Uruguai ouve posição brasileira, mas está
convencido em legalizar maconha.
O governo do Uruguai agradeceu nesta terça-feira qualquer
"contribuição" ao debate sobre a descriminalização da produção e
venda de maconha, em resposta à chegada ao país de uma missão brasileira que
tem por objetivo argumentar contrariamente à mudança na legislação uruguaia.
O secretário da Presidência e presidente da Junta Nacional de
Drogas, Diego Cánepa, disse que "todas as opiniões são uma
contribuição", ao ser consultado pela imprensa sobre a visita da delegação
do Brasil durante a apresentação de um relatório sobre cooperação internacional
no Uruguai.
No entanto, depois recalcou que "há um convencimento do
governo para não insistir em uma política que até agora não deu os resultados
esperados". Uma delegação oficial brasileira se reuniu hoje com parlamentares
uruguaios para advertir dos riscos para o país e a região da legalização de
compra, venda e cultivo de maconha.
A delegação é liderada pelo deputado federal Osmar Terra,
médico, ex-secretário de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul e colaborador próximo
da presidente, Dilma Rousseff.
Cánepa também comparou o projeto de lei, já aprovado na Câmara
dos Deputados e que deve ser ratificado no Senado este mês, com as restrições
ao consumo de tabaco implementadas no país nos últimos anos.
"O tabaco é a segunda droga mais consumida no Uruguai, e
quatro mil uruguaios morrem por ano de doenças relacionadas com o tabagismo. A
solução é proibir o cigarro e perseguir os fumantes como delinquentes?",
se perguntou.
"Não, a solução passa por um mercado fortemente regulado
que proíbe a publicidade, que estabelece claramente quem pode vender, com uma
fiscalização muito forte e com políticas muito restritivas e de controle de
mercado. Achamos que este é o caminho a seguir também com a maconha",
argumentou.
Explicou que no Uruguai "não está se criando um comércio
livre da droga, mas um mercado muito restrito em nível local, com um controle
do Estado muito forte, porque o objetivo é tratar o consumo e a
dependência".
No Senado o controvertido projeto de lei conta com votos
suficientes para aprovação já que o governo é maioria na casa. A legislação
poderia entrar em vigor antes de dezembro, depois de ser sancionada pelo
presidente José Mujica, que foi um de seus impulsores.
A iniciativa estabelece a criação de um ente estatal reguladora
encarregada de emitir licenças e controlar a produção e a distribuição da
droga.
Os
consumidores previamente registrados poderão comprar maconha em farmácias
especialmente determinadas, até o máximo de 40 gramas por mês, ou cultivar em
casa até seis plantas que produzam não mais de 480 gramas por colheita.
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