terça-feira, 11 de março de 2014

 


Por que jovens e adolescentes devem dizer NÃO à maconha?


Diário da Manhã - DRª. DALVA DE JESUS CUTRIM MACHADO

Atualmente, discute-se no âmbito científico internacional, a possibilidade da utilização da maconha como terapia medicamentosa para atingir a cura e alívio de dores crônicas, estimular o apetite em pacientes com aids e realizar tratamento da náusea causada pela quimioterapia em pacientes com câncer. Porém, no Brasil, e a maioria da comunidade científica internacional, não a reconhece como terapia medicamentosa, pois a maconha possui um efeito colateral gravíssimo: a psicoatividade, que pode causar severas alucinações. Além disso, o mercado farmacológico possui outros medicamentos que alcançam efeitos terapêuticos concretos e assertivos sem qualquer tipo de dependência, quando utilizados de maneira correta e com acompanhamento médico.
 No Brasil, a questão da legalização da maconha, torna-se cada vez mais latente nos debates sociais e jurídicos, tendo em vista que esta é a droga ilícita mais consumida pelos adolescentes e jovens brasileiros, segundo pesquisas  realizadas pela Organização Mundial de Saúde.
 A adolescência é um período da vida do ser humano dotado de intensas transformações físicas, cognitivas, psicológicas, comportamentais e hormonais. Como essas transformações ocorrem de forma concomitante, geralmente acarretam conflitos, vários questionamentos, sentimentos de angústia e ansiedade, podendo ocasionar até mesmo transtornos de personalidade.
 É nesta época, inclusive, que surge o desejo e a  necessidade de conhecer, e muitas vezes experimentar, o que a vida tem a oferecer, seja de bom ou de ruim, cabendo a cada pessoa realizar suas próprias  escolhas.
 Então, é natural que a maioria dos jovens, principalmente os adolescentes, não tenham maturidade cognitiva e emocional suficiente para compreender que o uso da maconha pode causar dependência e sérios danos à saúde física e mental dos seus usuários. Para reforçar essa falta de consciência, há ainda uma crença errônea que a maconha é uma "droga leve, boa e inofensiva", sem consequências negativas para a saúde da pessoa, quando comparada a outras drogas ilícitas como exemplo, a cocaína ou o crack. Esta certeza pode ser um dos motivos responsáveis pelo aumento considerável do consumo da maconha pelos jovens, principalmente nas últimas décadas.            
  O "baseado"¸ como a maconha é popularmente conhecida, é visto como um alucinógeno, uma droga psicoativa (aquela que age diretamente no psíquico e no comportamento) perturbadora do sistema nervoso central, ocasionando o comprometimento das funções cerebrais. Mesmo tendo ciência das graves consequências do seu uso, as pessoas ainda continuam consumindo, em função principalmente de suas propriedades sedativas e da capacidade de gerar falsas sensações de prazer, bem estar, euforia e relaxamento momentâneo.
Pesquisas tem mostrado que nem todos os efeitos gerados pelo uso da maconha são prazerosos.  Dentre os efeitos colaterais negativos gerados no organismos destacam-se a sensação de boca seca, ocasionado pela diminuição da saliva, dilatação das pupilas, conjuntivas avermelhadas, redução da  coordenação motora e dos reflexos, queda significativa da produção de hormônios sexuais, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, tosse, faringite, sinusite, asma, taquicardia, tontura, aumento da acuidade visual e hiperestesia sensorial, ou seja, aumento da intensidade das sensações, além da queda de 50 a 60% na produção de testosterona o que poderá causar graves consequências na fertilidade e desempenho sexual do homem, com a consequente diminuição da libido e satisfação sexual.
   Os sintomas psicológicos se apresentam de  diversas formas, sendo as principais: irritabilidade; ansiedade; angústia; depressão; ataque de pânico; sonolência; despersonalização; ainda podem ocorrer efeitos euforizantes como sensação de relaxamento, e lentificação do tempo, aumento da percepção das cores, voz pastosa, sentimento de autoconfiança e grandiosidade, desorientação, e até tentativa de suicídio.
  O uso contínuo da maconha desencadeia a Síndrome Amotivacional, caracterizada por um transtorno do comportamento, em que a pessoa sofre severas diminuições de energia e da vontade diante das atividades cotidianas. Como consequência disso, o indivíduo tende a mudar seu estilo de vida, apresentando gradativamente, sintomas como apatia, retardo motor, passividade, prejuízos da memória, abandono dos estudos, falta às aulas, repetências, dificuldades na capacidades de tomar decisões pela falta da atenção e julgamento, descuido da aparência pessoal, perda na produtividade, falta de interesse e motivação em novas aquisições e em atividades direcionada a um objetivo, isolamento social e diminuição do diálogo e das habilidades sociais. Com isso, o usuário se torna cada vez mais contraproducente em quase todas as áreas existenciais.
A grande armadilha relacionada a maconha chama-se tempo. A pessoa que começa a usar, acredita sinceramente que jamais será atingida por um desses sintomas, pois tende a achar que pode parar no momento que melhor lhe convir. Como os sintomas são aparentemente "leves", as pessoas acham que as consequências também são. O funcionamento neurocerebral da atuação da cannabis equipara-se a uma ferrugem, quando a pessoa percebe, já esta com sérios comprometimentos, sendo seus efeitos revertidos com sérias dificuldades, e muitas vezes, não há mais como reverter, apenas amenizar.
  Certamente o uso da droga ameaça a adolescência, podendo causar transtornos e sequelas irreversíveis no desenvolvimento de sua vida futura.
 Diante desse cenário,  é possível perceber a importância do tratamento para os usuários de maconha, o qual deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar. Vale ressaltar que a psicoterapia comportamental cognitiva tem favorecido auxílio na identificação das causas do uso e dependência, por meio de tratamento com técnicas apropriadas para cada caso. Além disso, promove métodos adequados na prevenção para evitar recaídas, identificando situações de alto risco em relação ao uso da droga.
Com o desenvolvimento do processo terapêutico, ocorre a  possibilidade do indivíduo mudar seus pensamentos, percepções, e sistemas de crenças que ele tem do mundo e da vida. Desta forma, a pessoa poderá alcançar  saúde plena e aprender  a se conhecer e se comportar de forma assertiva no seu contexto.
Optar por uma vida saudável, é o primeiro passo para um futuro promissor.

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