terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AntonioGeraldo ABP


 A derrota do Brasil para o crack



 Neste mês, o programa Crack, É Possível Vencer, do governo federal, completou dois anos. No entanto, infelizmente, a vitória não é uma realidade. Nem mesmo está próxima.
O ministro da Justiça disse que o programa foi o segundo em verbas aplicadas pela pasta da qual é titular. A afirmação é assustadora, pois dos R$ 4 bilhões prometidos para o combate ao crack, apenas R$ 368 milhões foram de fato empregados.
Recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo estima em 2,8 milhões de usuários de crack em todo o país. Esse número dobra a cada dois anos.
Afinal, como as autoridades estão enfrentando esta que já é a mais grave epidemia da história recente do Brasil? Trata-se de uma derrota em três frentes: política, estratégica e de saúde pública.
Política porque, segundo deputados da base aliada da presidente Dilma Rousseff, apesar de o assunto ser uma prioridade, há resistência interna dentro do próprio governo que ela lidera.
O segundo escalão do Ministério da Saúde é contra o programa Crack, É Possível Vencer, inclusive defendendo a liberação das drogas. No Ministério da Justiça, dois secretários tiveram que deixar suas funções depois de declarações desastrosas acerca do assunto. Uma torre de Babel: há uma corrente ideológica ligada ao governo que defende o contrário do que a presidente fala.
Se a articulação política é uma questão grave, a estratégia de proteção de fronteiras é ainda mais urgente. O Brasil não planta uma única folha de coca. Como então temos tanta droga circulando no país?
Depois que Evo Morales –pasme, presidente da Confederação dos Cocaleiros– assumiu a Presidência da Bolívia, a área plantada de coca aumentou quatro vezes, totalizando quase 50 mil hectares. Sua política de liberar o plantio por lá criou um pico do consumo do crack por aqui.
Além disso, o Uruguai acaba de legalizar a maconha, sem ninguém ter certeza de como isso impactará na saúde e na segurança do país e, em última instância, do continente. A maconha não é uma droga simples. É uma bomba de aditivos e componentes químicos que causam comprovados transtornos mentais.
Outros países que fizeram movimentos semelhantes foram obrigados a recuar. A Suécia, por exemplo, é o país que mais reprime o uso de drogas e conseguiu eliminar a tempo a epidemia de crack que tomou conta do país logo após a malsucedida legalização das drogas.
O terceiro escorregão do governo ocorre no terreno da saúde pública. A educação é capenga. A Universidade de Michigan fez um estudo com a duração de 35 anos sobre o consumo de maconha nos Estados Unidos. Nesse período, notaram que quanto maior a percepção do risco, menor o consumo. Ou seja, informação é fator primordial. Quando há informação cruzada –de que a maconha não faz mal–, aumenta o consumo e os números de dependentes.
Cerca de 37% dos jovens que usam maconha ficam viciados. É uma loteria cruel, especialmente com essa faixa etária, ainda não madura o suficiente para ter a dimensão das consequências dos seus atos. E que não tem acesso às informações das verdadeiras ações deletérias dessa droga maldita.
Há uma incompreensão de que a dependência química é de altíssima complexidade. Enquanto o tratamento da dependência de crack no sistema privado é digno e obtém boa resposta, o dependente pobre está entregue à própria sorte ao despreparo da maioria dos serviços disponíveis na rede pública.
O governo reconhece que ainda não entendeu o problema do crack. A política pública não pode ser só internação compulsória, pois parece apenas a preocupação em "limpar as ruas". Qual é a consequência do tratamento? O que fazer com esses dependentes depois da internação? Como reinseri-los na sociedade de forma produtiva? Quais as diretrizes de tratamento?
A Associação Brasileira de Psiquiatria já se colocou e se coloca à disposição do governo federal para esclarecer dúvidas e colaborar nas diretrizes a serem seguidas. Até agora, nada. Devem saber o que estão fazendo.
A única constatação possível é que o Brasil enxuga gelo quando o assunto é o combate ao crack e outras drogas.
ANTONIO GERALDO DA SILVA, 50, é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) 

sábado, 28 de dezembro de 2013



NÃO LEGALIZAR. SIM ENFRENTAR.
É comovente o esforço dos que propõem a liberação das drogas em travestir de novidade a patética tentativa do governo uruguaio de liberar a maconha. Não existe novidade! Todos os países do mundo, hoje, proíbem as drogas aqui ilícitas porque aprenderam, com muito sofrimento ao longo de suas histórias, que a liberação é devastadora para o convívio em sociedade. Japão, Suécia e China entre outros, passaram pela experiência de liberação, voltaram atrás pelas tragédias sociais causadas e hoje reprimem com muito rigor.
O transtorno mental que as drogas causam é a raiz do mal do tráfico e de todos os problemas sociais e de violência ligados a elas, e não o contrário. A violência do pai que incendeia os filhos, do filho que mata os pais a facadas, do marido que mata a mulher a pancadas é a mais frequente, e não é causada pelo narcotráfico. É fruto do transtorno mental e aumentará com a liberação.
Também beira o ridículo a desculpa do governo uruguaio de que age assim para acabar com a violência do tráfico. O tráfico continuará além dos limites estabelecidos para as cotas de maconha, e o aumento do seu consumo aumentará o consumo de outras drogas ilícitas, que continuarão proibidas e ainda muito mais traficadas. Não existem estudos sérios avalizando o que o Uruguai está fazendo. A declaração do presidente uruguaio na Zero Hora do dia 16/12 talvez explique seus verdadeiros motivos. Diz que não é um velho careta e ataca os “velhos reacionários” (referindo-se aos críticos da liberação) “que já não se apaixonam por garotas”! Quem sabe aí pode estar uma explicação “baseada em evidências”! Tenho pena da juventude uruguaia e brasileira, particularmente da fronteira gaúcha, que será muito mais vitimada pelas drogas.
No Brasil, ainda, estamos em plena epidemia do crack, turbinada pelo plantio livre de coca na vizinha Bolívia. Essa é a causa verdadeira do aumento astronômico e rápido de drogas nas ruas e do número de traficantes soltos e presos.
O Japão, para enfrentar a epidemia da metanfetamina nos anos 40 e 50, prendeu, num único ano, 56 mil pessoas acusadas de tráfico. Quatro anos depois, só 271. A epidemia havia sido cortada.
Drogas, um Código Penal frouxo e o sistema penitenciário em ruínas são as causas imediatas da terrível situação do Brasil como recordista mundial de homicídios e acidentes fatais. É um ciclo vicioso no qual as prisões, em condições deploráveis, justificam um afrouxamento das penas e a volta rápida de criminosos para a rua. E a maior parte dos crimes violentos é cometida por reincidentes.
Ou enfrentamos isso como uma prioridade, tirando a maior quantidade possível de drogas e traficantes das ruas, aumentando o rigor das penas contra crimes violentos e melhorando e ampliando nosso sistema penitenciário, ou ficaremos cada vez mais chorando os brasileiros inocentes, mortos pela nossa omissão!
Osmar Terra.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EXÉRCITO TEME QUE PLANTAÇÃO DE COCA DO PERU 'TRANSBORDE' PARA O BRASIL.


Tahiane Stochero DO G1, no Amazonas e em Roraima
O longínquo e inóspito Vale do Javari, na tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia, é a região que, atualmente, mais preocupa os militares brasileiros responsáveis pela defesa das divisas amazônicas. A área indígena localizada no extremo oeste do Amazonas foi apelidada de "novo eldorado do narcotráfico", onde uma variedade da planta de coca, modificada para resistir ao clima úmido, está sendo cultivada ao longo da faixa fronteiriça.
mapa vale javari (Foto: Editoria de Arte/G1)

A repressão à atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) fez a área de coca plantada no país vizinho cair mais de 25% em 2012. Com isso, o foco dos militares brasileiros voltou-se para o lado peruano do Vale do Javari. O Exército teme que a plantação  transborde para o território brasileiro.
"Estamos fazendo de tudo para impedir que a plantação de cocaína no Peru, na fronteira com o Brasil, transborde para nossa área. Estamos tomando todas as medidas possíveis neste sentido", disse o general Eduardo Villas Boas, comandante militar da Amazônia. "Claro que o risco de confronto [entre soldados brasileiros e narcotraficantes] é real".
Segundo o coronel Marco Machado, comandante do 8º Batalhão de Infantaria da Selva, que cuida da área, não há plantações de coca conhecidas do lado brasileiro até agora. "Hoje, eu te digo, com quase toda certeza, que não existe plantação de coca nesta área do lado brasileiro. Toda suspeita, vamos lá e conferimos. Até agora, nada foi confirmado", afirmou.
'Consequências graves'
De acordo com o general Villas Boas, há "uma preocupação muito grande" para evitar que o Brasil passe a ter plantações. "Queremos evitar que haja a vinda de plantações para o lado brasileiro. Se isso acontecer, o Brasil deixará de ser apenas consumidor para ser produtor de coca. E isso pode nos trazer consequências graves e pressão no âmbito internacional", disse.
Em Estirão do Equador, soldados vistoriam embarcações suspeitas do Peru (Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação)
Base miltiar em Estirão do Equador, que cuida do Vale
do Javari. Do outro lado do rio área peruana
(Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação)


Villas Boas afirma que a coca, no Peru, faz parte da cultura da população. Pela localização e fácil escoamento pelo rio, a droga produzida na fronteira acaba introduzida quase totalmente em território brasileiro, em direção ao Nordeste do país. "O narcotráfico é intenso nesta faixa de fronteira", disse o general.
"As organizações ainda são incipientes, mas estão caminhando para uma organização. A facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em São Paulo já possui um braço armado aqui no Amazonas. É evidente que, em um momento ou outro, pode haver este conflito", acrescentou.
Problemas nas bases
O Exército conta com duas pequenas bases avançadas na região, chamados de pelotões de fronteira, em Estirão do Equador e em Palmeiras do Javari. O primeiro tem dificuldades para dar apoio à tropa: a única pista de pouso existente está em condições precárias e fica a 7 km da sede militar, isolada por um rio, já que a única estrada de terra de acesso está ruim e não pode ser usada. "A mata pegou de volta", disse o coronel Marco Machado. As obras para melhoria da pista e da rodovia devem começar em 2013 e levar até dois anos para serem concluídas, segundo o coronel.
estirão do equador (Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação)
Militares pintam rostos com camuflagem para a selva
antes de patrulha no Vale do Javari
(Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação).


Uma ponte, que ligaria a estrada ao pelotão do Exército, também caiu devido às chuvas. O acesso agora é só por barco – são mais de 8 horas para transpor cachoeiras, pedras e águas caudalosas, impedindo a chegada de equipamentos pesados a partir da pista de pouso localizada nas proximidades.
Pela água, a partir de Tabatinga, cidade irmã com a vizinha Letícia, na Colômbia, são sete dias de viagem de voadeira – espécie de embarcação de madeira movido a motor a diesel – ou uma hora de avião, dependendo da disponibilidade da Aeronáutica. "Esta área é considerada o novo eldorado da cocaína, é a mesopotâmia da droga do século XXI. Aqui você tem insumo para fazer fabricação, como gasolina e cimento baratos. Você tem facilidade de escoamento – bateu na calha do Rio Solimões, chega a Manaus – e há muita mão de obra disponível e barata. As pessoas da região não têm do que sobreviver", afirmou machado. Ao longo do Rio Javari há oito comunidades brasileiras e 87 peruanas.
Em 2012, as apreensões da Polícia Federal (PF) e do Exército de pasta base de cocaína em Tabatinga (AM) somaram 248.619 quilos. Só nos primeiros 10 meses de 2013, o número quase duplicou: foram 557.740 quilos.
Segundo os militares, os traficantes pararam de atuar em grandes laboratórios, o que passou a dificultar a apreensão em larga escala. "Não tem nenhuma tropa militar de Forças Armadas do Peru nesta área. Eles estão voltados para o sul do país, combatendo o ressurgimento do Sendero Luminoso [grupo terrorista peruano] em uma área de plantação de coca no vale de Quatro Rios", afirmou Machado. "Então tudo isso cria condições para que, no futuro, o Vale do Rio Javari se torne um grande problema para nós. É uma área estratégica que temos que nos preocupar", acredita ele. O G1 questionou o Ministério da Defesa e as Forças Armadas do Peru sobre a situação na região. O Exército peruano disse que iria se manifestar sobre o tema, mas, até a publicação desta reportagem, não se pronunciou.Pelotão isolado
Ao longo da fronteira amazônica com cinco países, o Brasil possui 24 pelotões especiais de fronteira (PEF), sendo que a base de Estirão de Equador, responsável por cuidar do Vale do Javari, é a que está em piores condições. Com 65 soldados, é o posto mais isolado Além do narcotráfico, outra questão que preocupa é a exploração de petróleo e gás, que é autorizada pelo Peru, mas não é aceita pelos indígenas, que ameaçaram começar uma guerra. Na região, militares reprimem também o corte ilegal de madeira e a exploração de minério. Toda embarcação que passa pelo rio tem que ser parada e revistada. Porém, há um problema legal: como uma faixa do rio fica do lado peruano, algumas embarcações alegam que não estão no lado brasileiro e se negam a cumprir as regras.
Segundo coronel Machado, várias reclamações e abaixo assinados foram feitos contra os militares por peruanos querendo derrubar a determinação. "Os mesmos que reclamam de nossa atuação, procuram nossa ajuda nas horas de crise", disse o oficial. Isso porque os peruanos que se deslocam para a região para trabalhar para garimpeiros e madeireiros procuram a tropa brasileira pedindo ajuda devido a problemas de saúde.
As bases do Brasil em Estirão do Equador e em Palmeiras do Javari são os únicos locais onde os moradores encontram um médico. Só em 2013, o Exército brasileiro já teve que evacuar de avião cinco peruanos em situações graves de emergência após a população atravessar o rio procurando apoio do lado brasileiro. "O que o pelotão faz o dia inteiro, 360 dias por ano, 24 horas por dia, é o controle da calha do Rio Javari. Todas embarcações são paradas e revistadas. Temos poder de polícia, mas nós não somos polícia de fronteira. Não estamos aqui para substituir os outros órgãos do Estado brasileiro que deveriam estar presentes na fronteira e não estão", afirmou o coronel Machado. Questionado sobre a necessidade de manter agentes da Polícia Federal na área, o delegado da PF em Tabatinga, Gustavo Pivoto, que responde pelo Vale do Javari, diz que "o Exército já trabalha de forma ostensiva na área e possui boa rede de informações, garantindo a soberania e defesa do país na região".
Segundo Pivoto, a distância impede a PF de manter efetivo no local. “Não estamos falando de uma rua, mas de uma área sem estrutura no meio do nada. A presença do Estado brasileiro se faz por meio do Exército", disse.



BRASIL É 'O LUGAR MAIS IMPORTANTE PARA O NARCOTRÁFICO', DIZ ESTUDO.

Jornal Folha de S. Paulo

O aumento do tráfico e do consumo de cocaína no Brasil durante a Copa de 2014 é foco de uma operação conjunta das polícias do Brasil e de países da UE (União Europeia).
O bloco europeu, em estudo apresentado nesta segunda-feira em Madri, situa o Brasil como "o lugar mais importante para o negócio do narcotráfico mundial" atualmente.
"Evidentemente que na Copa o tráfico de cocaína vai aumentar, porque vai haver um trânsito importante de pessoas", disse à Folha o inspetor-chefe da polícia espanhola, Marcos Alvar.
Alvar é coordenador na Europa do Ameripol, projeto no qual polícias da Europa e América Latina trocam informações.
Forças policiais de ambos os continentes trabalham em operação para conter a entrada de cocaína no Brasil durante os jogos do mundial.
O estudo feito com as informações do projeto diz que Brasil se tornou o epicentro do narcotráfico mundial.
Isso porque, diz o documento, o país é refúgio para chefões do tráfico da América Latina em fuga, ponte principal para distribuição da droga produzida no continente para a Europa, provedor de produtos químicos para a produção de algumas delas e também agora um importante mercado consumidor.
Além disso, o país virou a base das grandes novas rotas do tráfico mundial, que, segundo o estudo, passa pela África para seguir à Europa e à Ásia.
No documento, a UE afirma ainda que a Polícia Federal brasileira, apesar de "altamente profissional, tem força limitada, com menos de 8.000 homens, e faltam investigadores criminais no país". "Falta também um empurrão político", afirmou Alvar.
O documento alerta ainda para a fragmentação da entrada de drogas no Brasil. A maior parte delas, afirma, entra por pequenos meios de transporte, como avionetas, balsas e caminhonetes, vindas da Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia.
O Brasil passou a preocupar a União Europeia não apenas pela produção e transporte para a Europa, mas agora pelo consumo interno. A maior parte da cocaína que se consome no Brasil, no entanto, é de qualidade ruim, originária da Bolívia, porque a colombiana costuma ir direto para a Europa. Já a maconha consumida internamente vem em maior parte do Paraguai, afirma o documento.

sábado, 7 de dezembro de 2013


Jovens adotam comportamento de alto risco
São vários os comportamentos de risco adotados pelos nossos jovens.

A constante tentativa de começar cada vez mais cedo a enveredar pelo mundo adulto talvez seja a mais preocupante.

"Existe uma associação entre curiosidade do jovem com a disponibilidade (o fácil acesso à bebida), aliado a um modelo familiar", descreve o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, especialista em dependência química, professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

Cena familiar

Segundo o médico, esse modelo de iniciação à bebida é recorrente em nosso meio. Ele se refere a uma espécie de ritual de iniciação para a fase adulta que, na maioria das vezes, é conduzido pelo irmão mais velho ou por um primo mais próximo.

A cena familiar é mais ou menos a seguinte: o irmão de 19 anos apresenta as possibilidades (tipos de bebidas) para o irmão de 16 anos. Faz isso com a melhor das intenções por achar que se o irmão ´tomar um porre´ ele estará por perto para socorrê-lo. Apesar do perigo que compõe esse cenário, ele é culturalmente aceito, embora todos tenham consciência do que representa o efeito acumulativo do vício na saúde do indivíduo.

Beber pesado

Diversos estudos referem-se ao beber pesado episódico (BPE), padrão de consumo de álcool que corresponde à ingestão de cinco ou mais doses para homens e de quatro ou mais doses para as mulheres, em um período de duas horas, como sendo um dos principais problemas de saúde entre os universitários. "Mesmo que o jovem fique sem beber uma semana ou mais, no fim de semana ingere de uma só vez altas dosagens de bebida alcoólica. Muitas vezes isso ocorre antes de entrar em uma festa, de ir para a balada; uma forma de ser aceito", destaca o Dr. Arthur Guerra.

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool foi idealizado por ele em 2003, com o objetivo de criar um banco de dados específico, confiável e de fácil acesso sobre o álcool e seus desdobramentos na área da saúde. Em fevereiro de 2004 o projeto obteve o apoio financeiro da Companhia de Bebidas da América e desde 2005 o Cisa foi qualificado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Um hábito para cada ´tribo´

Embora a curiosidade de experimentar sensações do mundo adulto seja recorrente na maioria dos perfis dos bebedores jovens, a escolha da bebida é diferenciada conforme cada tribo.

Embora não existam estudos que comprovem na prática esse comportamento, Dr. Arthur Guerra se arrisca em apostar que a escolha acontece com a mesma naturalidade com que eles se enquadram dentro de um gênero musical, que segue um mesmo tipo de alimentação e modo de vestir. Com a bebida deve acontecer algo semelhante, embora a cerveja seja a primeira opção entre todos os grupos.

A facilidade com que são adquiridas as bebidas continua é algo preocupante. "A vontade de beber do jovem é igual a sexo, velocidade, esportes radicais e o perfil contestador", afirma .

O Cisa considera inaceitável o consumo de bebidas alcoólicas nas seguintes condições: menores de 18 anos; gravidez; quando a atenção e reação sejam plenamente exigidas (direção de veículos automotores e operação de máquinas); e pessoas com dependência do álcool ou em uso de medicamentos cujos efeitos possam ser alterados pelo consumo concomitante de álcool. 

Fonte: Diário do Nordeste
Mãe viajou para São Paulo, onde fará o tratamento (Foto: Divulgação/Santa Casa Fernandópolis)
Mãe viajou para São Paulo para fazer o tratamento (Foto: Divulgação/Santa Casa Fernandópolis)


APÓS CARTA DO FILHO AO 'PAPAI NOEL', MÃE VAI PARA INTERNAÇÃO NA CAPITAL
A mãe do adolescente que escreveu uma carta ao Papai Noel para interná-la e tentar livrá-la das drogas viajou nesta quarta-feira (4) para São Paulo para iniciar o tratamento no Centro de Referência de Álcool e Drogas (Cratod). Antes de deixar a Santa Casa de Fernandópolis (SP), onde recebeu os primeiros atendimentos, a mãe disse estar confiante na sua recuperação.
“O tratamento é a minha luz no fim do túnel. Eu jamais imaginei que meu filho fosse pedir esse tipo de presente para Papai Noel, mas fiquei muito feliz porque é um presente que fará bem para nossa família”, afirma.
Acompanhada por uma auxiliar de enfermagem e um motorista do centro, a mulher seguiu viagem para tentar ficar livre do crack. A história do garoto ficou conhecida após uma funcionária da Santa Casa de Fernandópolis adotar a carta que havia sido postada nos Correios.
O pedido foi encaminhado para o setor social do hospital que, com ajuda do juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarim, iniciou mobilização para conseguir atendê-lo. Ainda nesta quarta-feira, a mãe do adolescente deverá passar por uma triagem no centro de referência. Ela será acompanhada por um psiquiatra e uma equipe multidisciplinar, que vai dar início ao processo de desintoxicação.
Após esse período, que vai depender da avaliação médica, a paciente será encaminhada a uma das clínicas de recuperação conveniadas ao governo do Estado. Dentre as cidades que podem receber a mulher estão São José do Rio Preto (SP) e Jaci (SP). 
“Ela ficará, aproximadamente, um mês fazendo a desintoxicação. Depois, será encaminhada novamente ao centro, que fará uma nova avaliação sobre sua situação. Ela pode pedir para novamente ser internada, inclusive em um lugar mais próximo da família, ou, caso ela tenha condições, será encaminhada para o Centro de Atenção Psicossocial, que fará os encaminhamentos necessários”, afirma Maria Luiza Santos, auxiliar de enfermagem do Centro de Referência.
Entenda o caso
A carta do adolescente de 14 anos, de Fernandópolis, endereçada ao 'Papai Noel', surpreendeu os funcionários dos Correios. O garoto pediu que a mãe, usuária de drogas, fosse internada em uma clínica para viciados químicos.
A carta, que foi entregue à avó para ser levada aos Correios - dentro da campanha que a empresa faz, para adoção de uma carta em que o colaborador doa o presente para uma criança de família pobre - dizia: "Querido Papai Noel, gostaria de pedir ao senhor vê se o senhor podese (sic) não me dá um presente, eu estou te escrevendo porque eu não quero um presente, mas estou te pedindo que você pode me ajuda a enterna (sic) a minha mãe porque ela tem que enterna (sic) para sair das drogas e a clínica é pago e é muito caro, eu e nem a minha família pode (sic) pagar. Por favor, me ajuda e ajuda minha mãe, eu só pesso (sic) isso. Obrigado e um lindo feliz Natal".

Carta traz apelo de adolescente, para que mãe seja internada (Foto: Reprodução / TV Tem)
Carta traz apelo de adolescente para que mãe seja internada (Foto: Reprodução / TV Tem)