sexta-feira, 17 de maio de 2013


Casos de doping por narcóticos, como cocaína e maconha, são maioria no mundo, de acordo com a Fifa.

Lucas Calil e Rafael Oliveira

A droga está mais presente no mundo do futebol do que se imagina. O caso do jovem Michael, do Fluminense, flagrado num jogo contra o Resende por uso de cocaína, ilustra o dado alarmante divulgado pela Fifa de que mais de 50% dos resultados adversos de exames são por narcóticos — mais do que outras substâncias para melhorar o rendimento, como anabolizantes, diuréticos e suplementos.
A Fifa informou ao Jogo Extra que, em média, 30 mil exames antidoping são feitos anualmente no mundo. Apenas cerca de 0,003% dos testes — entre oitenta e cem — acusam substância. Desses, mais da metade, segundo a entidade, aponta presença de drogas recreacionais, como cocaína e maconha. Um índice de base não só na performance em campo, mas com um componente social.

— Muitas vezes, o atleta vem de uma realidade social difícil e lida com a vida pessoal com despreparo, com dificuldades para controlá-la. Os jogadores são bastante ativos, e a droga interfere para aumentar a atenção, a energia. A cocaína é um estimulante — explica a psiquiatra Analice Gigliotti, especialista em várias formas de dependência.

Para o médico Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, é importante ressaltar que a cocaína, assim como a maconha, o crack e outros narcóticos, não deixa de operar como um estimulante de desempenho. Sobretudo a cocaína, que causa sensação de euforia, aumenta a concentração e aspectos perceptivos. E pode acelerar um problema médico irreversível, como um ataque cardíaco.

— No organismo, estimulantes como a cocaína bloqueiam a percepção de um esforço exagerado, facilitam o trabalho físico por um período mais prolongado, o que pode acabar sendo fatal. É uma droga que dá melhora atlética — explica Jomar. — A proibição desses narcóticos atende ainda a um aspecto educativo. Os jogadores são pessoas públicas, precisam mostrar atitudes nas quais a sociedade pode se espelhar.
O órgão internacional que regula o doping de qualquer esporte é a Wada (Agência Mundial Antidoping). A entidade, em relatório, informou que foram 108 casos no futebol mundial em 2011 (dados mais recentes).

A droga está mais presente no mundo do futebol do que se imagina. O caso do jovem Michael, do Fluminense, flagrado num jogo contra o Resende por uso de cocaína, ilustra o dado alarmante divulgado pela Fifa de que mais de 50% dos resultados adversos de exames são por narcóticos — mais do que outras substâncias para melhorar o rendimento, como anabolizantes, diuréticos e suplementos.
A Fifa informou ao Jogo Extra que, em média, 30 mil exames antidoping são feitos anualmente no mundo. Apenas cerca de 0,003% dos testes — entre oitenta e cem — acusam substância. Desses, mais da metade, segundo a entidade, aponta presença de drogas recreacionais, como cocaína e maconha. Um índice de base não só na performance em campo, mas com um componente social.

— Muitas vezes, o atleta vem de uma realidade social difícil e lida com a vida pessoal com despreparo, com dificuldades para controlá-la. Os jogadores são bastante ativos, e a droga interfere para aumentar a atenção, a energia. A cocaína é um estimulante — explica a psiquiatra Analice Gigliotti, especialista em várias formas de dependência.

Para o médico Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, é importante ressaltar que a cocaína, assim como a maconha, o crack e outros narcóticos, não deixa de operar como um estimulante de desempenho. Sobretudo a cocaína, que causa sensação de euforia, aumenta a concentração e aspectos perceptivos. E pode acelerar um problema médico irreversível, como um ataque cardíaco.

— No organismo, estimulantes como a cocaína bloqueiam a percepção de um esforço exagerado, facilitam o trabalho físico por um período mais prolongado, o que pode acabar sendo fatal. É uma droga que dá melhora atlética — explica Jomar. — A proibição desses narcóticos atende ainda a um aspecto educativo. Os jogadores são pessoas públicas, precisam mostrar atitudes nas quais a sociedade pode se espelhar.
O órgão internacional que regula o doping de qualquer esporte é a Wada (Agência Mundial Antidoping). A entidade, em relatório, informou que foram 108 casos no futebol mundial em 2011 (dados mais recentes).



No Brasil, índice inferior ao mundo: 30%

No futebol brasileiro, as drogas de abuso (aquelas usadas para efeito de prazer, como maconha, cocaína e crack) representam nos casos de doping uma porcentagem abaixo da média mundial: 30%. Apesar de menor, o número não deixa de preocupar as autoridades.

— Esse percentual não é alarmante, mas é preocupante. Tudo o que diz respeito a doping social deve preocupar, em qualquer segmento da sociedade — afirmou o chefe do departamento de controle de dopagem da CBF, Fernando Soléra.

Este dado, no entanto, retrata apenas uma pequena parte da realidade brasileira, já que os testes sofrem com uma série de limitações. Se nas competições regidas pela CBF há exames em jogos de todas as categorias, nos Estaduais é diferente. Como o antidoping é pago pelos clubes, sua realização não é obrigatória. Com isso, cada federação adota uma postura.

No Rio, por exemplo, o doping, que custa cerca de R$ 4 mil, é realizado apenas em jogos que tenham ao menos um clube grande, que arca com as despesas. O que abre margem para questionamentos quanto a possibilidade de haver casos não descobertos pela simples falta de exames ao final das partidas. Sem um sistema de fiscalização mais eficaz, a prevenção se torna a melhor arma ao alcance.

— É responsabilidade também dos clubes e federações educar essa rapaziada para prevenir o envolvimento com drogas. E não basta dar palestra, porque só isso não dá certo para os atletas que não querem prestar atenção. É um processo conjunto que envolve conversa com psicólogo e acompanhamento médico — afirmou Maurício Murad, sociólogo autor do livro "Para entender a violência no futebol".
Segundo Soléra, seja por drogas ou por estimulantes, o doping é tratado com a mesma severidade pelos tribunais. E mais do que os dois anos de punição, a carreira fica marcada. Na esfera esportiva ou social, trata-se de um drama que só faz vítimas.

Perfil típico é conhecido na base.

Falta de apoio familiar, mudança brusca de status financeiro, acesso aos privilégios da fama instantânea. Uma combinação que pode levar a consequências explosivas — e dramáticas. Segundo profissionais ligados ao dia a dia do futebol, o perfil mais comum dos jogadores que se envolvem com drogas reúne características como essas.

— Mesmo com todas as áreas multidisciplinares que há nos principais clubes, a gente acaba permanecendo por um período pequeno com o atleta. No restante do dia, eles ficam sujeitos a se envolver com drogas, principalmente aqueles que não têm familiares no mesmo estado e vivem sozinhos. São mais suscetíveis ainda os que, dentro deste cenário, estão começando a explodir para o futebol — afirmou Osmar Loss, técnico das equipes sub-23 e sub-20 do Internacional-RS.

O início da carreira profissional é justamente o momento em que o salário sofre um reajuste e o jogador começa a aparecer para a mídia. Com o aumento da visibilidade, cresce também o círculo de amizades.
— Nesse momento em que eles sobem (para o profissional) sempre vêm as amizades ruins. É na hora dos gols que surgem as namoradas e os que se dizem amigos — alertou Sandro Lima, vice de futebol do Fluminense.

A sensação de inclusão social é a faísca para a entrada no mundo das drogas. Um envolvimento alimentado pela necessidade de se manter aceito socialmente.

— A maioria deles passa da pobreza à fama num estalar de dedos e não têm estrutura para se prevenir das influências negativas — disse Maurício Murad.

O aumento da agressividade, o desrespeito aos horários e a perda do compromisso com o corpo são apontadas como as principais características dos jogadores depois que se deixam envolver pelo vício. O problema é que nem sempre essas alterações são percebidas com facilidade. Abrir o olho é pouco.


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