O crack que ninguém queria ver.
terça-feira, 20 de março de 2012
domingo, 18 de março de 2012
A crônica de um menor viciado em crack.
Aumento do número de pessoas acima de 50 anos que usam a droga
preocupa médicos
Sandra Kiefer
Sandra Kiefer
domingo, 11 de março de 2012
O consumo da droga avança, mas
governo e entidades sociais enfrentam dificuldades para contê-lo. Ainda falta
informação sobre o problema.
ALMIRO MARCOS
Cigarro
x informação
|
Brasil se mantém como 2º maior
consumidor de cocaína do mundo
sexta-feira, 9 de março de 2012
Crack,
pedra no sapato dos governos.
Feita a partir da mistura de pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, uma forma impura de cocaína e não um subproduto, a fumaça produzida pela queima da pedra de crack chega ao sistema nervoso central em dez segundos devido ao fato de área de absorção pulmonar ser grande. Seu efeito dura de três a dez minutos, provocando euforia mais forte do que a cocaína, após o que produz muita depressão,levando o usuário a usar novamente para compensar o mal-estar, provocando intensa dependência.
O combate a esta droga nefasta requer a criação de uma força-tarefa que envolva as três esferas de poder. União, estados e municípios e que deve envolver equipes multidisciplinares que atuarão desde a repressão pelo aparato policial combatendo a entrada, distribuição e comercialização, ao atendimento médico e assistência psicológica aos dependentes químicos. O Governo lançou um plano nacional de combate às drogas, cuja metodologia deverá atuar de forma ostensiva nas fronteiras brasileiras, sobretudo na região norte, pela proximidade com a Bolívia, Perue Colômbia. Dados da Organização Mundial de Saúde revelam que,em 2008, os governos relataram a descoberta de 9.730 instalações clandestinas “laboratórios” envolvidas no processamento de coca, em comparação com 7.245 em 2007. Mais de 99% dos laboratórios foram localizados nos três países que cultivam a coca: Bolívia, Colômbia e Peru.
Nos últimos quatro anos, houve um aumento significativo no número de laboratórios de processamento de coca desmantelados nesses países e também em outras partes do mundo. Em 2008,a existência de laboratórios de cocaína também foi relatada em outros países da América do Sul,como Argentina , República Bolivariana da Venezuela, Chile e Equador.
Os governos de todo o mundo estão preocupados com o avanço do tráfico de drogas e que tem consumido uma parcela significativa dos orçamentos para o combate e a repressão a atividade ilícita. Há carregamentos de cocaína ocorrendo por via aérea a partir de diversos países sul-americanos (Brasil, Argentina, Uruguai,etc.), do Caribe (Antilhas Holandesas, República Dominicana, Jamaica, etc.) e de países da América Central (incluindo a Costa Rica) com destino à Europa. Os carregamentos também são enviados em pequenas aeronaves a partir da República Bolivariana da Venezuela ou do Brasil para diferentes destinos da África Ocidental.
A sociedade Civil precisa assumir a sua responsabilidade, pois o problema das drogas não é apenas dos governos ou dos viciados,é um problema de todos nós, da família, que deve ser a guardiã da estabilidade social e também das instituições religiosas que exercem uma influência muito grande nos costumes e cultura das pessoas. Depende de todos a mobilização por uma juventude sem drogas e por uma sociedade mais humana e fraterna.
Deputado federal e membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara dos Deputados
Beber, dirigir, morrer – por uma lei
seca baseada em evidências.
Enquanto a lei atual diz que é crime “Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas”, há um projeto no senado que pretende criminalizar “qualquer concentração de álcool”. Visando o endurecimento da lei, o projeto prevê também não ser necessária a realização de testes, como o bafômetro, bastando quaisquer meios que “técnica ou cientificamente, permitam certificar o estado do condutor”, ou mesmo “mediante prova testemunhal, imagens, vídeos”. (A Câmara dos Deputados queira aliviar um pouco, estipulando sanções administrativas se os níveis forem abaixo de 6 e mantendo crime apenas se for acima disso).
A história dos limites para beber e dirigir é paralela à história do tráfego urbano: no início do século XX começou a ficar claro que o álcool podia fazer da condução de veículos um risco inaceitável, e os parâmetros da proibição à época eram os sinais visíveis de embriaguez, como fala pastosa, incoordenação motora e desinibição ou agressividade. Foi a partir da década de 60 daquele século que iniciou-se a dissociação entre os sinais evidentes e a alcoolemia (nível de álcool no sangue), pois estudos indicavam que valores entre 50 e 100 mg/dl, embora não deixassem a maioria das pessoas bêbadas, já aumentava significativamente o risco de acidentes. Com o acúmulo de dados percebeu-se que a alcoolemia por si só não dizia muita coisa, sendo suas consequências diferentes conforme o sexo, a idade e a experiência dos motoristas. Assim, estima-se que 80mg/dl aumente em 9 vezes o risco de um acidente fatal em pessoas acima de 35 anos, mas eleve 34 vezes essa chance em homens com menos de 20 anos. Levando em conta tais nuances a maioria dos estados americanos, por exemplo, permite até 80mg/dl em adultos mas adota tolerância zero com menores de 21 anos. E conforme os estudos avançam mais se identificam alterações significativas com doses baixas de álcool: a capacidade de sustentar a chamada “atenção dividida”, fundamental para qualquer motorista, apresenta déficits a partir de meros 20mg/dl, e o aumento da probabilidade de um acidente é de 100% a partir de 50mg/dl (o que se atinge fácil com um único drinque). Quando estamos decidindo qual nível de álcool no sangue que vamos tolerar, portanto, estamos mesmo é escolhendo quanto aceitamos aumentar os riscos de mortes no trânsito.
A sociedade brasileira já decidiu não aceitar que ninguém beba nada antes de dirigir – não achamos que os goles valham os riscos. O que se discute agora é quanto um sujeito pode aumentar suas chances de provocar um acidente fatal para ser considerado criminoso (de acordo com os estudos, 120mg/dl – nível que o Senado quer zerar mas a Câmara quer manter – aumenta esse risco 196 vezes nos homens jovens).
Por fim, qual o valor das testemunhas ou outras provas para atestar a embriaguez? Infelizmente, mínimo. Os sinais inequívocos de bebedeira só começam a aparecer a partir de 150 mg/dl em média. Mesmo policiais e barmen erram 75% das vezes ao estimar a alcoolemia só pela observação. Ou seja, saber se alguém bebeu só de olhar é muito difícil, e mesmo que a pessoa esteja no criminoso nível de 120mg/dl isso pode tranquilamente não ser identificável a não ser por exames. Quer dizer que tentar resolver o problema da recusa ao bafômetro substituindo o teste por testemunhos, imagens ou vídeos não alivia muita coisa, pois o sujeito pode ser um enorme risco sem que isso seja notado. Não vi ninguém levantar essa lebre ainda, mas o código civil diz que a recusa a submeter-se a perícia pode “suprir a prova que se pretendia obter com o exame” – será que esse princípio não poderia valer para a lei seca?
Como disse, apresento aqui muito mais problemas do que soluções. Mas só iremos encontrar respostas precisas se soubermos as perguntas pertinentes, o que, me parece, tem faltado nesse debate.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Internação compulsória e direito à vida
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
Cada vez mais
mulheres são dependentes
No Caps AD da Regional I, dos 4 mil prontuários existentes, cerca de 500
são de mulheres usuárias de álcool
A dona de casa Maria Dolores (nome
fictício), 42 anos, ainda na infância, aos 12 anos de idade, foi apresentada ao
álcool. Desde então, foram anos ingerindo uma garrafa de cachaça por dia, ao
ponto de hoje apresentar problemas mentais em decorrência da bebida em excesso.
No caso de Maria Dolores, ela sofreu influência da própria família para cair no
vício, pois, desde criança, já convivia com pai e mãe dependentes do álcool.
A dona de casa tem três filhos, porém,
por ser alcoolista e sem conseguir realizar o papel de mãe, os dois filhos mais
novos se envolveram com drogas e, atualmente, um está na rua e o outro mora em
um abrigo. Ela conta somente com a ajuda de uma tia que paga o aluguel da casa
onde vive. "Comecei a beber por causa da vida que era dura pra mim. Diante
disso, eu perdi a minha casa, passei a morar na rua e perdi meus dois filhos. O
álcool é capaz de destruir a nossa vida e a daqueles que vivem próximos".
Quando se fala em dependência química,
a preocupação maior é com as drogas ilícitas, cocaína, maconha, crack, ecstasy,
entre tantas outras. No entanto, o grande inimigo está camuflado sob o manto do
socialmente aceitável: o álcool. E, na correria da contemporaneidade, o acúmulo
de tarefas faz com que as mulheres se tornem alvo fácil do alcoolismo.
Para se ter uma ideia, de acordo com
uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através da
coordenadoria de Saúde Mental, em 2011, a fim de refletir o perfil dos usuários
atendidos na rede de Caps, dos 90 prontuários analisados, 17 eram mulheres
dependentes de álcool, o que corresponde a 19% do total. Esse número cai para
14% dos atendimentos de mulheres usuárias de crack pelo mesmo serviço.
Segundo a terapeuta ocupacional e
coordenadora do Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas (Caps
AD) da Secretaria Executiva Regional I, Ticiane Neiza Sauders, em 2006, um ano
após o início do funcionamento da unidade, existiam apenas 205 prontuários
abertos e poucos pacientes eram do sexo feminino. Hoje, dos quatro mil
prontuários abertos, pelo menos 500 são de mulheres, o que mostra um aumento
bastante significativo.
Conforme ela, a maioria delas são
alcoolistas, ou seja, dependentes de álcool, sendo que grande parte dessas
mulheres têm entre 35 e 45 anos. As mais jovens, de acordo com coordenadora,
são usuárias de múltiplas drogas. Apesar do número de mulheres em busca de
ajuda ter aumentado, Ticiane Neiza ressalta que ainda existe uma subnotificação
a respeito da quantidade real de pessoas do sexo feminino envolvidas com
álcool, já que o preconceito e o estigma as afastam dos centros de tratamento.
Histórias
"Muitas chegam aqui contando que o viciado é o marido. Contam toda a história como se o protagonista fosse o esposo. E só depois de concretizado o vínculo confessam que a dependente química é ela", afirma Ticiane. Ainda conforme a terapeuta, o perfil dessas mulheres é diversificado. Existem umas que bebem por problemas na família, outras por dificuldades no trabalho, às vezes o marido é usuário de drogas, mas todas consomem a bebida com um único intuito: esconder-se dos problemas. "Muitas chegam em um estado crítico da doença e, por consequência disso, desenvolvem problemas mentais como psicose, transtorno bipolar, entre outros".
"Muitas chegam aqui contando que o viciado é o marido. Contam toda a história como se o protagonista fosse o esposo. E só depois de concretizado o vínculo confessam que a dependente química é ela", afirma Ticiane. Ainda conforme a terapeuta, o perfil dessas mulheres é diversificado. Existem umas que bebem por problemas na família, outras por dificuldades no trabalho, às vezes o marido é usuário de drogas, mas todas consomem a bebida com um único intuito: esconder-se dos problemas. "Muitas chegam em um estado crítico da doença e, por consequência disso, desenvolvem problemas mentais como psicose, transtorno bipolar, entre outros".
Segundo a coordenadora de Saúde Mental,
Álcool e Outras Drogas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Rane Félix, para
amparar essas mulheres, o órgão dispõe apenas de quatro das 12 vagas para
tratamento de dependência química na Santa Casa de Misericórdia, seis Caps AD e
20 vagas na comunidade terapêutica Leão de Judá.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Elas necessitam de tratamentos específicos
Nos últimos anos, vem acontecendo um grande aumento nos atendimentos às mulheres dependentes do álcool, nos grupos de autoajuda da Pastoral da Sobriedade, no Estado do Ceará. Em 2009, a grande parte das mulheres que procuravam os grupos de autoajuda eram por motivo da sua codependência (esposo ou filhos dependente do álcool ou outras drogas). Já nos dias de hoje, notamos uma grande procura por mulheres já acometidas da dependência.
Elas necessitam de tratamentos específicos
Nos últimos anos, vem acontecendo um grande aumento nos atendimentos às mulheres dependentes do álcool, nos grupos de autoajuda da Pastoral da Sobriedade, no Estado do Ceará. Em 2009, a grande parte das mulheres que procuravam os grupos de autoajuda eram por motivo da sua codependência (esposo ou filhos dependente do álcool ou outras drogas). Já nos dias de hoje, notamos uma grande procura por mulheres já acometidas da dependência.
As mulheres, apesar de serem mais
suscetíveis aos efeitos do álcool, não são mais vulneráveis ao desenvolvimento
da dependência. O risco é igual e depende da maneira como cada um se relaciona
com a bebida. A necessidade de haver tratamentos especiais para mulheres
alcoolistas se dá, principalmente, por causa do forte estigma sofrido pelas
mulheres. O estigma do qual falamos cumpre um papel importante.
Como a maior parte dos tratamentos
oferecidos é mista em relação ao gênero e a prevalência de homens é bem maior,
as mulheres não encontram espaço apropriado nesses serviços, sendo vítimas de
preconceitos dos próprios pares, encontrando dificuldades para endereçar suas
questões pessoais. Por isso, é imperioso levar em conta a necessidade de criar
tratamentos específicos para as mulheres que construam um espaço próprio que
atenda suas particularidades e as protejam de estigma.
Só um governo eficiente, ético, não
comprometido somente com interesses de grandes empresas, poderá diminuir essa
tão grave epidemia de alcoolismo no Brasil. Já que não pudemos evitar a crise
do setor hospitalar, que, pelo menos, possamos colaborar com ideias para conter
o avanço do alcoolismo. Para o controle é preciso a proibição da propaganda de
bebidas alcoólicas, pelo menos assegurar o cumprimento da Lei Seca, proibição
da venda de álcool a menores e punição severa ao comerciante infrator. Só
assim, haverá uma acentuada redução do uso abusivo do álcool não só no publico
feminino mais em geral.
Rogério Melo
Coordenador da Pastoral da Sobriedade/Ceará
Coordenador da Pastoral da Sobriedade/Ceará
´O álcool funciona como uma saída para
os problemas´
A sobrecarga de trabalho, além do papel tradicional que antigamente era de apenas cuidar da casa e dos filhos, a necessidade de estar sempre magra e saudável, a responsabilidade de ser um exemplo de mãe e ao mesmo tempo uma boa amante faz da mulher moderna um misto de emoções, diz o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Gomes de Matos. Diante disso, segundo ele, as pessoas do sexo feminino se inserem no universo do prazer imediato e encontram no álcool uma "saída" momentânea para os principais problemas.
A sobrecarga de trabalho, além do papel tradicional que antigamente era de apenas cuidar da casa e dos filhos, a necessidade de estar sempre magra e saudável, a responsabilidade de ser um exemplo de mãe e ao mesmo tempo uma boa amante faz da mulher moderna um misto de emoções, diz o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Gomes de Matos. Diante disso, segundo ele, as pessoas do sexo feminino se inserem no universo do prazer imediato e encontram no álcool uma "saída" momentânea para os principais problemas.
"A dependência do álcool começa
como se fosse uma diversão, uma espécie de inibidor cerebral. Acho que, para
reverter essa situação, seria fundamental desmistificar a história de que a
ingestão do álcool gera prazer e mostrar que causa a doença", ressalta o
psiquiatra. De acordo com ele, é essa ilusão que acarreta as doenças mentais,
aumento das doenças químicas e uma redução significativa na expectativa de vida
das mulheres, que chega a ser entre 10 a 15 anos a menos do que aquelas que não
ingerem bebida alcoólica.
Fábio Gomes de Matos destaca que dados
epidemiológicos mostram que, na década de 1960, a realidade era de cinco
dependentes de álcool do sexo masculino para uma do sexo feminino. Hoje,
conforme ele, esse dado é de três homens para uma mulher. "Atualmente, há
um crescimento visível da quantidade de mulheres alcoolistas e, diante disso, o
número de doenças como a depressão cresce, principalmente, entre mulheres de 30
e 40 anos. O álcool acaba com a vida da pessoa antes de matá-la
fisicamente", destaca.
Para a terapeuta ocupacional Ticiane
Neiza Saunders, muitas mulheres só procuram tratamento quando já estão muito
doentes. Mas ressalta que, antes de tudo, para que tenham uma boa recuperação,
é fundamental o apoio da família e boa vontade. "No começo, elas acham que
beber é legal e que tudo não passa de uma brincadeira, porém só vão notar que
estão doentes quando o estágio está avançado. Com o apoio da família é visível
a evolução do tratamento dessa mulheres", finaliza.
KARLA CAMILA
Gatilhos dos vícios
Janet Hoek, professora do Departamento de Marketing da Universidade de Otago e uma das principais autoras do estudo, diz que muitos “fumantes sociais” — pessoas que só sentem vontade de fumar quando saem para festas, reuniões ou ocasiões específicas — nem mesmo gostam de cigarro. “Praticamente todos disseram que fumam porque querem fazer parte do grupo ou porque não querem que um fumante da turma se sinta alienado quando ele ou ela precisa ir para fora do estabelecimento para fumar”, detalha Janet. Ter que se deslocar do local onde todos estão reunidos parece um esforço desnecessário para quem não tem uma grande dependência de nicotina.
Além das influências ambientais, como familiares e amigos fumantes ou locais propícios, uma pesquisa publicada em abril do ano passado na revista especializada Biological Psychiatry descobriu que certas combinações genéticas podem ser as responsáveis pelo vício em tabaco. Os adolescentes analisados no estudo que tinham variantes de dois tipos de genes relacionados à dopamina e aos codificadores de subunidades dos receptores nicotínicos colinérgicos tinham três vezes mais chances de tornarem-se fumantes regulares na adolescência e corriam duas vezes mais risco de continuarem tabagistas quando adultos.
Se você submete crianças a jogos e filmes violentos, isso estimula a agressividade de certas áreas cerebrais. Isso não quer dizer que influencia diretamente, mas há uma associação. Você induz a criança a agir daquela maneira. Antigamente, as pessoas eram muito influenciadas pelos atores e atrizes de Hollywood. Fumar era considerado charmoso, uma coisa chique. As pessoas viam os atores como se eles fossem mais importantes, e muita gente começou a fumar por causa disso, para imitá-los.
Sim, muitas crianças são inclusive iniciadas pela própria família. Já vi alguns casos de pais que até incentivam os filhos a beber. A propaganda também incentiva muito. Quanto mais ela acontece, mais o vício se instala. E as propagandas estão ficando cada vez mais incisivas. As de cerveja, em que as pessoas “louvam” a bebida, são um exemplo disso: as empresas estão apelando para que as pessoas não resistam às drogas, como cigarro e bebida. O cinema é um dos recursos apelativos da propaganda, já que é muito fácil que aconteça a identificação com esses ídolos. Aí, há um comportamento iniciativo, um estímulo a fazer também.
Cada fumante social tem seu próprio processo. Algumas pessoas acham que é bonito, charmoso. Já ouvi de algumas pessoas que fumar dá um certo status, que faz com que elas se sintam diferentes dos outros. Mas isso não tem nada a ver. Certos indivíduos se apegam a coisas pouco significativas, como essas. No caso dos fumantes sociais, estar em uma roda em que só eles não fumam faz com que eles se sintam diminuídos e pensem que são consideradas menos importantes. Elas não percebem que, fugindo do modismo, demonstrariam personalidade. As pessoas acham que isso é bonito, mas o ideal é conseguir resistir ao que é modismo e afirmar a própria identidade sem que ela precise ser galgada na intimidação do comportamento dos outros. É mais difícil manter princípios e valores do que “seguir a onda”.
As meninas no tráfico
» LILIAN TAHAN
» ALMIRO MARCOS
Os casos que param nas estatísticas judiciais muitas vezes são acompanhados de perto pelas instituições e entidades ligadas à questão das drogas entre crianças e adolescentes no DF. O órgão oficial que faz essa assistência é o Centro de Pesquisa, Capacitação e Atenção ao Adolescente e Família (Adolescentro). É responsável por fazer o acolhimento e avaliar as necessidades de usuários, oferecendo terapias e fazendo acompanhamento clínico, psiquiátrico e psicológico.
A internação compulsória é tratada por alguns especialistas no enfrentamento do crack como uma medida necessária para conter o uso da droga. Mas a medida demandaria a existência de clínicas de recuperação mantidas pelo governo. O assunto começou a ser debatido no Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados tem hoje quatro proposições em andamento relacionadas com a internação imediata para tratamento de viciados. Todas deram entrada entre o ano passado e o início de 2012, justamente quando o consumo do crack cresceu no país.
Sara* precisou mudar de país para fugir do crack, do namorado traficante e da morte. De tanto inalar a droga — em geral, os usuários fumam —, a jovem, hoje aos 22 anos, perdeu toda a cartilagem do nariz. “Eu não queria estragar os meus dentes, então cheirava a pedra. Entrava rasgando”, conta. Ela começou a usar drogas aos 12 anos, por curiosidade e para se integrar com os amigos mais velhos. Dona de uma personalidade forte, dizia à mãe que o uso do crack era uma opção. Mas precisou fugir da Colômbia para tentar se livrar da droga. A família veio para o Brasil para internar a menina em uma clínica e afastá-la de um relacionamento problemático. Há cinco anos, a jovem começou o tratamento. Teve duas recaídas, mas agora tenta se recuperar ajudando outros moças como ela a descobrir a beleza da vida sem as drogas.
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