ESTUDO APONTA QUE USAR MACONHA AUMENTA AS CHANCES DE TER FILHOS VICIADOS.
Correio Braziliense
Especialistas, contudo, ressaltam a importância de mais pesquisas
Paloma
Oliveto
Os
que defendem a legalização da maconha argumentam que se trata de liberdade
individual. Nem tanto, segundo um estudo recente, publicado na revista
especializada Neuropsychopharmacology. Os pesquisadores da Faculdade de
Medicina Mount Sinai, de Nova York, encontraram evidências de que o consumo da
droga na adolescência está associado a uma probabilidade maior de os
descendentes se tornarem dependentes de drogas. O experimento foi realizado com
ratos, mas a principal autora, Yasmin Hurd, professora de psiquiatria,
farmacologia e química biológica, acredita que o resultado pode influenciar as
políticas de liberação da cannabis.
Anteriormente,
Hurd havia constatado, também em camundongos, que a exposição precoce à maconha
aumenta o risco de, na idade adulta, se buscar compensações químicas para
satisfazer o cérebro em drogas mais pesadas. Agora, ela resolveu investigar se
o consumo teria implicações para as gerações futuras, mesmo sem exposição
direta à substância psicoativa.
“Estudos
evidenciam que o uso de drogas, incluindo maconha, por parte dos pais, traz
prejuízos aos filhos. Mas essas pesquisas levam em consideração o consumo
durante a gestação e na época da concepção. Queríamos saber se o uso de drogas
antes disso poderia trazer implicações negativas à descendência”, explica Hurd.
O resultado da pesquisa indicou que ratinhos cujos pais tiveram contato com a
principal substância psicotrópica da maconha, o THC, durante a adolescência
tinham mais riscos de exibir comportamentos compulsivos e de buscar a autoadministração
de heroína.
Isso
acontece, explica Hurd, por causa da epigenética. Esse conceito se refere a
características transmitidas à geração seguinte sem que tenha havido uma
modificação no DNA. Alguns estudos têm fornecido evidências fortes de que o vício
pode ser hereditário. Nesses casos, os pais com genes que os tornam mais
propensos a serem dependentes passam essas variantes aos filhos. A epigenética,
diferentemente, está associada à exposição ambiental.
Pesquisas
com gêmeos, que têm DNA praticamente idêntico, mostram como as experiências
exercem uma influência tão grande sobre o indivíduo quanto a sequência de
genes. Substâncias como tabaco, álcool e outras drogas imprimem suas marcas no
material genético do indivíduo. Sem provocar mutações — alterações na ordem das
letras —, elas promovem mudanças químicas nas moléculas do DNA. Essas
características adquiridas pelos genes podem ser transmitidas aos filhos.
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