PRESIDENTE DA ABEAD SE POSICIONA CONTRA CAMPANHA DA AMBEV QUE UTILIZA PERSONAGENS INFANTISPRESIDENTE DA ABEAD SE POSICIONA CONTRA CAMPANHA DA AMBEV QUE UTILIZA PERSONAGENS INFANTIS.
A AMBEV, dona de marcas de cerveja como Skol, Antarctica, Brahma e Budweiser, lançou recentemente no mercado a campanha “Papo em Família”, que consiste em um material (cartilha, vídeo, tirinhas) da Turma da Mônica para falar sobre a idade certa para o consumo de bebidas alcoólicas.
Segundo a presidente da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), Ana Cecília Marques, é inadmissível ter o Cebolinha, um dos personagens principais das histórias infantis aprendendo sobre a hora certa de ingerir bebidas alcoólicas, tratando a cerveja como se fosse leite. “O Cebolinha faz parte do imaginário coletivo brasileiro, e vê-lo convivendo com a cerveja, até hoje considerada por muitos uma bebida mais fraca, é uma péssima influência, principalmente por passar a ideia que ela é quase como se fosse água para matar a sede, o que sem dúvida é influência negativa”, afirmou a psiquiatra.
A peça ainda retrata os parentes do Cebolinha na trama, colocando na figura do pai o papel de definitivamente inserir a cerveja na mesa da família brasileira, justamente em casa, local onde deveria prevalecer a prevenção, principalmente ao lidar com jovens. “Não é de hoje que a indústria do álcool traça estratégias para garantir a clientela das novas gerações, mas mexer com o lúdico das crianças já é demais”, comentou Ana Cecília Marques.
Além da tão usada mensagem que coloca “a bebida alcoólica como um produto qualquer”, depois daquela que insiste que “é só beber com moderação”, a campanha reforça uma nova vertente ao dizer que “o produto pode ser um hábito transgeracional, parte da cultura familiar”. Daqui a algum tempo, poderá se transformar em um valor familiar, indo mais além da família, atingindo seu entorno, pois lá também estão os amigos do Cebolinha. “Será que agora só nos resta esperar que por meio de suas propagandas inescrupulosas eles transformem a Mônica e suas amiguinhas em super mulheres, sensuais e poderosas, fantasiando que a bebida alcoólica é um produto que tem esse poder, e rapidamente nossas adolescentes irão bater todos os recordes do abuso e da dependência?”, indaga a presidente da ABEAD. “Onde estão os órgãos que controlam as propagandas? E diante de um crime tão contundente, vamos indiciar a indústria de bebidas alcoólicas ou o pai e a mãe do Cebolinha?”, conclui.
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