DROGAS
FICARAM MAIS POTENTES AO LONGO DOS ANOS.
O Globo / Flávia Milhorance
Cocaína,
maconha e opiáceos foram afetados pela mudança de formulação em favor da
conquista de mercado. Na década de 60 a maconha tinha 0,5% de THC, a substância
psicoativa; atualmente esta concentração é de 5%.
Não
foi apenas o cigarro que se tornou mais potente e viciante ao longo das últimas
décadas. Mudanças na formulação ou na tecnologia também afetaram outras drogas
como maconha, cocaína e opiáceos (heroína), segundo estudo publicado na
“British Medical Journal” no ano passado. A conquista de mercados é tida como o
principal fator para estas transformações.
- Sem
dúvida as drogas estão mais fortes. O crack não existia há 40 anos, a maconha
era bem mais fraca e mesmo o álcool mudou. A tendência é com certeza torná-los
mais eficientes e viciantes - afirmou Ronaldo Laranjeira, da Unifesp.
Um
dos casos mais notórios é o da maconha, que recebeu um acréscimo significativo
de tetrahidrocarbinol (THC), a substância psicoativa. Em média, na década de 60
ela tinha uma concentração de 0,5% de THC e atualmente é de 5%, dez vezes mais,
segundo Laranjeira. Outros relatórios, como o do Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crime (UNODC), apontam para um aumento mais intenso nas últimas
décadas: de 1,5% para 4% entre 1980 e 1990. Além disso, óleos com maconha
regularizados nos EUA podem conter até 50% de THC.
- O
mercado lá é mais dinâmico e está se diversificando - disse Laranjeira, que
acrescentou: - Como no caso do cigarro, há aditivos. Plantadores de maconha
costumam fazer xixi nela porque sabem que a ureia torna a droga mais forte.
Segundo
o estudo britânico, enquanto o preço das drogas ilícitas despencou, a sua
pureza aumentou entre 1990 e 2007. No caso da cocaína, mais de 60%. Há mais de
três mil anos povos incas passaram a consumir folhas de coca para ter efeitos
estimulantes. No final do século XIX, ela foi sintetizada. Freud chegou a fazer
experimentos com a droga. De lá para cá, foi injetável, virou pó e virou base
para a produção do crack, uma das drogas mais devastadoras e viciantes. Com o
álcool, curiosamente, não foi tão diferente.
- O
álcool só existia em forma fermentada, como vinho e cerveja, em que o teor de
álcool não ultrapassava os 18%. No século XV, passou pelo primeiro processo de
destilação, e no século XVII surgiu o gim, com teor alcoólico de mais de 40%. A
partir daí aumentaram os problemas com a bebida.
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