domingo, 21 de setembro de 2014




Valorizando a vida.


A angústia e sofrimentos quando nos informam que alguém da nossa família está envolvido com drogas. Vem às dúvidas, o não querer acreditar, a procura por pistas, a espionagem em roupas, amizades, saídas e por ai vai.
Quando passamos da fase da dúvida para a certeza e descortinamos os sofrimentos que sabemos que virão, pois hoje conhecemos por ver, ouvir e ler nos meios de  comunicação os diversos dramas causados por quem se envolve com drogas, quando também sabemos os males que acontecem próximos a nós.
Quando nossos filhos não voltam para casa e perambulam pelas ruas, morros casas de amigos vamos à procura deles; ou quando não sabemos deles por vários dias, passamos noites em claro, do lado do telefone, na janela, no portão procurando um sinal e quando os encontramos somos recebidos com palavras duras, que nos ferem e machucam.
Quando temos que deixar nossa casa, o nosso conforto perseguidos por cobradores, para defender a vida (pois muitos são jurados de morte), por vingança da vizinhança, quando achamos que mudando de casa a situação será resolvida e não enfrentamos o problema só o adiamos e o rolamos como uma bola de neve, só transferimos o problema de lugar, quando tem que ir para clínicas e comunidades terapêuticas e nós muitas vezes para ficar perto deles também nos transferimos para onde eles estão.
Sofremos nos tribunais aguardando a sentença, nos presídios, nas comunidades terapêuticas, quando os filhos são vistos, mas não podem ser levados para casa. A dor da espera na porta de hospitais ou nas visitas aos presídios.
Filhos baleados , esfaqueados, acidentados, ossos ressequidos pelo crack, alucinados,  surtados, corpos sem vida depositados em nossos braços, não cândido e belo como nasceu e cresceu, mas morto e chagados, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino, que tantas vezes apertamos em nosso coração.
Quando esta mãe procurou ajuda, falaram para ela que esse ai não adianta fazer nada ou só podemos ajudar se ele quiser.
Eu toco este texto de Ana Martins Godoy Pimenta, coordenadora nacional da Pastoral da Sobriedade de forma apaixonante.
 Trago também alguns conceitos e uma visão política do que vem acontecendo na nossa sociedade que é alienada e alienante,de como vem sendo gradativamente esvaziada dos valores de companheirismo,solidariedade, ausência de uma Lei internalizada, que nos coloque os limites,da escolha só voltada para o poder, dinheiro,narcisismo,dos valores fascistas existentes, a lei da máfia já vigora nas comunidades,sem falar na Lei do silencio.
 Enfim, penso que faz reflexões que são importantes, para todos nós, como pessoas.  Quando. questões que envolvem as drogas que provocam alterações na capacidade nossa de auto-avaliação, evidentemente que vão roubar a nossa capacidade de tomar decisões...que liberdade é essa, quando o que a DQ atinge em cheio a liberdade de escolhas?
 Pergunto-me também se não é a forma de aumentar a cumplicidade do sistema social na proliferação dos hábitos tóxicos. Quando o seu limite será quando roubar, matar, destruir sua e outras famílias. Até onde vai o limite de ir e vir, eutanásia individual é crime mais coletiva não.
 Quantos séculos foram necessários para aceitarmos que a loucura individual é também um sintoma de transtornos coletivos, um emergente cultural e não sua negação?
 A marginalização social do louco, como também a do D.Q., responde a necessidade que tem a sociedade de manter ocultas suas próprias contradições. È por isso que a dependência química deve ser focalizada simultaneamente como doença e como uma denuncia, e neste sentido compromete todo o meio ambiente onde ela prolifera.
Sei que parece uma discussão "filosófica", mas não é,entre os muitos caminhos que levam a aquisição de uma identidade drogaditiva, está o da renuncia a esperança de modificar o meio social que oprime em vários níveis e com varias roupagens de apresentação.
O tratamento não é uma opção e sim uma prioridade, porque existe alegria da volta de um tratamento, a recuperação de um ser humano, à volta a família, ao trabalho e ao estudo, o ganho da confiança e a dignidade perdida.

E nós, estamos valorizando a vida?.

Tadeu Assis

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