TEMOS QUE COMEÇAR A OUVIR O DEPENDENTE QUÍMICO.
Felipe Blumen
Médicos, governantes, ativistas, grupos de apoio e
dependentes químicos em recuperação se reuniram no sábado, 15, na Faculdade São
Bento, no 1º Simpósio Internacional de Amigos dos Alcoólicos Anônimos.
O evento reuniu representantes de diversos segmentos
relacionados ao tratamento e recuperação de dependentes químicos.
O evento, que contou com diversos painéis e palestras
realizadas sob a temática “Construindo Pontes para a Recuperação”, serviu para
que diversos segmentos relacionados à dependência química pudessem discutir
temas importantes para o futuro da questão de drogas no país.
“O mais importante é apresentar ao público a diferença
significativa entre dois conceitos: o de tratamento, que é a intervenção
clínica, e o de recuperação, que é o processo social que se inicia após o fim
do tratamento”, disse o ativista norte-americano Ben Bass, diretor-executivo de
uma entidade de apoio no Texas que desde 1987 está se recuperando do
alcoolismo. “E, enquanto o tratamento lida com as crises, a recuperação é
contínua e deve ser feita com apoio de toda a comunidade.”
O seminário também teve como proposta a articulação entre
diferentes entidades e programas que lidam com tratamento e recuperação de
dependentes. “Infelizmente nos encontramos hoje muito distantes de uma união
entre diferentes setores”, disse o médico Ronaldo Laranjeira, responsável pelo
Programa Recomeço e presidente da SPDM. “Perdemos muitos anos discutindo
academicamente qual seria a melhor abordagem e não ouvimos quem mais importa no
processo, que são os dependentes químicos e suas famílias.”
O ativista da recuperação de longa duração Ben Bass (esq.) e
o médico Ronaldo Laranjeira, que concordam sobre a importância de introduzir no
Brasil a discussão sobre esse novo conceito.
Para os presentes, o resultado geral do seminário foi
positivo. Para Laranjeira, “só o fato de estarmos discutindo aqui o conceito de
recuperação de longo prazo já é um passo importantíssimo para mudarmos algumas
coisas”. Já para o norte-americano Ben Bass, o compartilhamento de histórias e
a participação do público foram a grande vitória. “A união tem de ser feita de
dentro para fora, a iniciativa de se organizar em prol dos dependentes deve ser
tomada pelas próprias pessoas em recuperação”, afirma.
O seminário foi organizado pelo AA Brasil em conjunto com a
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e a Coordenação
de Políticas sobre Drogas do Estado de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário