segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


ESTUDO APONTA QUE USAR MACONHA AUMENTA AS CHANCES DE TER FILHOS VICIADOS.
Correio Braziliense
Especialistas, contudo, ressaltam a importância de mais pesquisas
Paloma Oliveto
Os que defendem a legalização da maconha argumentam que se trata de liberdade individual. Nem tanto, segundo um estudo recente, publicado na revista especializada Neuropsychopharmacology. Os pesquisadores da Faculdade de Medicina Mount Sinai, de Nova York, encontraram evidências de que o consumo da droga na adolescência está associado a uma probabilidade maior de os descendentes se tornarem dependentes de drogas. O experimento foi realizado com ratos, mas a principal autora, Yasmin Hurd, professora de psiquiatria, farmacologia e química biológica, acredita que o resultado pode influenciar as políticas de liberação da cannabis.
Anteriormente, Hurd havia constatado, também em camundongos, que a exposição precoce à maconha aumenta o risco de, na idade adulta, se buscar compensações químicas para satisfazer o cérebro em drogas mais pesadas. Agora, ela resolveu investigar se o consumo teria implicações para as gerações futuras, mesmo sem exposição direta à substância psicoativa.
“Estudos evidenciam que o uso de drogas, incluindo maconha, por parte dos pais, traz prejuízos aos filhos. Mas essas pesquisas levam em consideração o consumo durante a gestação e na época da concepção. Queríamos saber se o uso de drogas antes disso poderia trazer implicações negativas à descendência”, explica Hurd. O resultado da pesquisa indicou que ratinhos cujos pais tiveram contato com a principal substância psicotrópica da maconha, o THC, durante a adolescência tinham mais riscos de exibir comportamentos compulsivos e de buscar a autoadministração de heroína.
Isso acontece, explica Hurd, por causa da epigenética. Esse conceito se refere a características transmitidas à geração seguinte sem que tenha havido uma modificação no DNA. Alguns estudos têm fornecido evidências fortes de que o vício pode ser hereditário. Nesses casos, os pais com genes que os tornam mais propensos a serem dependentes passam essas variantes aos filhos. A epigenética, diferentemente, está associada à exposição ambiental.
Pesquisas com gêmeos, que têm DNA praticamente idêntico, mostram como as experiências exercem uma influência tão grande sobre o indivíduo quanto a sequência de genes. Substâncias como tabaco, álcool e outras drogas imprimem suas marcas no material genético do indivíduo. Sem provocar mutações — alterações na ordem das letras —, elas promovem mudanças químicas nas moléculas do DNA. Essas características adquiridas pelos genes podem ser transmitidas aos filhos.
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