segunda-feira, 23 de abril de 2012


Doença do alcoolismo.
Diário de São Paulo
No ano passado, o BOM DIA mostrou, em reportagem especial, que o consumo de álcool entre as pessoas que estão na terceira idade cresceu assustadoramente nos últimos anos. Uma pesquisa apontava que o abuso do álcool estava presente em todas as classes econômicas, não apenas em idosos pertencentes a camadas mais pobres.
Além dos males clínicos à saúde, o alcoolismo também provoca graves problemas sociais, de relacionamento com a família e com os amigos. E, nos idosos, as consequências do uso em excesso de bebida alcoólica são ainda maiores, já que aumenta o risco de quedas, traz desnutrição, provoca o aumento da pressão arterial e ainda pode desencadear uma série de doenças cardiovasculares.
Isso sem falar que pessoas da terceira idade, geralmente, fazem uso de medicamentos – e a mistura desses remédios com o álcool pode ser altamente prejudicial ao organismo.
Hoje, o BOM DIA traz novamente uma reportagem sobre o assunto e com mais uma constatação perigosa: cada vez mais as mulheres estão abusando das bebidas alcoólicas. Se, há 15 anos, a proporção era de consumo de álcool era de uma mulher para cada cinco homens, hoje, segundo pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, é de uma mulher para cada 1,2 homens. Nos Alcoólicos Anônimos de Bauru, por exemplo, elas já representam 30% do grupo.
E tem mais um dado, no mínimo, preocupante, revelado por esta pesquisa. Se, no universo masculino, quanto menor o grau de instrução, maior o risco de cair no alcoolismo, entre as mulheres ocorre o inverso: quanto mais estudadas, mais as meninas têm tendência a beber. O problema é claro: o metabolismo do álcool nas mulheres, segundo o médico Drauzio Varella, colunista do BOM DIA, não é igual ao dos homens. Isso significa que se for administrada, para dois indivíduos de sexos opostos, a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue.
O problema do alcoolismo é um problema social, de saúde pública, e deveria receber uma atenção especial de todos. Não se trata mais de um problema esporádico, que ocorre longe, nos botecos mais escondidos da cidade, apenas com pessoas de classes sociais mais baixas, que não têm oportunidades de uma vida melhor.
Este é um mal que não faz mais distinção de idade, sexo ou poder aquisitivo. Acontece ali, ao seu lado, muitas vezes dentro da nossa própria casa, e precisa ser combatido por todos, com conversa, esclarecimentos e ajuda profissional. Não dá para deixar que só campanhas educativas mudem esse panorama.

domingo, 22 de abril de 2012


O drama de cair na real e pedir ajuda.

Daniela Penha

Vergonha em admitir alcoolismo e demora em procurar por um profissional agravam problemas do álcool Daniela Penha

Aos 66 anos, Ana (nome fictício) foi convencida a procurar ajuda. Após mais de 20 bebendo todos os dias, ela perdeu as contas das vezes que foi encontrada pela família em sarjetas ou porta de bares. “Eu ficava caída, cheguei a me machucar várias vezes”. Ainda está pagando as contas que fez em botecos do seu bairro e até mesmo do bairro vizinho. “Eu ia comprando. Não pensava em nada. Agora, pago um pouco por mês.”
Ela já era divorciada quando começou a beber. Quem tentava ajudá-la era uma irmã e os filhos. Mas todos se cansaram e acabaram se afastando de Ana.
Há seis meses, depois de muita conversa e tentativas frustradas, a irmã conseguiu trazê-la para o Alcoólicos Anônimos. Por que demorou tanto a procurar ajuda? Ana não demora em responder. “Eu tinha vergonha. Ser mulher alcoólatra é muito triste.”
Um dos coordenadores dos Alcoólicos Anônimos, que já está há 29 anos no grupo, diz que essa vergonha é comum entre as mulheres. “Elas demoram mais para pedir ajuda.”
O psicólogo Cláudio Marcio Salviano e a psicóloga dos Caps AD Valéria Moron Perri Gomenez também concordam com a opinião do coordenador.
Valéria diz que há mulheres que continuam levando a vida, criam os filhos e só vão cuidar de si quando já são idosas. Tanto ela quanto Cláudio atendem pacientes com essas características. “Existe uma vergonha social muito grande e, além disso, também há dificuldades em se encontrar centros de tratamento especializados em mulheres, já que o aumento de mulheres alcoólatras é recente.”
Eles explicam que essa demora em procurar ajuda só tende a agravar a situação.
O organismo da mulher recebe o excesso de álcool de maneira muito violenta e elas ficam ainda mais suscetíveis do que os homens a desenvolver problemas de saúde. “O metabolismo da mulher digere o álcool de maneira muito mais rápida do que o dos homens. Além disso, a mulher convive com diversas questões hormonais, muito mais complexas do que o homem”, diz Cláudio.
Assim, ele explica que as mulheres que bebem abusivamente e por muito tempo, como é o caso de Ana, têm mais probabilidade a desenvolver problemas no fígado cardiovasculares, osteoporose, câncer e, até mesmo, distúrbios psíquicos.

sábado, 7 de abril de 2012



Dependente de drogas poderá ser tratado contra sua vontade.

Capital News

Projeto de lei do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) quer tornar compulsória a internação de usuários de drogas ilícitas, independente de sua idade, desde que solicitado pela família, responsável legal ou pelo Ministério Público, quando comprovada a necessidade do tratamento ou conveniente à ordem pública.


A medida já foi alvo de polêmicas discussões quando defendida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e se contrapôs à visão de especialistas que dizem não haver fundamentação científica que justifique a internação. Segundo o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveria, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (USP), "as internações compulsórias, feitas no passado, além de muito traumáticas, mais de 90% recaem no uso da droga quando saem da internação. Então, na verdade é uma falsa medida de ajuda, mas para que um dependente se trate você precisa partir do pressuposto da motivação dele", afirma.

Já Wadson Damasceno, do serviço de atendimento ao usuário de drogas do TJDF, entende a Lei como sendo algo positivo, um último recurso , uma forma de salvar uma vida. “O sujeito lá internado vai ter a possibilidade de escolher depois se ele quer ou não continuar o tratamento" contrapõe Wadson.

Abordar a direção sob o efeito de drogas para prevenir mortes nas estradas.

UNODC

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1.3 milhão de pessoas no mundo morrem nas estradas todos os anos. Cerca de 50 milhões sofrem ferimentos e muitas ficam descapacitadas para o resto da vida. Noventa por cento das mortes em estradas ocorrem em países em desenvolvimento.

Mais preocupante ainda é que a previsão é de que esses números aumentem na medida em que os países em desenvolvimento vêm registrando cada vez mais o uso de automóveis.
Apesar de o álcool ser de longe a substância psicoativa mais utilizada e que conta com mais registros entre os motoristas, existe uma crescente preocupação com os relatos cada vez mais frequentes de mortes nas estradas relacionadas ao uso de medicamentos ou drogas ilícitas. É sabido que as drogas, inclusive aquelas prescritas por médicos, podem prejudicar a percepção, o julgamento e as habilidades motoras e da memória todas essenciais para uma direção segura e responsável.
Em reconhecimento desse problema emergente, em 2011, a Sessão da Comissão de Drogas Narcóticas (CND) aprovou a Resolução 54/2 que reconhece a importância de uma abordagem coordenada para tratar das consequências para a saúde e para a segurança pública da direção sob o efeito de drogas, por meio de estudos com base científica e esforços conjuntos. A resolução destacou a natureza internacional do problema e a necessidade de se trabalhar conjuntamente na procura de soluções. Em evento paralelo durante a CND de 2012, delegações discutiram os avanços alcançados e os resultados do 1º Simpósio Internacional sobre 'direção prejudicada por causa do uso de drogas', realizado em Montreal, no Canadá no ano passado.
A Resolução da CND segue a proclamação de março de 2010 da Assembleia Geral das Nações Unidas de declara o período de 2011-2020 como a Década de Ações para a Segurança nas Estradas. Esta proclamação registra o crescente problema que a segurança nas estradas representa, particularmente em países em desenvolvimento e inclui como um dos pilares de ação um chamado para usuários de estradas mais seguros. Este objetivo será alcançado, entre outras coisas, por meio do desenvolvimento de programas abrangentes de segurança nas estradas, aplicação ou ampliação da legislação e das normas, aumento da conscientização da população e programas educativos para estabilizar e logo reduzir os índices globais previstos de mortes nas estradas até 2020.
Em comparação com a direção sob os efeitos do álcool, as pesquisas sobre direção sob os efeitos de drogas estão apenas começando. Estudos na América do Norte e na Europa tentam quantificar os riscos de dirigir sob os efeitos de drogas, mas são poucos os estudos globais a respeito. Ainda faltam dados consistentes e comparáveis sobre a natureza e a abrangência do uso de drogas por motoristas para conseguir desenvolver políticas e programas que possam ser compartilhados entre os países como uma forma efetiva de prevenção.
A Resolução da Comissão de Drogas Narcóticas encoraja todos os Estados Membros a apoiarem os esforços nacionais e internacionais de coleta de dados sobre prevalência global, conforme estabelece a legislação de proteção de dados relevantes, e a desenvolverem opções eficazes de testagem nas estradas para verificar a direção sob o efeito de drogas, sempre de acordo com o marco legal de cada país.
A aplicação da lei tem um papel crítico na redução da direção sob o efeito de drogas, e é preciso ampliar o treinamento de oficiais da lei sobre como reconhecer os sinais e sintomas de outras drogas que não o álcool.
Tão importante quanto a coleta de dados e a capacitação para a aplicação da lei é a necessidade de conscientizar e educar as pessoas sobre os perigos de dirigir sob o efeito de drogas. Enquanto existem inúmeras campanhas alertando as pessoas sobre os perigos de dirigir sob os efeitos do álcool, são poucas as campanhas até o momento que abordam diretamente os riscos de dirigir depois de consumir drogas.
"Precisamos desenvolver mensagens específicas e de efeito para cada grupo de pessoas, já que a direção sob o efeito de drogas se refere a grupos demográficos diferentes, tais como a juventude que fuma maconha enquanto dirige, ou motoristas mais velhos que podem estar tomando medicamentos de prescrição por diferentes motivos", disse Michel Perron, diretor do Centro Canadense sobre o Abuso de Substâncias (CCSA). O CCSA trabalha para oferecer liderança nacional e análises com base científica e consultoria para promover esforços na redução de danos relacionados ao álcool e outras drogas. O CCSA foi um dos organizadores do 1º Simpósio Internacional sobre 'direção prejudicada por causa do uso de drogas', realizado no Canadá em Julho de 2011.
O UNODC vai trabalhar para incorporar a conscientização sobre o assunto de segurança pública de dirigir sob o efeito de drogas nos próximos programas de apoio, que devem incluir conscientização sobre a situação legal, métodos de aplicação da lei e os riscos reais de dirigir sob o efeito de drogas para os motoristas e o público em geral.
O UNODC também vai trabalhar junto aos Estados Membros no desenvolvimento de respostas nacionais para abordar a direção afetada pelo uso de drogas, por meio de levantamentos e o monitoramento da magnitude desse fenómeno em nível nacional e por meio da troca de informações e boas práticas de respostas eficazes.

O essencial é a aplicação da Lei Seca.

O Globo

Blitzes inibem abusos e reduzem número de mortes no trânsito

A decisão do Superior Tribunal de Justiça de restringir ao resultado do teste do bafômetro ou de exame específico de sangue a prova de embriaguez em processos criminais contra motoristas flagrados dirigindo após a ingestão de bebida alcoólica, deve ser analisada exclusivamente dentro dos limites constitucionais. A Corte, no seu papel de guardiã da Constituição, pronunciou-se para dirimir dúvidas sobre a aplicação da Lei Seca, especificamente interpretações que permitiam arrolar como instrumentos de acusação também exames clínicos e testemunhas que atestassem o estado de ebriedade do condutor. Ao fazê-lo, consagrou o princípio, assegurado na Carta, de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Ou seja, ainda que tenha de fato bebido, o motorista não pode ser coagido a fazer os testes de comprovação.

Se, como tem sido dito, a interpretação do STJ enfraquece a Lei Seca, tolhendo-lhe o princípio coercitivo fundamental para desestimular a irresponsabilidade de quem mistura direção com álcool, esta é uma questão que deve ser tratada no âmbito legislativo. Neste sentido, são positivos os movimentos do Congresso para aperfeiçoar os dispositivos legais que tratam especificamente da repressão aos abusos cometidos no trânsito sob o efeito de embriaguez.

Há projetos em tramitação no Legislativo que parecem capacitar de maneira mais eficiente o poder público na guerra contra a irresponsabilidade ao volante. Um, do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), autor da proposição original da Lei Seca, amplia o leque de provas aceitas em processos criminais além do bafômetro e do exame de sangue, que podem ser recusados pelo condutor, também valerão para efeitos de incriminação o testemunho e imagens colhidos no local de infração. Igualmente, dobra o valor da multa aplicável ao motorista sob efeito do álcool.
Essa proposta (PL 3559/12) deve ir ao plenário da Câmara já na próxima semana. Outro projeto, assinado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), propõe tolerância zero no limite de álcool encontrado no sangue do infrator e endurece as penas a serem aplicadas em caso de condenação por delitos de trânsito decorrentes de embriaguez. Deve-se, apenas, ter cuidado em não se dar poder excessivo ao agente público, em detrimento dos direitos do cidadão.
Do ponto de vista legislativo, o primeiro projeto parece resolver o suposto impasse da produção de provas, ao passo que o segundo torna mais rígida a punição de irresponsáveis ao volante. Mas a Lei Seca não é um instrumento que, por si só, tem o poder de reduzir as trágicas estatísticas de morte no trânsito. Ela precisa ser aplicada . Estados, como o Rio de Janeiro, que têm levado a sério programas permanentes de blitzes ostentam estimulantes indicadores de que a fiscalização nas ruas, como pressuposto para inibir e, se for o caso, punir é passo essencial na prevenção de acidentes.
A repressão a abusos não deve ser sinal verde para avanços em direitos constitucionais. O STJ consolidou este princípio. Cumpre agora aos legisladores aperfeiçoar a lei. Desde a sua adoção, em 2008, a Lei Seca contribuiu para reduzir o número de mortes no trânsito, mas a irresponsabilidade continua produzindo tragédias nas ruas em índices inaceitáveis.

Deputados fecham acordo para votar projeto que amplia provas da Lei Seca.
Eduardo Bresciani, do estadão.com.br


BRASÍLIA - Em uma reação à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que esvazia a Lei Seca, o governo federal e lideranças da Câmara dos Deputados fecharam um acordo para votar na próxima semana um projeto que inclui imagens, vídeos e testemunhos entre as possibilidades de prova de condução de veículo sob influência de álcool. O tribunal decidiu na semana passada que somente o bafômetro e o exame de sangue são válidos para comprovar a influência do álcool no motorista. A Constituição, porém, garante ao condutor o direito de não produzir provas contra si mesmo e se recusar a fazer os testes.
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, estiveram na Câmara na tarde desta quarta-feira com o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), para fechar os últimos detalhes do texto. Maia confirmou que pautará a proposta na próxima quarta-feira e que a discussão de outros aspectos da Lei Seca, como a possível ampliação da pena de prisão, será realizada em outra oportunidade. "Já vínhamos discutindo há mais tempo, mas claro que a decisão do STJ, mesmo justa, causou frustração porque a Lei Seca é um instrumento concreto e eficiente", afirmou Maia.

O ministro da Justiça afirmou que, com a nova lei, o bafômetro e o exame de sangue passariam a ser "instrumentos de defesa" do condutor. "É uma inversão da situação. A condenação é pela embriaguez e, se quiser provar em contrário, poderá usar o bafômetro".


Cardozo destacou que, ao ampliar as penas, o Congresso apenas está igualando o crime de dirigir embriagado a outras situações previstas na lei penal. "Como é provado um homicídio, um estelionato? Tem de ter um conjunto de provas. É isso que estamos fazendo, ampliando o conjunto de provas". Para o ministro, não há possibilidade de condenação apenas pelo depoimento de um agente de trânsito. "Ninguém condena só por uma testemunha, mas agora você pode ir ao bar e pegar dez testemunhas de que o condutor estava ali embriagado momentos antes".


Autor do projeto, o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) destaca que a proposta dobra o valor da multa para quem dirigir embriagado, indo de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Ele destaca que ainda será possível punir quem estiver dirigindo sob efeito de outras substâncias que comprometam a capacidade psicomotora, como medicamentos. "Se a pessoa estiver tomando uma medicação e isso alterar a sua percepção, ela não pode dirigir também e isso está enquadrado", diz o parlamentar.