Licença médica por álcool e outras drogas bate recorde.
Segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 70% das pessoas que abusam de álcool estão inseridas no mercado de trabalho. De acordo com cálculos recentes do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), o Brasil perde por ano cerca de US$ 19 bilhões por absenteísmo, acidentes e enfermidades causadas pelo uso do álcool e outras drogas. O álcool é responsável por 50% das faltas ao trabalho.
Os profissionais mais suscetíveis à dependência alcoólica, segundo o relatório da OIT, são os trabalhadores em fundições, cozinheiros, profissionais do ramo de bares e restaurantes e os que atuam na construção civil, mas o vício pode ocorrer em todas as profissões e escalões. Nas últimas décadas, o consumo de álcool só tem aumentado no nosso país, em especial nos grupos de mulheres e de jovens.
O consumo de álcool e as licenças trabalhistas para tratar o alcoolismo e outras drogas cresceram 69% no Brasil. Março de 2012 fechou com um recorde histórico de licenças médicas concedidas para trabalhadores de todos os setores se tratarem de dependência química. As licenças por uso compulsivo de substâncias entorpecentes são crescentes e preocupantes. O álcool é a locomotiva do aumento, sendo a droga que mais aparece como responsável por afastar do trabalho, por mais de 15 dias, médicos, advogados, funcionários da construção civil, professores e todos os outros empregados com carteira assinada. Em seguida, problemas com cocaína, maconha e medicamentos calmantes são apontados como motivo para os afastamentos. No Encontro Nacional de Engenharia de Produção de 2004, já se discutia a importância dos programas de prevenção e do tratamento do alcoolismo nas organizações.
Cerca de 30 milhões de brasileiros são bebedores de risco. Sabemos que na fase produtiva de
Foram, ao todo, em cinco anos, 34.573 vítimas no território nacional. Aponta que há mais registros de morte de homens por álcool e fumo. Na comparação por unidade da Federação, os mineiros lideram os óbitos por álcool, com índice de 0,82 para cada 100 mil habitantes, seguidos pelos cearenses, com 0,77 mortes por 100 mil pessoas. Amapá é o estado com a menor taxa de mortalidade.
O aumento crescente no consumo de drogas pelos brasileiros repercute de forma devastadora na estruturação familiar e no desempenho profissional. Frente ao desafio, quantas empresas têm programa efetivo de prevenção do álcool e outras drogas? Segundo Cid Pimentel, do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência, há, hoje, uma maior sensibilização por parte das empresas em reconhecer a dependência química como uma doença e não mais como falha de caráter. Como o álcool é lícito e vendido livremente, pessoas pensam que é inofensivo e prazeroso. Mas, além de contribuir para o fracasso pessoal e profissional, a dependência leva a inúmeros problemas imediatos.
Qual tem sido a atuação do governo e das empresas em 2012 na prevenção dessa perigosa droga? Precisamos de políticas mais rígidas como as que se praticam nos EUA? Lícito e incentivado na mídia, o álcool é a droga que mais afasta do trabalho. Sem dúvida, torna-se urgente implantar políticas públicas preventivas eficientes antidrogas incluindo o álcool nas empresas. A percepção de sintomas etílicos, atrasos e baixa produtividade são essenciais para ação educativa nas empresas. Torna-se urgente regulamentar também os conteúdos e os horários das sedutoras propagandas de bebidas na mídia desmitificando o perigoso mito de que “beber é um mal menor”. Importante que o governo e a sociedade civil reconheçam que o álcool é também uma perigosa e devastadora droga.
» Vivina do C. Rios Balbino.
Psicóloga, mestre em educação, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil