quarta-feira, 17 de julho de 2013

 


Facilidade de conseguir crack atrapalha programa contra a droga.

Bom Dia Brasil.

Um ano após a ocupação da cracolândia, em São Paulo, a droga continua um problema de saúde pública, de segurança e social.
A alta dependência de crack é considerada um problema de saúde pública e de segurança, principalmente nas maiores cidades. Mas o maior problema ainda é a facilidade pra conseguir a droga e se o crack chegou às ruas é porque o combate ao tráfico falhou pelo caminho.
Na cidade de São Paulo, vários pontos de crack atraem milhares de pessoas. É um problema de segurança, de saúde pública e social.
Cracolândia vem do inglês: terra do crack. Um mundo à parte aqui ao nosso lado, onde tudo gira em órbita dessa droga. “Aqui é fácil de conseguir o crack. É fácil de conseguir dinheiro”, diz um usuário. O repórter pergunta como ele consegue dinheiro, e ele responde: “Roubando”.
No começo do ano passado, a polícia ocupou a cracolândia, prendeu suspeitos, recolheu droga e acabou espalhando usuários de crack por outros pontos da cidade. Este ano, o Governo do Estado e a Justiça montaram um plantão pra agilizar os pedidos de internação dos dependentes.
Até agora, apenas uma pessoa foi internada compulsoriamente, ou seja, por ordem do juiz:
96 a pedido da família e mais de mil por vontade própria. Voluntários de uma ONG tentam convencer os usuários de crack a buscar tratamento.
O governo também anunciou a distribuição de um cartão com crédito para que as famílias pudessem pagar o tratamento em clínicas. O cartão deveria ser distribuído a partir deste mês, mas o programa ainda está em fase de implantação.
Para a coordenadora do trabalho contra as drogas no estado de São Paulo, falta mais estrutura para atender os dependentes.
“Tem um imaginário aí que se pegar as pessoas à força e colocar dentro de um hospital. O mundo vai ficar bonito. Não vai funcionar desse jeito. Hoje a gente tem vários dispositivos de saúde que os municípios podem dispor, os centros de atenção psicossocial, as unidades de acolhimento são fundamentais para a organização da rede de atenção. As enfermarias em hospitais gerais, os leitos de saúde mental em hospital geral”, declara Rosângela Elias, coordenadora de álcool e drogas da Secretaria Estadual da Saúde.
O médico Arthur Guerra acha que a internação é fundamental como o primeiro passo, mas não há leitos suficientes. Diz que falta também investir na ressocialização.
“Falta um braço social. Falta um braço que dê ao usuário de crack a possibilidade de ter uma carteira de trabalho, de buscar emprego”, diz Guerra, chefe do grupo de álcool e drogas da USP.
A chegada do crack até o usuário, nas ruas, significa que houve uma falha de segurança ao longo de centenas, milhares de quilômetros. Significa que a matéria-prima, a pasta-base de cocaína, entrou no país, atravessou uma parte dele e nenhuma polícia foi capaz de interceptar. Os nossos vizinhos especialistas na produção da droga são bem conhecidos.
Colômbia, Peru e Bolívia produzem praticamente toda a cocaína do mundo. Ela entra no Brasil pelas fronteiras em Roraima, Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A Polícia Federal desarticulou 42 quadrilhas nas fronteiras em um intervalo de um ano e meio e apreendeu 40 toneladas de cocaína. Mas a secretária nacional de Segurança Pública diz que é impossível vigiar 17 mil quilômetros de fronteiras.
“Nós elencamos 60 pontos de vulnerabilidade. Temos tentado aportar a esses pontos para além de homens equipamentos de vigilância, de tecnologia para que os policiais possam para além da força física, usarem também a inteligência para combaterem o tráfico de drogas”, declara Regina Miki, da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
A Missão Belém trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo na recuperação de dependentes de drogas. Desde o final de 2012 a ONG já acolheu três mil pessoas e 540 estão nas casas da instituição. Apenas 200 pessoas que foram acolhidas voltaram às ruas.

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