Abordar a direção sob o efeito de drogas para prevenir mortes
nas estradas.
UNODC
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1.3 milhão de pessoas no
mundo morrem nas estradas todos os anos. Cerca de 50 milhões sofrem ferimentos
e muitas ficam descapacitadas para o resto da vida. Noventa por cento das
mortes em estradas ocorrem em países em desenvolvimento.
Mais
preocupante ainda é que a previsão é de que esses números aumentem na medida em
que os países em desenvolvimento vêm registrando cada vez mais o uso de
automóveis.
Apesar
de o álcool ser de longe a substância psicoativa mais utilizada e que conta com
mais registros entre os motoristas, existe uma crescente preocupação com os
relatos cada vez mais frequentes de mortes nas estradas relacionadas ao uso de
medicamentos ou drogas ilícitas. É sabido que as drogas, inclusive aquelas
prescritas por médicos, podem prejudicar a percepção, o julgamento e as
habilidades motoras e da memória todas essenciais para uma direção segura e
responsável.
Em
reconhecimento desse problema emergente, em 2011, a Sessão da Comissão de
Drogas Narcóticas (CND) aprovou a Resolução 54/2 que reconhece a importância de
uma abordagem coordenada para tratar das consequências para a saúde e para a
segurança pública da direção sob o efeito de drogas, por meio de estudos com
base científica e esforços conjuntos. A resolução destacou a natureza
internacional do problema e a necessidade de se trabalhar conjuntamente na
procura de soluções. Em evento paralelo durante a CND de 2012, delegações
discutiram os avanços alcançados e os resultados do 1º Simpósio Internacional
sobre 'direção prejudicada por causa do uso de drogas', realizado em Montreal,
no Canadá no ano passado.
A
Resolução da CND segue a proclamação de março de 2010 da Assembleia Geral das
Nações Unidas de declara o período de 2011-2020 como a Década de Ações para a
Segurança nas Estradas. Esta proclamação registra o crescente problema que a
segurança nas estradas representa, particularmente em países em desenvolvimento
e inclui como um dos pilares de ação um chamado para usuários de estradas mais
seguros. Este objetivo será alcançado, entre outras coisas, por meio do
desenvolvimento de programas abrangentes de segurança nas estradas, aplicação
ou ampliação da legislação e das normas, aumento da conscientização da
população e programas educativos para estabilizar e logo reduzir os índices
globais previstos de mortes nas estradas até 2020.
Em
comparação com a direção sob os efeitos do álcool, as pesquisas sobre direção
sob os efeitos de drogas estão apenas começando. Estudos na América do Norte e
na Europa tentam quantificar os riscos de dirigir sob os efeitos de drogas, mas
são poucos os estudos globais a respeito. Ainda faltam dados consistentes e
comparáveis sobre a natureza e a abrangência do uso de drogas por motoristas
para conseguir desenvolver políticas e programas que possam ser compartilhados
entre os países como uma forma efetiva de prevenção.
A
Resolução da Comissão de Drogas Narcóticas encoraja todos os Estados Membros a
apoiarem os esforços nacionais e internacionais de coleta de dados sobre
prevalência global, conforme estabelece a legislação de proteção de dados
relevantes, e a desenvolverem opções eficazes de testagem nas estradas para
verificar a direção sob o efeito de drogas, sempre de acordo com o marco legal
de cada país.
A
aplicação da lei tem um papel crítico na redução da direção sob o efeito de
drogas, e é preciso ampliar o treinamento de oficiais da lei sobre como
reconhecer os sinais e sintomas de outras drogas que não o álcool.
Tão
importante quanto a coleta de dados e a capacitação para a aplicação da lei é a
necessidade de conscientizar e educar as pessoas sobre os perigos de dirigir
sob o efeito de drogas. Enquanto existem inúmeras campanhas alertando as
pessoas sobre os perigos de dirigir sob os efeitos do álcool, são poucas as
campanhas até o momento que abordam diretamente os riscos de dirigir depois de
consumir drogas.
"Precisamos
desenvolver mensagens específicas e de efeito para cada grupo de pessoas, já
que a direção sob o efeito de drogas se refere a grupos demográficos
diferentes, tais como a juventude que fuma maconha enquanto dirige, ou
motoristas mais velhos que podem estar tomando medicamentos de prescrição por
diferentes motivos", disse Michel Perron, diretor do Centro Canadense
sobre o Abuso de Substâncias (CCSA). O CCSA trabalha para oferecer liderança
nacional e análises com base científica e consultoria para promover esforços na
redução de danos relacionados ao álcool e outras drogas. O CCSA foi um dos
organizadores do 1º Simpósio Internacional sobre 'direção prejudicada por causa
do uso de drogas', realizado no Canadá em Julho de 2011.
O
UNODC vai trabalhar para incorporar a conscientização sobre o assunto de
segurança pública de dirigir sob o efeito de drogas nos próximos programas de
apoio, que devem incluir conscientização sobre a situação legal, métodos de
aplicação da lei e os riscos reais de dirigir sob o efeito de drogas para os
motoristas e o público em geral.
O
UNODC também vai trabalhar junto aos Estados Membros no desenvolvimento de
respostas nacionais para abordar a direção afetada pelo uso de drogas, por meio
de levantamentos e o monitoramento da magnitude desse fenómeno em nível
nacional e por meio da troca de informações e boas práticas de respostas eficazes.
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