PESQUISADORES
VINCULAM CONSUMO PRECOCE DE ÁLCOOL COM FUTURO VÍCIO.
O
contato com o álcool em idade precoce ativa mecanismos a nível neurológico e
psicológico
Saúde
Bem-estar - Por Celeste Caminos, Epoch
Times
Consumo precoce álcool pode
gerar futuros vícios (Wikimedia)
Pesquisadores argentinos do Conselho Nacional de Investigações
Científicas e Técnicas (CONICET) evidenciaram, mediante estudos recentes,
que o consumo de álcool realizado em idade juvenil influencia o consumo
posterior e a dependência nessa substância.
Os
pesquisadores cordobenses Ricardo Pautassi e Angelina Pilatti demonstraram que
o contato com o álcool em idade precoce ativa mecanismos a nível neurológico e
psicológico, que poderiam influir em um vício posterior.
Segundo
a pesquisa do CONICET, em uma das experiências, foi administrado álcool à ratos
adolescentes e adultos, e após certo período de abstinência, foi oferecido como
opções beber álcool e água. O resultado foi que os mais jovens preferiram
consumir álcool em maior quantidade que os mais velhos.
Mesmo
se tratando de uma investigação básica utilizando um modelo animal em lugar de
experimentos com humanos, a pesquisa pode colaborar notavelmente com estudos
mais complexos, explicou a pesquisa divulgada pelo CONICET.
“A
ideia de fazer investigações com modelos animais é proporcionar elementos para
uma investigação epidemiológica mais longa, complexa e custosa, a qual é mais
difícil isolar fatores que podem gerar confusão”, afirmou Pautassi.
Os
investigadores acreditam que o resultado pode ser o mesmo em humanos, sendo que
um dos motivos prováveis é que os adolescentes têm acesso ao álcool em um
momento que o cérebro está sendo remodelado, e é provável que a substância
interfira nesse processo de mudança.
No
laboratório em que trabalha Pautassi, estão sendo realizadas outras pesquisas
para ver se isso ocorre efetivamente.
A
Dra. Angelina Pilattir realizou um trabalho de campo que utilizou uma amostra
de quase trezentas crianças de oito a doze anos e trezentos e cinquenta
adolescentes entre treze e dezessete anos, de escolas públicas e privadas. O
objetivo do estudo era medir, entre outras variáveis, se haviam consumido
álcool em alguma oportunidade e em que quantidade.
“Por
um lado, percebemos que entre dez e doze anos é um período crítico, que ocorre
uma série de mudanças que os predispõe a iniciar o consumo de álcool. Por outro
lado, podemos observar que aqueles que começavam antes dos treze anos tendem a
consumir mais álcool e outras substâncias ilegais”, comentou Pilatti.
Segundo
a investigadora, os adolescentes têm maiores índices de consumo, além disso,
são mais extrovertidos e propensos a buscar novas experiências, devido a certos
traços de personalidade que podem relacionar-se com o fenômeno.
No
entanto, o estudo revelou que, em geral, as crianças imitam a conduta de
outros, geralmente dos seus pais e dos amigos. Desse modo, nas crianças que têm
uma maior percepção do consumo alcoólico dos pais, notou-se um aumento dos
índices do consumo deles mesmos um ano depois, quando novamente foram
examinados.
Por
último, o estudo concluiu que em crianças, o contato com o álcool é mais
experimental e ocorre com pouca frequência e em baixas quantidades. Porém, nos
adolescentes esses parâmetros aumentam, e a bebida começa a modificar-se da
exploração para converter-se em um fenômeno habitual.
Segundo
a pesquisa, “a primeira modalidade conduz à segunda, (este é um) elemento que
deveríamos levar em conta no momento de pensar em políticas preventivas”.
O
álcool e a saúde
Segundo
o que estabelece a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de álcool é um
dos fatores de risco mais graves para a saúde a nível mundial. No continente
americano, o álcool constitui o principal fator de risco em relação aos dados
estatísticos de enfermidade.
No
ano de 2004, pelo menos 347.000 mortes foram atribuídas ao consumo de álcool.
Além da dependência, o consumo nocivo do álcool está associado com mais de 60
enfermidades, incluindo as lesões intencionais e não-intencionais, câncer,
enfermidades cardiovasculares, neuropsiquiátricas e de desenvolvimento infantil
e juvenil.
A
maioria das enfermidades afeta os homens (83.3%), e 77.4% dos dados provêm da
população entre 15 e 44 anos, afetando principalmente jovens e adultos em seus
anos de vida mais produtivos.
Regulamentação
O
consumo nocivo de álcool é uma das principais causas de traumatismos (inclusive
os provocados por acidentes de trânsito), violência (especialmente violência
doméstica) e mortes prematuras, informou a OMS.
Em
muitos países é motivo de crescente preocupação o uso nocivo do álcool entre os
jovens, já que diminui o autocontrole e aumenta os comportamentos de risco.
Segundo
a OMS, a regulamentação do acesso às bebidas alcoólicas é uma estratégia eficaz
para reduzir o consumo nocivo de álcool por parte dos jovens. Dessa forma, a
proibição de publicidades sobre o consumo de álcool pode atenuar a pressão
exercida sobre os adolescentes para que consumam essa substância.
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