EFEITOS
NEGATIVOS DA MACONHA.
A maconha é a substância
proibida por lei mais usada em nosso país. Trata-se de uma erva polêmica que
gera discussões, em especial sobre a possível descriminalização e seus
malefícios.
Descriminalizar significa
retirar do consumo de drogas o caráter criminoso, isentar, inocentar, ou seja,
não penalizar o consumo.
A estimativa da OMS
(Organização Mundial da Saúde) é de que haja 181,8 milhões de usuários de
cannabis, em suas preparações mais comuns, como maconha e haxixe, com idade
entre 15 e 64 anos no mundo. [1]
No Brasil cerca de 1,5
milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente. O dado faz parte do
II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), Segundo o estudo, 3,4 milhões
de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões já
experimentaram maconha alguma vez na
vida, o equivalente a 7% da população brasileira. Desses, 62% deles tiveram
contato com a droga antes dos 18 anos. [2]
Seu principal ativo mais
importante é o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC). É a concentração do THC que
determina a potência dos efeitos. O THC é rapidamente absorvido dos pulmões
para a corrente sanguínea, na qual atinge um pico de concentração 10 minutos
após ter sido inalado [3]
O THC afeta primeiramente o
funcionamento do sistema vascular e do sistema nervoso central. Muitos estudos
demonstram que a intoxicação pelo THC compromete a capacidade de dirigir
automóveis e de realizar outras atividades que requeiram maior atenção e
coordenação motora até cerca de 10 horas após o uso. [3]
Processo
no Supremo Tribunal Federal
A maconha continua sendo
uma substância psicoativa proibida por lei, mas não podemos esquecer de que o
Supremo Tribunal Federal (STF) deverá retomar o julgamento sobre a
descriminalização das drogas. Até o presente momento três dos onze ministros
votaram a favor da descriminalização do uso e porte da maconha:
O ministro Gilmar Mendes
relator do processo, votou pela descriminalização do porte de todas as drogas
(estimulantes, depressoras, perturbadoras), para consumo próprio.
O ministro Edson Fachin
durante seu voto alertou que “É preciso deixar nítido que o consumo de drogas
pode acarretar sérios transtornos e danos físicos e psíquicos", mas
defendeu a descriminalização da maconha.
Já o ministro Luis Roberto
Barroso descriminalizou o uso da maconha e propôs o cultivo de até 06 plantas
“fêmeas” e o porte de 25 gramas da erva, (substância perturbadora do sistema
nervoso central) por pessoa para consumo próprio.
A expectativa em relação a
esse julgamento é enorme, seguimos no aguardo do Supremo.
Efeitos
negativos da maconha
Fumar maconha produz
mudanças bastante rápidas no humor, percepção de tempo, memória e outros
aspectos da função cerebral. Os efeitos mais desejados são uma sensação de
euforia, relaxamento e bem-estar geral. [4]
Ansiedade, disforia, pânico
e paranoia são os efeitos indesejáveis mais comumente relatados por usuários
não familiarizados com seus efeitos. Sintomas psicóticos, como delírios e
alucinações, também podem ocorrer com o uso de altas doses. [3]
Síndrome
amotivacional
É uma consequência do uso
crônico e pesado da maconha. Este quadro é caracterizado pela diminuição da
energia e da vontade, assim como prejuízo social e ocupacional significativos.
Na síndrome amotivacional nota-se diminuição da capacidade de atenção e
julgamento, além de introversão, com diminuição da comunicação e das
habilidades sociais.
Principais efeitos causados
pelo uso agudo da maconha.
Gerais: relaxamento,
euforia, pupilas dilatadas, conjuntivas avermelhadas, boca seca, aumento do
apetite, rinite, faringite.
Neurológicos:
comprometimento da capacidade mental, alteração da percepção, alteração da
coordenação motora, maior risco de acidentes, voz pastosa (mole).
Cardiovasculares: aumento
dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial.
Psíquicos:
despersonalização, ansiedade/confusão, alucinações, perda da capacidade de
insights, aumento do risco de sintomas psicóticos entre aqueles com história
pessoal ou familiar anterior.
Principais
efeitos causados pelo uso crônico da maconha.
Gerais: fadiga crônica e
letargia, náusea crônica, dor de cabeça, irritabilidade.
Neurológicos: diminuição da
coordenação motora, alterações de memória e da concentração, alteração da
capacidade visual, alteração do pensamento abstrato.
Psíquicos: depressão e
ansiedade, mudanças rápidas de humor, irritabilidade, ataques de pânico,
tentativas de suicídio, mudanças de personalidade.
Respiratórios: tosse seca,
dor de garganta crônica, congestão nasal, piora da asma. Infecções frequentes
dos pulmões, bronquite crônica.
Reprodutivos:
infertilidade, problemas menstruais, impotência, diminuição da libido e da
satisfação sexual.
Sociais: isolamento social,
afastamento do lazer e de outras atividades sociais.
Síndrome
de abstinência
Definida como um conjunto
de sinais e sintomas que surgem na suspensão do consumo de drogas geradoras de
dependência física e psíquica. [3]
Os sintomas de abstinência
favorecem para o desenvolvimento da dependência e dificultam a interrupção do
uso. A síndrome de abstinência de maconha tem sido descrita por sintomas que
desaparecem com a retomada do consumo.
Os principais sintomas
relatados são:
- Desconforto generalizado;
- Fissura;
- Diminuição do apetite;
- Perda de peso;
- Inquietação;
- Problemas para dormir;
- Agressividade;
- Irritabilidade;
- Tremores;
- Angústia;
- Cansaço;
- Sonhos estranhos;
- Sintomas depressivos.
*Adriana Moraes - Psicóloga
da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) - Especialista
em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em
Álcool e Drogas).
**Dr. Claudio Jerônimo da
Silva - Psiquiatra, Diretor da Unidade Recomeço Helvétia, Diretor da UNIAD
(Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
Referências:
[1]
http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/24201-oms-cannabis-%C3%A9-droga-il%C3%ADcita-mais-consumida-no-mundo-com-180-milh%C3%B5es-de-usu%C3%A1rios
[2] Pesquisa do II LENAD
(Levantamento Nacional de Álcool e Drogas São Paulo) – Disponível em:
http://inpad.org.br/lenad/resultados/maconha/resultados-preliminares/ acesso em 29/07/2016.
[3] Aconselhamento em
dependência química / Neliana Buzi Figlie, Selma Bordin, Ronaldo Laranjeira. 2ª
ed. São Paulo: Roca, 2010.
[4] Prática psicoterápica
eficaz dos problemas com álcool e drogas. Arnold M. Washton, Joan E. Zweben;
tradução Mônica Armando – Porto Alegre; Artmed, 2009.
[5]
http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/23150-o-impacto-da-maconha-na-vida-dos-usu%C3%A1rios
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