Valorizando a vida.
A
angústia e sofrimentos quando nos informam que alguém da nossa família está envolvido
com drogas. Vem às dúvidas, o não querer acreditar, a procura por pistas, a
espionagem em roupas, amizades, saídas e por ai vai.
Quando
passamos da fase da dúvida para a certeza e descortinamos os sofrimentos que
sabemos que virão, pois hoje conhecemos por ver, ouvir e ler nos meios de comunicação os diversos dramas causados por
quem se envolve com drogas, quando também sabemos os males que acontecem
próximos a nós.
Quando
nossos filhos não voltam para casa e perambulam pelas ruas, morros casas de
amigos vamos à procura deles; ou quando não sabemos deles por vários dias,
passamos noites em claro, do lado do telefone, na janela, no portão procurando
um sinal e quando os encontramos somos recebidos com palavras duras, que nos
ferem e machucam.
Quando
temos que deixar nossa casa, o nosso conforto perseguidos por cobradores, para
defender a vida (pois muitos são jurados de morte), por vingança da vizinhança,
quando achamos que mudando de casa a situação será resolvida e não enfrentamos
o problema só o adiamos e o rolamos como uma bola de neve, só transferimos o
problema de lugar, quando tem que ir para clínicas e comunidades terapêuticas e
nós muitas vezes para ficar perto deles também nos transferimos para onde eles
estão.
Sofremos
nos tribunais aguardando a sentença, nos presídios, nas comunidades
terapêuticas, quando os filhos são vistos, mas não podem ser levados para casa.
A dor da espera na porta de hospitais ou nas visitas aos presídios.
Filhos
baleados , esfaqueados, acidentados, ossos ressequidos pelo crack,
alucinados, surtados, corpos sem vida
depositados em nossos braços, não cândido e belo como nasceu e cresceu, mas
morto e chagados, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador
menino, que tantas vezes apertamos em nosso coração.
Quando
esta mãe procurou ajuda, falaram para ela que esse ai não adianta fazer nada ou
só podemos ajudar se ele quiser.
Eu
toco este texto de Ana Martins Godoy Pimenta, coordenadora nacional da Pastoral
da Sobriedade de forma apaixonante.
Trago também alguns conceitos e uma visão
política do que vem acontecendo na nossa sociedade que é alienada e
alienante,de como vem sendo gradativamente esvaziada dos valores de
companheirismo,solidariedade, ausência de uma Lei internalizada, que nos
coloque os limites,da escolha só voltada para o poder, dinheiro,narcisismo,dos
valores fascistas existentes, a lei da máfia já vigora nas comunidades,sem
falar na Lei do silencio.
Enfim, penso que faz reflexões que são
importantes, para todos nós, como pessoas. Quando. questões que envolvem as drogas que
provocam alterações na capacidade nossa de auto-avaliação, evidentemente que
vão roubar a nossa capacidade de tomar decisões...que liberdade é essa, quando
o que a DQ atinge em cheio a liberdade de escolhas?
Pergunto-me também se não é a forma de
aumentar a cumplicidade do sistema social na proliferação dos hábitos tóxicos. Quando
o seu limite será quando roubar, matar, destruir sua e outras famílias. Até
onde vai o limite de ir e vir, eutanásia individual é crime mais coletiva não.
Quantos séculos foram necessários para
aceitarmos que a loucura individual é também um sintoma de transtornos
coletivos, um emergente cultural e não sua negação?
A marginalização social do louco, como também
a do D.Q., responde a necessidade que tem a sociedade de manter ocultas suas
próprias contradições. È por isso que a dependência química deve ser focalizada
simultaneamente como doença e como uma denuncia, e neste sentido compromete
todo o meio ambiente onde ela prolifera.
Sei
que parece uma discussão "filosófica", mas não é,entre os muitos
caminhos que levam a aquisição de uma identidade drogaditiva, está o da renuncia
a esperança de modificar o meio social que oprime em vários níveis e com varias
roupagens de apresentação.
O
tratamento não é uma opção e sim uma prioridade, porque existe alegria da volta
de um tratamento, a recuperação de um ser humano, à volta a família, ao
trabalho e ao estudo, o ganho da confiança e a dignidade perdida.
E
nós, estamos valorizando a vida?.
Tadeu Assis
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