sábado, 29 de junho de 2013



Recuperação de usuários de drogas é eficiente com famílias fortalecidas.
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Para o “Dia Internacional de Combate ao Uso e o Tráfico de Drogas”, fixado em 26 de junho pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1987, a Coordenação de Políticas sobre Drogas, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, organizou um encontro sobre prevenção e o papel da família no enfrentamento à dependência química, para os funcionários da pasta.

A secretária da Justiça, Eloisa de Sousa Arruda, mencionou sua recente viagem a Roma, onde constatou a amplitude mundial dos problemas oriundos da drogadição, após conversas com representantes de outros países, no evento.

“A desordem social decorrente do drama das drogas é uma realidade mundial, fruto de instabilidades de nossa sociedade”, ponderou. “Precisamos rever e fortalecer o papel das famílias, do cumprimento do papel de ser mãe, de ser pai e de ser filho também”.

O coordenador de Políticas sobre Drogas, Mário Sérgio Sobrinho, endossa a importância de uma família fortalecida no tratamento do dependente químico. “Pesquisas indicam que o êxito é maior em casos de recuperação nos quais a família participa e está presente, bem maior do que em casos de pessoas que se tratam isoladamente”.

Grupos familiares

Os grupos de apoio a familiares de dependentes químicos, como Amor Exigente, Al-Anom e Nar-Anon, ajudam no processo de fortalecimento. “Cheguei ao Amor Exigente há 11 anos, quando descobri que minha família era disfuncional”, relatou o vice-presidente da instituição, Luiz Fernando Cauduro. “Três dos meus quatro filhos estavam envolvidos com drogas, um deles foi internado. Tempos depois, minha esposa se viciou em remédios benzodiazepínicos, também foi internada”.

Cauduro buscou ajuda e força no grupo, que tem como lema “viver o agora” e “viver sua própria felicidade”. “Aprendi a mudar meu comportamento e não querer mudar o do outro”. A experiência lhe deu fôlego para encarar mais um caso de dependência na família, dessa vez de álcool. “Recentemente, minha irmã foi resgata da rua pelo Samu, chegou ao seu fundo de poço”.

Além do Amor Exigente, membros de outros grupos contaram como adquiriram forças na luta contra as drogas dentro de casa. “Quando a dependência química bateu em minha porta, foi assustador. Sou mãe de um dependente de drogas”, contou uma integrante do grupo familiar Nar-Anon.

Por se tratar de grupos anônimos, a identidade de seus membros precisa ser preservada. “Usamos os 12 passos dos anônimos, no início não me identifiquei dentro do grupo, mas acabei voltando”, explicou a mãe. “Vivenciar experiência com dependentes químicos não é fácil. A preocupação dos pais em proteger, cuidar e facilitar é muito maior. Por isso vejo importância de nós, familiares, encontrarmos uma porta sempre aberta”.

Grupos familiares se tornam base para as pessoas que os procuram, geralmente fragilizadas e entristecidas. “Quando cheguei ao grupo, tive uma estrutura, um apoio. Aprendi que a doença é do meu marido, não minha”, disse uma frequentadora do Al-Anon, grupo anônimo para familiares de alcoólatras. Ela frequenta as reuniões há 17 anos. “O programa não faz o familiar parar de beber, mas é um programa para mim”.

Hip Hop

Um grupo de adolescentes, que integra a comunidade terapêutica da Instituição Padre Haroldo, acordou às 5h da manhã, em Campinas, enfrentou estrada com forte chuva para chegar a tempo de se apresentar em São Paulo, na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Os meninos formam o grupo de dança de hip hop “Casa Jimy”.

Antes de chegar ao hip hop, esses jovens foram reféns das drogas. Hoje, após o acolhimento e o processo de recuperação, demonstram fôlego e energia, naturais da idade, principalmente no palco.

“Temos aula de dança hip hop duas vezes por semana”, contou um garoto de 18 anos. “Além da dança, praticamos várias atividades como futebol, basquete, cuidamos da horta, fazemos artesanato e também temos escola”.

Os meninos atendidos pela Instituição do Padre Haroldo tem acompanhamento de psicólogos e outros profissionais, seguem os 12 passos dos anônimos e trabalham a espiritualidade. “Nas reuniões, expressamos nossos sentimentos e nossa experiência na comunidade, com apoio da psicóloga”, disse o jovem. “Contamos as coisas boas e as dificuldades”.

Fabiana Campos
Assessora de Comunicação
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Governo do Estado de São Paulo

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