legalização de todas as drogas, começando pela maconha. Essa estratégia está
muito evidente. Primeiro se descrimina o uso, depois o "pequeno
tráfico", em seguida se legaliza a maconha para uso "medicinal"
e recreativo, para finalmente legalizar todas as drogas.
Faz parte desse lobby pela legalização, o
argumento de que o álcool e o tabaco, não obstante causarem dependência e
transtornos físicos e mentais, têm seu consumo legalizado. Então, concluem -
"Por que não legalizar as demais drogas?". Ora, fazê-lo seria andar
na contramão do bom senso e do que a experiência ensina em relação ao álcool e
ao tabaco. Exatamente por sabermos que ambos são danosos à saúde dos indivíduos
e à saúde pública, os signatários deste manifesto são favoráveis, também, ao
aumento das restrições ao consumo dessas duas substâncias.
A história do mundo, nos últimos 200 anos, é
rica em exemplos de países que liberaram as drogas aqui consideradas ilícitas,
e sofreram verdadeiras tragédias sociais. Todos voltaram atrás, sem
exceção, e aumentaram o rigor no seu
enfrentamento. A redução do número de dependentes químicos e da mortalidade
pela violência, só aconteceu nos países que trataram essa questão com muito
rigor!
2. Um debate falso e inútil
É preciso quebrar a polarização
instalada no debate nacional e internacional sobre as melhores políticas a
serem adotadas para o controle das drogas ilícitas. Os defensores da
legalização creem que uma singela mudança legislativa seja o bastante para
resolver tão complexo problema. Os que optam pela repressão pura e simples,
defendem uma solução punitiva, dominantemente penal. Os primeiros querem só
eliminar as penas. Os outros, só endurecê-las. E ambos parecem convencidos de
que isso baste.
Não bastará. Nenhuma dessas duas
abordagens, é suficientemente humana, realista, efetiva, ou se baseia nas
melhores evidências científicas disponíveis. Vários países, como os Estados
Unidos, Reino Unido, Suécia, Itália, estão trilhando uma “terceira via” em
relação ao controle das drogas. Estabelecida a partir de evidências
científicas, essa abordagem coloca ênfase na prevenção e no tratamento.
O Brasil precisa mudar o falso dilema
em que se digladiam as atuais abordagens do assunto. Com esse intuito,
propomos:
3. Os 10 princípios de uma boa política
antidrogas
1º - Os Direitos Humanos são parte
fundamental dessa política. Os cidadãos, em especial as crianças, têm o direito
de viver num ambiente seguro e livre de drogas, quer em sua família, quer na
comunidade.
2º - A redução do consumo de drogas
nas comunidades deve estar no núcleo dessa política. A melhor forma de reduzir
os danos causados pelas drogas é reduzir o consumo. Em epidemias virais, o mais
importante é diminuir rapidamente a circulação do vírus. Vale o mesmo para as
drogas. Sem diminuir sua circulação nas ruas, os problemas só serão agravados.
3
- O Brasil é o único país do mundo que faz fronteira - gigantesca
fronteira! - com todos os produtores de coca. Por isso, temos que ser muito
mais rigorosos no controle que outros países, para podermos diminuir a
circulação e a oferta dessa destruidora mercadoria. Aderir à facilidade de
acesso ou dificultar a ação de combate ao tráfico agravará a situação e
facilitará o aumento da disponibilidade. E o consumo, inevitavelmente,
crescerá. Para isso o uso e o tráfico devem continuar sendo considerados
crimes, e devem ser punidos. O primeiro com penas alternativas, que podem
incluir medidas com as da Justiça Terapêutica, e o segundo com prisão
prolongada.
4º - Uma boa política nacional em
relação às drogas deve reconhecer que a dependência química é uma doença
crônica do cérebro, que deve ser tratada e, antes disso, prevenida. Tanto a
Saúde Pública quanto a Segurança Pública estabelecem ações complementares,
necessárias e que devem estar presentes.
5º - As atividades de Prevenção,
Tratamento e os Serviços de Recuperação, devem integrar-se no Sistema de Saúde
pública. O SUS deve implementar práticas de tratamento baseadas em evidências.
E deve abandonar de vez a "redução de danos" como política única,
tanto para prevenção quanto para tratamento.
6º - Um plano de prevenção,
municipalizado, deve proporcionar atendimento adequado. É indispensável que
sejam criados programas específicos, para todas as crianças e adolescentes do
país e, em especial, para grupos de risco, como são, por exemplo, os que
abandonam precocemente a escola. Os profissionais da Saúde e da Educação devem
estar plenamente capacitados para exercer atividades de prevenção e detecção
precoce do uso.
7º - O que hoje é disponibilizado como
sistema de tratamento é escasso e inadequado. Faz-se necessário abandonar a
exclusividade dos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas
(CAPS-AD) como a única alternativa de tratamento. O SUS deve financiar clinicas
de desintoxicação e as Comunidades Terapêuticas. O acesso ao tratamento de
qualidade deve ser direito de todo usuário do SUS. Sem isso, precisamente as
famílias mais carentes de recursos não têm como ser socorridas. As internações,
voluntárias ou não, em locais adequados, com critérios médicos competentes
devem estar disponíveis a quem necessite, na hora da necessidade.
8º - As famílias devem ter acesso a
programas de orientação específicos, que proporcionem o conhecimento dos meios
de prevenção ao uso de substâncias. Pais, mães, avós, chefes de família, devem
ser os primeiros “agentes de prevenção”, a começar pelas substâncias lícitas,
como álcool e tabaco. Além disso, devem estar previamente informados sobre como
lidar se e quando algum de seus membros começar a usar drogas, bem como
conhecer estratégias de desestímulo ao consumo. É imprescindível o suporte do
poder público e das comunidades aos grupos de apoio que precisam tornar-se a
primeira mão estendida para os familiares com problemas.
9º - O sistema de recuperação social,
ou seja, o conjunto das ações que devem acontecer após a interrupção do uso não
prescinde de amplo suporte estatal e social. São ações como as levadas a cabo
por Igrejas no apoio à recuperação e reinserção social, e pelos grupos de ajuda
mútua - Alcoólicos Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA), Amor Exigente (AE).
Tal apoio precisa abranger a reabilitação profissional das pessoas em
recuperação.
10º - A rede de pequenos e médios
traficantes ampliou-se enormemente nos últimos anos. Faz-se urgente definir estratégias
para desorganizá-la. Além das indispensáveis ações policiais e penais, é
preciso, no âmbito de cada município, monitorar a ação dos pequenos
traficantes. Os defensores da liberação confundem, intencionalmente, os
pequenos traficantes com os usuários. Defendem a retirada da pena de prisão
para os primeiros, alegando serem usuários que traficam para manter o vício.
Ora, mais de 90% do tráfico que chega aos consumidores é levado pelo pequeno
traficante. A rede de pequenos e médios traficantes ampliou-se enormemente nos
últimos anos. Faz-se urgente definir estratégias para desorganizá-la. É
preciso, no âmbito de cada município, monitorar a ação dos pequenos
traficantes.
Se não for possível tirá-los das
ruas, todo esforço para diminuir a oferta será inócuo. Esses pequenos
traficantes devem ser internados em unidades prisionais especiais, com
tratamento associado. Tirá-los da rua é essencial para desorganizar o tráfico e
diminuir a circulação das drogas.
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