terça-feira, 28 de outubro de 2014



"AFIRMAR QUE FUMAR MACONHA PODE SER TRATAMENTO É UMA MANIPULAÇÃO ABSURDA"

Zero Hora - Por Osmar Terra

Segundo médico e deputado federal, usar drogas nunca foi nem será utilizada para tratar qualquer doença
Existe um movimento bem articulado para conquistar a legalização das drogas, hoje ilícitas, no Brasil. Ele se constitui num verdadeiro Partido Pró-Drogas, que se manifesta de maneira planejada e utiliza uma tática progressiva. O primeiro passo seria a descriminalização do uso, depois a liberação da maconha, e, logo após, a legalização de todas as drogas, deixando que o mercado regule seu uso. É uma cruzada que interessa a uma pequena, mas influente, parcela da sociedade, e que conta com parte da grande imprensa nacional. Essa parcela aglutina usuários que não querem correr riscos, filósofos da liberdade individual acima de tudo e poderosos interesses comerciais.
Na última edição do caderno PrOA, foi publicada uma entrevista com o diretor do filme Ilegal, Raphael Erichsen, na qual, a título de preocupação com o tratamento para doenças raras em crianças, o cineasta tenta justificar a liberação da maconha. Argumenta no filme que essas crianças deveriam ter o acesso ao “canabidiol”, molécula presente na composição da planta da maconha, para seu tratamento. Exibe o desespero de mães que buscam tratamento para seus filhos para, de forma sub-reptícia, passar a ideia de que então é importante legalizar a maconha (não só o canabidiol), para uso medicinal. Logo depois, por que não?, liberar seu uso recreativo.
O argumento central, mas dissimulado, é o de que existe uma molécula na droga, com efeito medicinal, e que por isso a droga é remédio e deveria ser liberada. Nada mais falso.
No cigarro de maconha, existem mais de 400 substâncias que causam danos à saúde. Uma delas, o THC, causa transtornos mentais agudos e crônicos, desencadeia a esquizofrenia, incurável, e transtornos de humor como a depressão, com risco maior de suicídio. É causa importante de interdição de adultos jovens. Reduz reflexos, a memória, a inteligência e a capacidade de trabalho. Seus usuários têm mais dificuldade de conseguir emprego e de chegar ao curso superior. Quando conseguem, ficam entre os mais baixos salários (conferir os estudos de Ferguson, D.M., 2013, e Ferguson D.M. & Broden, J.M., 2008).
Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre mostrou que a maconha é a droga mais envolvida em acidentes de trânsito com vítimas fatais, o álcool ficou em segundo lugar. (Pechansky e colaboradores, 2010). Além disso, a maconha causa dependência química, e quanto mais jovem o usuário, maior o risco. A dependência química também é uma doença incurável, e no caso da maconha, atinge 50% entre os que usam diariamente na adolescência (NIDA, 2010). Sem falar que a maconha usada hoje é uma variedade 10 a 20 vezes mais potente que a maconha de 15 anos atrás. Segundo a UNDOC, órgão da ONU, 83% dos dependentes de crack e heroína começaram nas drogas ilícitas com a maconha. Estudos da Fundação Britânica de Pneumologia (2012) mostram que o cigarro da maconha causa mais câncer de pulmão nos seus usuários que o de tabaco.
Um dos maiores psiquiatras brasileiros, Valentim Gentil Filho, professor titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP escreveu em artigo para a edição número 148 da Scientific American (de setembro de 2014): “Um dos possíveis facilitadores dessa atitude liberalizante em relação à cannabis é que seus efeitos agudos e transitórios sempre chamaram mais a atenção que as ações permanentes e irreversíveis. Talvez por isso se afirme que a maconha é menos prejudicial que o álcool e o tabaco. Na realidade, a discussão sobre drogas ilícitas tenta transmitir uma mensagem de segurança que as evidências absolutamente não justificam.”
Assim, afirmar que fumar maconha pode ser tratamento é uma manipulação absurda. Isso não impede, porém, que uma molécula da planta, como o canabidiol, não possa ter efeito benéfico em alguma doença rara. Se comprovado, ela deverá ser retirada da planta, isolada e utilizada para aquela finalidade específica, como um comprimido ou líquido. É muito diferente de fumar maconha “para se tratar”.
Só para lembrar, a morfina é uma substância derivada da papoula, a planta que produz a heroína. No entanto, é utilizada em casos específicos de dor intensa. A bradicinina é uma substância com excelentes resultados em hipertensão arterial e vem do veneno da jararaca. Mas ninguém receita injeção de heroína para tratar dor, nem picada de jararaca para “pressão alta”!
Uma coisa é usar determinada molécula de uma planta para fins medicinais, outra coisa é usar isso como desculpa para se drogar. Usar drogas nunca foi nem será tratamento para qualquer doença, muito pelo contrário.
Quanto à exploração emocional do sofrimento alheio, para empurrar de contrabando a legalização das drogas, mostra que o Partido Pró-Drogas não tem nem terá limites éticos ou morais para conseguir seu intento. Cabe ao restante da sociedade ficar alerta e contra-argumentar, quem sabe também com um filme, mostrando a relação verdadeira e direta da maconha e outras drogas com a destruição física e mental de milhões de brasileiros, história que bem poderia ser contada por suas famílias devastadas pelo sofrimento.


UM ALERTA PARA TOMAREM CUIDADO COM OS CHARLATÕES QUE APROVEITAM DA DOR E DESESPERO DA FAMÍLIA PARA TIRAR PROVEITO DIZENDO QUE ELES TEM O PODER DA CURA.

'Minha filha voltou para o crack logo depois', diz mãe que tentou a Ibogaína.

Jornal Folha de S. Paulo - MONIQUE OLIVEIRA DE SÃO PAULO.

Depois de muitas internações e tentativas, Creusa Oliveira dos Santos, 53, levou as duas filhas para uma clínica onde receberiam ibogaína para tratar a dependência em cocaína e crack, sem sucesso.
"Uma das minhas filhas, Mônica, 27, já tinha passado por quatro clínicas. Ela era dependente de cocaína e passou para o crack. Gastei muito dinheiro. Ela sumia por dias. Já a encontrei suja, no mato, debaixo da ponte. Não sabia mais o que fazer.
No Facebook, ouvi falar da ibogaína e entrei em contato com uma clínica em Arujá (SP). Eles me disseram que a planta tinha curado muita gente e que tirava a vontade de usar droga. Um homem me contou a experiência de anos de abstinência depois de usar todo tipo de coisa.
Eu achei que era a salvação para ela sair dessa vida. Levei a Mônica para a clínica e ela tomou duas doses. O tratamento custava R$ 5.000. Paguei R$ 3.000 no começo.
Depois de cinco dias, me informaram que ela estava ótima. Decidi levar a minha outra filha, Monaliza, 25, que estava se tornando dependente de cocaína, e meu primo, alcoólatra.
Vi que não ia ter como pagar o restante do tratamento da Mônica e dos outros dois. Passei o meu carro para a clínica. A Mônica foi pra rua procurar crack no mesmo dia que voltou. A minha outra filha e o meu primo voltaram para o vício cerca de 15 dias depois.
Sei que fui ingênua, mas é o desespero, né? Sou mãe. Agora, a Mônica está em uma outra clínica porque ela não pode ficar solta. Mas o dinheiro está acabando e a única solução que vejo é trancá-la em casa."

sexta-feira, 3 de outubro de 2014



AMBEV É MULTADA EM R$ 1 MILHÃO POR INFORMAR QUE CERVEJA ERA 'SEM ÁLCOOL'.

Fernando Moraes/Folhapress

A Ambev recebeu uma multa de R$ 1 milhão por informar, no rótulo e em propagandas, que a cerveja Kronenbier é "sem álcool". Na verdade, a bebida possui 0,3 grama de álcool para cada 100 gramas.
A decisão unânime é da 5ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. A ação foi movida pela Associação Brasileira de Defesa da Saúde do Consumidor.
Sobre a decisão, a Ambev afirmou, em nota, que não comenta casos em andamento.
Durante o processo, a empresa alegou que um decreto de 1997 classifica como bebida sem álcool toda aquela que tem menos de 0,5g de álcool a cada 100g, sem obrigatoriedade de trazer essa informação no rótulo do produto.
O desembargador substituto Odson Cardoso Filho, relator da apelação, considerou que esse decreto de 1997 não se sobrepõe ao que determina o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Ele citou riscos à saúde de consumidores que, impedidos de consumir álcool, acreditaram na informação da empresa e beberam seu produto sem imaginar as possíveis consequências.