ONG estima baixa de 25% em programa para usuários de crack.
Jornal Folha de S. Paulo
ARETHA YARAK DE SÃO PAULO
Um quarto dos 386 viciados que moram na cracolândia e estão
cadastrados em programa da Prefeitura de São Paulo não aderiram completamente
ao programa de trabalho e tiveram frequência baixa. Por isso, não devem receber
o pagamento hoje.
A estimativa é da ONG União Social Brasil Gigante, que tem um
convênio com a prefeitura para a gestão do projeto e é responsável pela
remuneração dos usuários.
Intitulada Braços Abertos, a ação iniciada no dia 16 busca
recuperar dependentes de drogas da região oferecendo tratamento, abrigo e
trabalho.
A maior parte dos usuários cadastrados foi colocada no serviço
de varrição de ruas e praças. Para cada dia trabalhado, eles recebem R$ 15.
"Esse grupo de 25% aparece de vez em quando, some e depois
volta. Não há um interesse", diz Carlos Alberto de Souza, diretor
financeiro da entidade e responsável pelas ações na cracolândia.
No primeiro pagamento, na semana passada, todos os participantes
receberam pela semana cheia, independentemente da presença.
A partir de hoje, o programa entregará o valor apenas dos dias
trabalhados. Usuários que faltaram, mas comprovaram a ausência com um atestado
médico também vão receber o dinheiro.
De acordo com a organização, os usuários foram avisados da
mudança.
Apesar de não trabalharem nos finais de semana, todos receberão
por esses dois dias.
Isso acontece porque a ação prevê a remuneração pela presença em
atividades culturais agendadas para os fins de semana, mas que ainda não
tiveram início.
"Nossa tenda estará pronta apenas no segundo fim de semana
de fevereiro. Lá, eles poderão fazer teatro ou ver filmes", diz Souza.
LISTA DE PRESENÇA
Para receber pelo dia trabalhado, o usuário precisa assinar a
lista de presença duas vezes. A primeira às 9h, quando sai com o grupo, e
novamente por volta das 12h, quando a jornada termina.
"Tem um pessoal que aparece uniformizado, assina a lista
pela manhã, mas depois não volta. Se tiver apenas uma assinatura, não é
considerado", explica Souza.
De acordo com ele, um próximo passo é abrir o diálogo com os
médicos de postos de saúde da região.
"Os usuários têm apresentado um volume muito grande de
atestados. Vamos alertar esses médicos do que vem acontecendo", diz.
Procurada ontem, a prefeitura não se manifestou.
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