sábado, 7 de dezembro de 2013


Jovens adotam comportamento de alto risco
São vários os comportamentos de risco adotados pelos nossos jovens.

A constante tentativa de começar cada vez mais cedo a enveredar pelo mundo adulto talvez seja a mais preocupante.

"Existe uma associação entre curiosidade do jovem com a disponibilidade (o fácil acesso à bebida), aliado a um modelo familiar", descreve o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, especialista em dependência química, professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

Cena familiar

Segundo o médico, esse modelo de iniciação à bebida é recorrente em nosso meio. Ele se refere a uma espécie de ritual de iniciação para a fase adulta que, na maioria das vezes, é conduzido pelo irmão mais velho ou por um primo mais próximo.

A cena familiar é mais ou menos a seguinte: o irmão de 19 anos apresenta as possibilidades (tipos de bebidas) para o irmão de 16 anos. Faz isso com a melhor das intenções por achar que se o irmão ´tomar um porre´ ele estará por perto para socorrê-lo. Apesar do perigo que compõe esse cenário, ele é culturalmente aceito, embora todos tenham consciência do que representa o efeito acumulativo do vício na saúde do indivíduo.

Beber pesado

Diversos estudos referem-se ao beber pesado episódico (BPE), padrão de consumo de álcool que corresponde à ingestão de cinco ou mais doses para homens e de quatro ou mais doses para as mulheres, em um período de duas horas, como sendo um dos principais problemas de saúde entre os universitários. "Mesmo que o jovem fique sem beber uma semana ou mais, no fim de semana ingere de uma só vez altas dosagens de bebida alcoólica. Muitas vezes isso ocorre antes de entrar em uma festa, de ir para a balada; uma forma de ser aceito", destaca o Dr. Arthur Guerra.

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool foi idealizado por ele em 2003, com o objetivo de criar um banco de dados específico, confiável e de fácil acesso sobre o álcool e seus desdobramentos na área da saúde. Em fevereiro de 2004 o projeto obteve o apoio financeiro da Companhia de Bebidas da América e desde 2005 o Cisa foi qualificado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Um hábito para cada ´tribo´

Embora a curiosidade de experimentar sensações do mundo adulto seja recorrente na maioria dos perfis dos bebedores jovens, a escolha da bebida é diferenciada conforme cada tribo.

Embora não existam estudos que comprovem na prática esse comportamento, Dr. Arthur Guerra se arrisca em apostar que a escolha acontece com a mesma naturalidade com que eles se enquadram dentro de um gênero musical, que segue um mesmo tipo de alimentação e modo de vestir. Com a bebida deve acontecer algo semelhante, embora a cerveja seja a primeira opção entre todos os grupos.

A facilidade com que são adquiridas as bebidas continua é algo preocupante. "A vontade de beber do jovem é igual a sexo, velocidade, esportes radicais e o perfil contestador", afirma .

O Cisa considera inaceitável o consumo de bebidas alcoólicas nas seguintes condições: menores de 18 anos; gravidez; quando a atenção e reação sejam plenamente exigidas (direção de veículos automotores e operação de máquinas); e pessoas com dependência do álcool ou em uso de medicamentos cujos efeitos possam ser alterados pelo consumo concomitante de álcool. 

Fonte: Diário do Nordeste

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