Doença do alcoolismo.
Diário de São Paulo
No ano passado, o BOM DIA mostrou, em reportagem especial, que o consumo
de álcool entre as pessoas que estão na terceira idade cresceu assustadoramente
nos últimos anos. Uma pesquisa apontava que o abuso do álcool estava presente
em todas as classes econômicas, não apenas em idosos pertencentes a camadas
mais pobres.
Além dos males clínicos à saúde, o alcoolismo também provoca graves
problemas sociais, de relacionamento com a família e com os amigos. E, nos
idosos, as consequências do uso em excesso de bebida alcoólica são ainda
maiores, já que aumenta o risco de quedas, traz desnutrição, provoca o aumento
da pressão arterial e ainda pode desencadear uma série de doenças
cardiovasculares.
Isso sem falar que pessoas da terceira idade, geralmente, fazem uso de
medicamentos – e a mistura desses remédios com o álcool pode ser altamente
prejudicial ao organismo.
Hoje, o BOM DIA traz novamente uma reportagem sobre o assunto e com mais
uma constatação perigosa: cada vez mais as mulheres estão abusando das bebidas
alcoólicas. Se, há 15 anos, a proporção era de consumo de álcool era de uma
mulher para cada cinco homens, hoje, segundo pesquisa do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, é de uma mulher para cada
1,2 homens. Nos Alcoólicos Anônimos de Bauru, por exemplo, elas já representam
30% do grupo.
E tem mais um dado, no mínimo, preocupante, revelado por esta pesquisa.
Se, no universo masculino, quanto menor o grau de instrução, maior o risco de
cair no alcoolismo, entre as mulheres ocorre o inverso: quanto mais estudadas,
mais as meninas têm tendência a beber. O problema é claro: o metabolismo do
álcool nas mulheres, segundo o médico Drauzio Varella, colunista do BOM DIA,
não é igual ao dos homens. Isso significa que se for administrada, para dois
indivíduos de sexos opostos, a mesma dose ajustada de acordo com o peso
corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue.
O problema do alcoolismo é um problema social, de saúde pública, e
deveria receber uma atenção especial de todos. Não se trata mais de um problema
esporádico, que ocorre longe, nos botecos mais escondidos da cidade, apenas com
pessoas de classes sociais mais baixas, que não têm oportunidades de uma vida
melhor.
Este é um mal que não faz mais
distinção de idade, sexo ou poder aquisitivo. Acontece ali, ao seu lado, muitas
vezes dentro da nossa própria casa, e precisa ser combatido por todos, com
conversa, esclarecimentos e ajuda profissional. Não dá para deixar que só
campanhas educativas mudem esse panorama.
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