A
DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA SERÁ SOLUÇÃO
OU
AUMENTARÁ OS PROBLEMAS?
No momento em que se
discute a possível descriminalização da maconha, é sempre bom lembrar de que os
problemas causados pelo uso de substâncias psicoativas apresentam-se
atualmente, como um grave problema de saúde pública. Além dos problemas com as
drogas legalizadas o álcool e o tabaco com a descriminalização do uso da
maconha haverá um aumento no número de dependentes e o Estado terá um gasto
ainda maior para tratar também os problemas de saúde desses usuários.
Muitas dúvidas surgem em
torno da descriminalização do uso da erva, cito como exemplo: A
descriminalização da maconha será solução ou aumentará os problemas
relacionados á saúde, aos acidentes? Quem irá produzir? Qual a quantidade de
drogas para uma pessoa ser considerada usuário ou traficante? Qual o impacto da
descriminalização na saúde das futuras gerações, especialmente dos
adolescentes?
Vamos rever a opinião de 04
especialistas sobre os malefícios causados pelo uso da maconha:
Dr.
Claudio Jerônimo – Psiquiatra
É relativamente fácil
identificar um transtorno psicótico transitório induzido por maconha. Os
sintomas têm relação com o uso da substância e se desenvolvem dentro de um mês
após o uso ou durante a intoxicação. Classicamente se apresentam como delírios
(ideias persecutórias), alucinações auditivas, prejuízo da crítica e agitação
psicomotora, e melhoram com a abstinência. Também é fácil reconhecer quando a
maconha está associada à esquizofrenia. Após um período de uso, principalmente
na adolescência, o paciente apresenta um surto psicótico típico com delírio,
alucinação, discurso desorganizado, embotamento afetivo, disfunção social
progressiva e, ao longo do tempo, piora dos sintomas negativos, tais como
embotamento, alogia (falta de raciocínio lógico) e avolição (falta de motivação
para tarefas do cotidiano). Esse é um quadro grave, incurável e totalmente
incapacitante.
Dr.
Valentim Gentil – Psiquiatra
A maconha não é um fármaco.
É uma mistura de flores, folhas e hastes da planta Cannabis sativa (cânhamo).
Ela contém centenas de substâncias, algumas com possível ação terapêutica,
outras altamente tóxicas. Haxixe e skunk são outras misturas. Os efeitos
psicoativos e medicinais da Cannabis são conhecidos há séculos. Suas ações no
cérebro são produzidas pelos canabinoides. O delta-9-tetraidrocanabinol (THC)
melhora náuseas, dores e espasticidade (contração muscular involuntária), mas
também é o principal responsável pelos efeitos psicoativos, como alterações do
humor, do pensamento e do comportamento, alucinações e outros distúrbios de
percepção. Outra molécula presente na maconha é o canabidiol (CBD), que tem
sido testado para uso medicinal em neurologia e psiquiatria. Há muito se sabe
que o uso de Cannabis agrava transtornos mentais pré-existentes. O THC e outros
canabinoides, diferentemente do álcool e do tabaco, podem gerar estados
psicóticos agudos e crônicos. A interação entre predisposição genética e demais
fatores físicos e emocionais que resultam na constituição do indivíduo, o
início precoce do uso, a frequência do consumo e o alto teor de THC pode causar
e não só desencadear psicoses, antecipar a idade do primeiro surto e levar à
persistência da psicose mesmo após a interrupção do uso da droga.
Dr.
Ronaldo Laranjeira – Psiquiatra
É importante pontuar uma
questão: existe uma diferença entre fumar maconha e usar uma substância
presente em sua composição para fins medicinais. A comunidade médica é
favorável sim ao uso terapêutico de substâncias, o que é muito diferente de
simplesmente apoiar o ato de fumar maconha, que contém centenas de outras
substâncias, muitas nocivas ao organismo. Diversos estudos demonstram que o THC
afeta os sistemas vascular e nervoso central, alterando o funcionamento normal
do cérebro e provocando diversas reações. Um estudo conduzido durante vinte
anos pelo pesquisador Wayne Denis Hall, conselheiro da Organização Mundial de
Saúde (OMS) indicou que a droga se caracteriza por ser viciante (um em cada dez
adolescentes que fumam maconha frequentemente se torna dependente), pelo
comprometimento intelectual em usuários regulares (prejudicando atividades como
estudos ou trabalho) e por dobrar o risco de desenvolvimento de doenças
psíquicas, como esquizofrenia e síndrome amotivacional, uma doença muito
similar à depressão, que provoca falta de motivação para realizar tarefas.
Dr.
Antônio Geraldo da Silva – Psiquiatra
Sou contra qualquer
facilitador de acesso a qualquer droga. Sou contrário ao acesso ao cigarro e ao
álcool, é preciso deixar claro que isso não diz respeito somente à maconha. Sou
médico, como posso facilitar o acesso a substâncias que causam doenças mentais?
A descriminalização da maconha vai aumentar e muito o número de pessoas com
transtornos mentais. Hoje, o sistema público não consegue ter espaço para atender
os alcoólatras que temos. Vamos ter o uso de mais uma droga que muda a atitude
das pessoas? A nossa luta é para dificultar o acesso ao álcool e jamais
discutir o acesso a outra droga. O Brasil não comporta mais doentes. Temos 2
milhões de dependentes de maconha, libera tudo e vamos ver como vai ficar isso.
Você vai entrar em um avião e vê que o comandante tem um maço de maconha no
bolso. Como você vai se sentir? Você está em um centro cirúrgico, sua mãe vai
entrar para a operação, o médico chega com um maço de maconha no bolso, como
fica a sua tranquilidade? Tem gente que tem o absurdo de dizer que a maconha
não provoca nada. Quanto estão ganhando para dizer isso? [4]
Organizações criminosas
Sabemos que as drogas fazem
mal, levam a dependência, causa mortes, destruições, violência. A
descriminalização não é o caminho para resolver ou diminuir os problemas. As
organizações criminosas serão beneficiadas com a descriminalização, já que
aumentará o número de “clientes”, de usuários e dependentes e assim os traficantes
expandirão cada vez mais suas vendas.
*Adriana
Moraes - Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina) - Especialista em Dependência Química - Colaboradora do site da UNIAD
(Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
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