quinta-feira, 7 de novembro de 2013



"O MERCADO DA DROGA URUGUAIA SERÁ O BRASIL",
DIZ DEPUTADO OSMAR TERRA.

Terra, que fala nesta terça-feira no Senado uruguaio, se mostra contrário ao projeto do país de controlar a produção e a venda de maconha
Autor do projeto de lei antidrogas que tramita no Congresso brasileiro, defensor de penas mais duras para traficantes e da internação involuntária para dependentes químicos, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) leva seu discurso contra as drogas ao Uruguai. Na tarde desta terça-feira, o gaúcho fala em uma audiência no Senado uruguaio, que se prepara para votar o projeto que legaliza a produção e o consumo de maconha. Médico, com mestrado em neurociência, Terra fará discurso contrário ao projeto. O deputado teme que a legalização multiplique a entrada de maconha no Brasil, em especial no Rio Grande do Sul. Confira trechos da entrevista.
Zero Hora — Por que o senhor é contrário à legalização da maconha no Uruguai?
Osmar Terra — A liberação é um risco elevado, principalmente para juventude. Para quem luta contra a dependência, cada dia da abstinência é uma vitória. O projeto vai aumentar a oferta e vai aumentar a dependência. Não existe experiência no mundo em que se verificou redução no consumo de drogas após a liberação. A Suécia liberou drogas e teve de proibir nos anos 70, porque teve problemas de saúde e segurança. A própria Holanda tem restrições pesadas para o consumo fora de áreas autorizadas.
ZH — O senhor falará em nome do Congresso brasileiro, será uma posição oficial do parlamento?
Terra — Não sou governante. Vou falar como autor do projeto de marco legal das drogas no Brasil, já aprovado na Câmara, assim como o projeto uruguaio. Só que no Brasil a posição é diferente. Vou explicar porque os deputados do Brasil preferem penas mais duras para o tráfico e são contra liberar o uso de drogas. Falarei em nome da maioria dos deputados que aprovaram o projeto.
ZH — Qual o possível impacto no Brasil se o Uruguai legalizar a maconha?
Terra — Será grave, principalmente no Rio Grande do Sul, em virtude da fronteira. O mercado da droga uruguaia será o Brasil. O Uruguai tem população equivalente à Região Metropolitana de Porto Alegre. Vão produzir lá e o tráfico trará a droga para cá, será difícil controlar as fronteiras.
ZH — As autoridades brasileiras deveriam se preocupar?
Terra — O governo brasileiro e gaúcho deveriam estar preocupados. Vai acontecer o mesmo que acontece com a coca boliviana, onde não se consegue limitar a produção. Segundo dados da Polícia Federal, 85% da pasta base que chega ao Brasil vem da Bolívia. No caso uruguaio, a maconha entrará no Rio Grande do Sul. Vai impactar na saúde e na segurança do Estado.
ZH — A liberação da maconha no Uruguai pode mudar os rumos da lei antidrogas discutida no Brasil?

Terra — Não tenho medo que influencie. Tanto os deputados quantos os senadores observam nas suas bases a epidemia do crack vivenciada no Brasil. Pesquisas indicam que 83% dos usuários de drogas pesadas, como crack e cocaína, entraram nas drogas com a maconha.

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