quinta-feira, 28 de março de 2013

 
 
O papel da família na prevenção e no consumo precoce de álcool.
Diálogo aberto e colocação de limites ajudam a proteger crianças e jovens do abuso de bebidas alcoólicas.
A família é um grupo social com uma organização complexa e que possui um papel fundamental na constituição dos indivíduos. Além de estar intimamente relacionada ao amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial, ela é responsável pelo processo de socialização primária, ou seja, quando a criança se adapta e se apropria das exigências do convívio em sociedade.
O contexto familiar é marcado por diversos períodos e eventos que afetam direta ou indiretamente todos os seus membros. Um exemplo é o período que corresponde à adolescência (12 a 18 anos), considerada uma fase de intensas transformações relacionais, especialmente entre pais e filhos. É uma etapa da vida na qual um indivíduo adquire habilidades e atributos necessários para se tornar adulto. Marcada pela busca de identidade, escolha de papéis, essa fase contempla também o desenvolvimento neurocognitivo - amadurecimento biológico que possui importante papel na tomada de decisões, no bem-estar emocional e no comportamento. Os jovens se veem repletos tanto de oportunidades quanto de vulnerabilidades associadas aos comportamentos de risco como, por exemplo, o início do uso de bebidas alcoólicas.
 
Família: influência positiva ou negativa?
 
Evidências científicas apontam que determinadas características ou situações podem aumentar ou diminuir a probabilidade de surgimento e/ou agravamento de problemas com o álcool, conhecidas como "fatores de risco e proteção". Dentre os fatores de risco se destacam: genética, transtornos psiquiátricos - transtornos de conduta - falta de monitoramento dos pais e disponibilidade do álcool. Já entre os fatores protetores, destacam-se: controle da impulsividade, supervisão dos pais, bom desempenho acadêmico e política sobre drogas. Vale ressaltar que os fatores de risco não são necessariamente iguais a todos os indivíduos e podem variar conforme a personalidade, a fase do desenvolvimento e o ambiente em que estão inseridos.
Diante deste cenário, pais e familiares desempenham um papel importante na prevenção do uso de álcool pelos jovens. As primeiras interações da criança ocorrem com seus familiares e podem ser positivas ou negativas. Por essa razão, os fatores que afetam o desenvolvimento na família são provavelmente os mais cruciais, podendo exercer tanto um caráter protetor como de risco para o uso e abuso do álcool.
Observamos em pesquisas científicas que as crianças estão mais propensas a desenvolver problemas com álcool quando há falta de envolvimento afetivo; ambiente familiar vulnerável; pais com histórico de abuso de drogas, transtornos mentais e comportamentos criminais; falta de autoridade e uso de álcool na família. Quando se trata especialmente do abuso de álcool pelos pais ou cuidadores, essas experiências podem comprometer o vínculo familiar e ameaçar os sentimentos de segurança que as crianças precisam para um desenvolvimento saudável.
Por outro lado, as famílias podem atuar de maneira protetora, principalmente quando existem fortes vínculos familiares, envolvimento dos pais na vida da criança, apoio da família ao processo de aquisição da autonomia pelo adolescente; suporte familiar acerca dos aspectos financeiros, emocionais, cognitivos e sociais; envolvimento afetivo; hábitos saudáveis; comunicação clara e sincera; discernimento quanto aos papéis de pais e filhos; limites claros e consistentes na aplicação de disciplina e monitoramento dos diversos processos de crescimento e desenvolvimento.
Em suma, destaca-se a importância da família como o primeiro e relevante agente para a formação de valores que protegem o jovem do consumo precoce e excessivo de álcool. O diálogo aberto e a colocação de limites constituem uma importante ferramenta na proteção do indivíduo.
 
Fonte: Minha Vida

Nenhum comentário:

Postar um comentário