terça-feira, 27 de novembro de 2012


Licença médica por álcool e outras drogas bate recorde.

Segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 70% das pessoas que abusam de álcool estão inseridas no mercado de trabalho. De acordo com cálculos recentes do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), o Brasil perde por ano cerca de US$ 19 bilhões por absenteísmo, acidentes e enfermidades causadas pelo uso do álcool e outras drogas. O álcool é responsável por 50% das faltas ao trabalho.
Os profissionais mais suscetíveis à dependência alcoólica, segundo o relatório da OIT, são os trabalhadores em fundições, cozinheiros, profissionais do ramo de bares e restaurantes e os que atuam na construção civil, mas o vício pode ocorrer em todas as profissões e escalões. Nas últimas décadas, o consumo de álcool só tem aumentado no nosso país, em especial nos grupos de mulheres e de jovens.
O consumo de álcool e as licenças trabalhistas para tratar o alcoolismo e outras drogas cresceram 69% no Brasil. Março de 2012 fechou com um recorde histórico de licenças médicas concedidas para trabalhadores de todos os setores se tratarem de dependência química. As licenças por uso compulsivo de substâncias entorpecentes são crescentes e preocupantes. O álcool é a locomotiva do aumento, sendo a droga que mais aparece como responsável por afastar do trabalho, por mais de 15 dias, médicos, advogados, funcionários da construção civil, professores e todos os outros empregados com carteira assinada. Em seguida, problemas com cocaína, maconha e medicamentos calmantes são apontados como motivo para os afastamentos. No Encontro Nacional de Engenharia de Produção de 2004, já se discutia a importância dos programas de prevenção e do tratamento do alcoolismo nas organizações.
Cerca de 30 milhões de brasileiros são bebedores de risco. Sabemos que na fase produtiva de 20 a 50 anos o trabalho constitui o segundo grupo social do indivíduo e onde ele passa a maior parte do tempo. Daí mesmo a necessidade de se pesquisar o impacto do abuso do álcool e outras drogas nas empresas. Segundo a Associação Brasileira de Alcoolismo, cerca de 5% dos trabalhadores são alcoólatras, sendo a terceira causa de falta ao trabalho. Pesquisa de 2012 do Observatório do Crack da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que o álcool é o maior responsável pelas mortes.
Foram, ao todo, em cinco anos, 34.573 vítimas no território nacional. Aponta que há mais registros de morte de homens por álcool e fumo. Na comparação por unidade da Federação, os mineiros lideram os óbitos por álcool, com índice de 0,82 para cada 100 mil habitantes, seguidos pelos cearenses, com 0,77 mortes por 100 mil pessoas. Amapá é o estado com a menor taxa de mortalidade.
O aumento crescente no consumo de drogas pelos brasileiros repercute de forma devastadora na estruturação familiar e no desempenho profissional. Frente ao desafio, quantas empresas têm programa efetivo de prevenção do álcool e outras drogas? Segundo Cid Pimentel, do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência, há, hoje, uma maior sensibilização por parte das empresas em reconhecer a dependência química como uma doença e não mais como falha de caráter. Como o álcool é lícito e vendido livremente, pessoas pensam que é inofensivo e prazeroso. Mas, além de contribuir para o fracasso pessoal e profissional, a dependência leva a inúmeros problemas imediatos.
Qual tem sido a atuação do governo e das empresas em 2012 na prevenção dessa perigosa droga? Precisamos de políticas mais rígidas como as que se praticam nos EUA? Lícito e incentivado na mídia, o álcool é a droga que mais afasta do trabalho. Sem dúvida, torna-se urgente implantar políticas públicas preventivas eficientes antidrogas incluindo o álcool nas empresas. A percepção de sintomas etílicos, atrasos e baixa produtividade são essenciais para ação educativa nas empresas. Torna-se urgente regulamentar também os conteúdos e os horários das sedutoras propagandas de bebidas na mídia desmitificando o perigoso mito de que “beber é um mal menor”. Importante que o governo e a sociedade civil reconheçam que o álcool é também uma perigosa e devastadora droga.
» Vivina do C. Rios Balbino.
Psicóloga, mestre em educação, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil


quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Abandonar ou negligenciar pessoas portadoras de doenças mentais é uma prática já observada desde o período pós-renascentista.

Consultor Jurídico
Limite entre doença mental e violência desafia ciênciaVistos como ameaça à ordem social, tais pessoas eram marginalizadas e não raro recebiam o adjetivo de “loucas”.
Influenciado pelo Iluminismo, Phillipe Pinel (1745-1826) propôs diferenciar os doentes mentais das diversas outras patologias e posições sociais. Nesse momento a França vivia o ideário revolucionário: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O médico, então, compreendeu que tais pacientes necessitavam desta diferenciação, não somente por questões biológicas mas também psicológicas e sociais. (Facchinetti, 2008)

A partir dessa época, mudanças começaram a surgir como tratamentos farmacológicos, psicológicos, legislações referentes à saúde mental, classificação de todos os tipos de doenças, etc. Ainda assim, o que se percebe atualmente é que a doença mental permanece um assunto obscuro em uma sociedade ainda alienada.

O Doente Mental frente à Violência
Uma das principais questões que permeiam discussões entre profissionais da saúde e do direito é a diferença entre violência e doença mental.

O crescimento da violência urbana é uma das possíveis causas que contribui para discussão. É comum encontrar pessoas que acreditam que crimes como homicídios, latrocínios, sequestros, dentre outros, são cometidos por “loucos” que atacam a população “desvairadamente”. Crenças como essa certamente influenciam o pensamento de toda uma sociedade, o que não exclui juristas, médicos, psicólogos, legisladores, etc.

Conforme Taborda (2012), vale lembrar que há diversas “variações culturais que influenciam na construção do entendimento de violência” (p. 495)

Não se pode esquecer que a violência atinge diretamente o bem estar físico e psíquico da população e, desse modo, pode estar diretamente ligada aos diversos transtornos mentais diagnosticados. Para Serafim (2012), o termo periculosidade deve-se à associação entre violência e doença mental.

Periculosidade


Atualmente uma pessoa diagnosticada com transtornos mentais, ao cometer um crime, deverá ser avaliada conforme o artigo 26 do Código Penal, o qual prescreve:

“É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

Hoje, a medida de segurança está restrita apenas aos que, após perícia, são considerados inimputáveis. Em situações como essa, aos que demonstram periculosidade, o juiz possivelmente irá determinar a medida de segurança e encaminhará esse indivíduo para tratamento psiquiátrico em regime de internação, ou ambulatorial. O tratamento é fundamental para assegurar a integridade do indivíduo bem como da sociedade.

O termo periculosidade é considerado pelo direito penal como “a qualidade ou estado de ser ou estar perigoso e a condição daquele ou daquilo que constitui perigo perante a lei.” (Serafim, 2012, p. 190) A grande dificuldade é que ao classificar uma pessoa portadora de transtornos mentais como alguém perigoso para a sociedade pode transparecer certo preconceito, já que às doenças metais recai o estigma da violência.

Desafios
Atualmente entre os maiores desafios encontrados está compreender os limites entre doença mental e violência. A ciência permanece em estudo para tal, mas, conforme Serafim (2012), os desafios aos conceitos e métodos e a limitação das próprias ciências psicológicas e médicas dificultam ainda mais essa compreensão.

Peritos psicólogos e psiquiatras forenses devem identificar a vulnerabilidade do risco de violência em sua essência, avaliando se o indivíduo apresenta-se vulnerável ou se pode ser vulnerável a uma situação, mesmo não sendo portador de doença mental.

A vulnerabilidade é entendida hoje como uma condição instável e de fragilidade, a qual atinge cada indivíduo de maneiras e graus variados. Assim, cabe ao profissional avaliar quais os motivos para o ato, quais as influências para esse comportamento, o que compreende sobre sua ação, etc.

Deve-se, portanto, segundo o mesmo autor, solicitar a esses profissionais peritos investigações pertinentes, para que não haja nenhuma dúvida ou falha nas avaliações. Os exames psíquicos, sejam clínicos ou através de instrumentos, devem ser mencionados e adequados ao exame pericial. Laudos claros, concisos e, principalmente, que respeite a complexidade do caso, possibilita ao perito ser um auxiliar da Justiça e, conseqüentemente, suprir a dificuldade diante da dúvida.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

 
Leda Nagle: O crack e o tempo.
A foto dos cracudos pulando em cima de um carro na Avenida Brasil publicada nos jornais assusta pelo fato em si, pelo choque de realidade e por conta das muitas reações que desperta. A situação é dramática, todo mundo sabe. E fica ainda pior quando ninguém parece empenhado, verdadeiramente, em resolver a questão. Há os querem simplesmente eliminar os viciados, há os que defendem a internação compulsória, e ainda os que defendem o direito de ir e vir dos cracudos. De quem é ameaçado por eles, nos pontos de ônibus, no dia a dia das cidades não aparece ninguém para defender.


Psiquiatras, psicanalistas, antropólogos e dão entrevistas, defendem teses, debatem e criticam as soluções propostas. As autoridades apresentam propostas estapafúrdias que também só servem para alimentar ainda mais a discussão. Ou alguém realmente acredita que armas não letais e sprays de pimenta vão resolver esta questão? Ou simplesmente esconder os viciados, empurrar pra bem longe dos nossos olhos vai solucionar a situação? Ontem, num debate numa emissora de radio ouvi gente indignada dizendo que usaria a violência física, tipo olho por olho dente por dente, se um cracudo ameaçasse sua família ou seu veículo.

Mesmo sem apoiá-los como não compreender o sentimento deles? O medo é cada vez mais evidente e, pelos relatos que me chegam, as reações também podem fugir de controle a qualquer momento. E, antes, que vire uma guerra ou ocorra uma chacina é preciso achar uma saída. Esta situação não começou ontem, começou há tempos e ninguém levou a sério. E a questão crack me lembra quando o mosquito da dengue provocou as primeiras epidemias, nos anos noventa. Antes de fazer campanha, de encarar os fatos e buscar soluções acadêmicas, científicas ou educacionais para controlar o tal mosquito, discutiu-se, durante muito tempo se o mosquito era municipal, estadual ou federal. E perdeu-se, do mesmo jeito que está se perdendo agora, muito tempo antes de começar a atacar o problema.

Se, pelo menos, as autoridades se juntassem para buscar uma solução real, a curto, médio e longo prazo, a gente poderia atravessar esta fase imaginando que daqui a um tempo, mesmo que não seja o tempo ideal, teríamos uma solução decente e humana na tentativa de recuperação dos viciados e ,ao mesmo tempo, buscar um jeito de impedir que novas vítimas ficassem comprometidas com esta droga maldita, barata e, pelo que estamos vendo, muito fácil de conseguir. Precisamos ser rápidos porque enquanto todos discutem e opinam já apareceu uma nova droga, que mistura crack com maconha e, tudo leva a crer que a situação vai piorar.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Fernando Molica: A liberação do uso do crack.

O Dia - Rio de Janeiro

Rio - Parece até ironia. A proliferação do crack arrebentou, na prática, com a proibição do uso de substâncias ilícitas. A descriminalização do uso de drogas como a maconha ainda rende muita briga: alguns políticos chegam a associar a eventual liberação a uma espécie de atalho para o Juízo Final, organizadores de marchas favoráveis à causa tiveram que recorrer à Justiça para garantir o direito de expressar suas propostas.

Todos os dias, usuários de maconha e de outras drogas ilegais são detidos, levados a delegacias. Estão sujeitos a penas como advertência, prestação de serviços à comunidade e cumprimento de medidas educativas. Isso, se o juiz achar que a droga era para consumo pessoal. O tráfico (a lei fala também em “trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas”) gera até 15 anos de cadeia.
Ou seja, ao consumir algumas determinadas drogas ilegais, o usuário se arrisca a passar, no minímo, pelo constrangimento de ser levado para a delegacia. Isso, se antes não negociar sua, digamos, liberação extra-judicial com os responsáveis por sua detenção. Não tem jeito: pela lei, o policial é obrigado a largar seu serviço na rua, levar o cara para a delegacia e esperar a conclusão do registro de ocorrência.
Mas se o sujeito estiver, no meio da rua, fumando crack, droga que gera um altíssimo grau de dependência, será poupado do problema. Os consumidores maiores de idade ganharam uma espécie de habeas corpus preventivo. Não podem ser obrigados a fazer qualquer tipo de tratamento e conquistaram o direito de consumir a droga em espaço público. A polícia jogou a toalha, tem mais o que fazer. Não gasta energia correndo pelas ruas atrás de pessoas que não são criminosas; homens e mulheres drogados e que serão liberadas pouco depois do registro da ocorrência na delegacia.
Soluções não são simples. Cabe às autoridades reprimir a chegada e a distribuição da droga; é preciso também tentar impedir a degradação de tantas pessoas, não dá para lavar as mãos e garantir a esses dependentes o direito à morte. Mas seria bom pensar no tema drogas de maneira menos preconcebida. Afinal, vivemos numa sociedade que aceita e, basta ligar a TV, incentiva o álcool, droga legal cúmplice de tantas tragédias. O que não dá é achar normal prender um jovem com um cigarro de maconha e liberar os zumbis que vagam pelas esquinas.



terça-feira, 6 de novembro de 2012


Brasil um país castigado dependência química.


É um fato que as drogas se alastraram pelo mundo e que vem causando terror e horror nas famílias e lares que antes tinham base forte.
A indústria de drogas ilícitas movimenta 320 bilhões de dólares e mata até 200 mil pessoas em todo mundo e ainda é estimado que 5% da população de 15 a 64 anos, já experimentaram ou usaram alguma droga desse tipo, diz relatório publicado pela ONU.
O Brasil é um dos países que vem sendo castigado com o uso dessas substâncias, que causam a dependência química. Famílias estão se destruindo devido ao uso dessas substâncias, e a dependência química parece não haver solução, estamos fadados a esperar a morte de um ente querido, ou esquecer que nosso filho ou filha se retirou de casa para o uso e não sabemos se ele voltará. Às vezes esquecemos que grande parte dos dependentes químicos que vemos às ruas tem um lar ou algum lugar para ir, mas já não é aceito pelo perigo que ele leva a própria família.
Falta espanto na nossa sociedade, passamos a achar normais as situações de uso de drogas devido as quantidade que elas acontecem, vemos pessoas o tempo todo destruídos pelo crack, a dependência química destrói o sonho de um pai ser um pai, de uma família ser uma família, mas apenas nos desviamos os olhos do foco e pensamos que não podemos ajudar, damos umas desculpa, agimos com individualidade, o dever só vem a nós quando nos atinge de alguma forma.
Falta indignação, não podemos aceitar os filhos de uma nação tão cheia de alegria serem escravizados pela dependência química, temos que tirar a idéia que é impossível a recuperação, pois isso é a desculpa que usamos para conter as possibilidades da ajuda que possamos oferecer. A recuperação da dependência química existe, na verdade existem também pessoas que se comprometeram com a causa, pessoas que não aceitam essa realidade sórdida do uso de drogas, pessoas que resolveram tomar seus lares de volta, pessoas que acordam pensando qual a melhor maneira de ajudar uma pessoa que a dependência química roubou, existe mães, irmãos e filhos que entraram na briga contra a dependência química e não ajoelharam diante do que parecia óbvio.
Falta comprometimento, um pensamento não vale nada se não for movido por uma ação, às vezes a família fica paralisada, não te reação deixa o ente se autodestruir na esperança de que um dia ela possa voltar a ser o que era ou que pelo menos não extrapole. Uma esperança falsa, a doença da adicção é progressiva incurável e fatal, mas ela tem tratamento e pode ser detida. Hoje a recuperação é possível, existem várias pessoas que já tiveram problemas com drogas se livrarem da dependência química, pessoas que estão buscando uma nova forma de viver, pessoas que foram levadas a um tratamento que deram a ele uma opção, uma escolha, que a droga antes havia tirado.
Cabe a nós a não fazermos parte da massa, de pararmos o avanço das drogas em nosso país, cabe a nós incidirmos contra essas situação, não vamos deixar que nossos filhos e ou familiares morram junto a um percentual de números que incitam a dificuldade de recuperação, vamos buscar nosso milagre, vamos buscar hoje a recuperação não só para dependência química, mas também para nossa família, nosso município, nosso estado, nosso Brasil.

Clinica Vida Serena.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

 
Por que a dependência química é uma droga?
Há 6.000 anos já se fabricava cerveja na Mesopotâmia. Há 3.000 anos os sumérios cultivavam papoulas e fabricavam ópio. Desde que existe o álcool, existe o alcoolismo. Desde que existem drogas alteradoras do humor, existem os dependentes químicos.
Considerada durante milênios como fraqueza de caráter, a dependência química só foi reconhecida como doença na década de 1960. Primeiro, a Organização Mundial de Saúde definiu o alcoolismo como doença e logo depois estendeu esta classificação às outras drogas que alteram o humor.
Reconhecida como doença primária, não depende e não é consequência de outras doenças; ao contrário, o uso abusivo de álcool ou de drogas é que causa outras doenças. É uma doença que afeta o físico, o estado mental e as emoções. É crônica, progressiva e de terminação fatal, o que significa que se não for tratada causa a morte do indivíduo. Ocorre no mundo todo, geralmente numa taxa de mais ou menos 15% da população.
Por muito tempo o fator hereditário foi considerado o principal desencadeador, entre outros, dessa doença, mas hoje sabe-se que álcool, calmantes,drogas tradicionais e todas as novas drogas sintéticas que não param de aparecer precisam somente de quantidade e tempo de uso para que seja desenvolvida a dependência delas.
A sociedade geralmente faz uma grande diferença entre o alcoolismo e a dependência de outras drogas, legais e ilegais, mas a doença é a mesma, desenvolve-se do mesmo jeito, com os mesmos prejuízos sociais, familiares, emocionais e mentais, não importando qual o tipo de droga usada (sim, álcool é droga também). As poucas diferenças ocorrem na velocidade que a droga leva para causar prejuízos físicos e mentais, sendo que com o tempo todos os sistemas são afetados, assim como as relações familiares, sociais e de trabalho.
Mas, como é que decidiram então ser o consumo de drogas uma doença? Certamente não é só o médico ou o terapeuta olhar para o indivíduo e, pelo seu jeitão, concluir que é um dependente. Há critérios para o diagnóstico. É a ocorrência de pelo menos três destes sintomas, nos últimos doze meses, que determina se alguém sofre de dependência química ou não. Estes são os critérios listados pela Classificação Internacional de Doenças (CID), e valem eles para todo mundo, no mundo inteiro.
1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a droga.
2. Dificuldades em controlar o consumo da droga em termos de quando vai começar, quando vai terminar e de quanto vai usar.
3. Desejo persistente ou tentativa fracassada de diminuir o uso.
4. Tolerância: é a necessidade que a pessoa experimenta de aumentar cada vez mais a quantidade de drogas para obter o mesmo efeito.
5. Crise de abstinência: ocorre quando o uso é suspenso, ocorrendo então sintomas como tremor, ansiedade, irritabilidade e insônia.
6. Abandono progressivo de outras atividades. A pessoa passa a gastar boa parte do seu tempo na busca e no consumo das drogas e também para se recuperar de seus efeitos.
7. Apesar dos claros prejuízos físicos e psicológicos decorrentes do uso da droga, a pessoa persiste no uso.
Assim como a doença causada pelo abuso de drogas é a mesma, não importando qual a droga usada, o tratamento também segue o mesmo caminho. Existem alguns tipos de tratamentos, sendo o que utiliza uma grande quantidade de informação sobre a doença e sobre os efeitos emocionais da perda de controle do uso aliada a uma radical mudança de comportamento é o que mais alcança sucesso. Seja um dependente de álcool, de calmantes ou de crack, todos vão necessitar de abstinência, conscientização da doença e mudança de estilo de vida. A ajuda e o tratamento da família, que também é afetada, é muito importante para que se consiga alcançar sucesso.
*Verônica Barrozo do Amaral é terapeuta e conselheira em dependência química.