sexta-feira, 12 de outubro de 2012

 
Diretrizes para tratamento de dependentes químicos
Abead participa da formulação de diretrizes para tratamento de dependentes químicos durante CBP
Um simpósio realizado na tarde desta quarta-feira (10/10), no XXX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, apresentou as diretrizes para tratamento de dependentes químicos, formuladas pela Associação Médica Brasileira, Associação Brasileira de Psiquiatria e Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.

Quase trezentas pessoas estiveram presentes no evento, que é resultado do processo de revisão, iniciado em 2010, de todas as evidências científicas existentes relacionadas ao uso de álcool e outras drogas. A mesa foi dirigida pela cardiologista Nathalia Carvalho de Andrade, que trabalha no projeto Diretrizes, da AMB.
Crack/Cocaína
A pesquisadora Ana Cecília Marques apresentou as diretrizes para o tratamento de usuários de crack e/ou cocaína. Ela falou sobre o processo histórico do consumo de cocaína e de crack e afirmou que, atualmente, “o Brasil é o primeiro mercado consumidor de cocaína no mundo”.
Múltiplas substâncias
Em seguida, a professora Renata de Azevedo falou sobre o uso de múltiplas substâncias. De acordo com a pesquisadora, o uso de mais de uma droga é muito frequente, sendo que o álcool está presente na maioria das associações.
Renata Azevedo destacou que o uso combinado de drogas pode produzir apresentações clínicas atípicas e mais graves. Ela afirmou que, entre as razões para o uso de múltiplas drogas, está a necessidade do usuário de sentir um efeito mais intenso, para diminuir desconforto e também por questões de contexto – moda, acesso e grupo social.
Inalantes
Sobre inalantes, a coordenadora do Departamento de Dependência da AMB, Alessandra Diehl, afirmou que o uso da substância tem relação com baixo nível sócio-econômico e problemas sociais. Uma em cada cinco pessoas que experimentam inalantes desenvolve abuso ou dependência. Também segundo a pesquisadora, cerca de um ano após o primeiro uso, o indivíduo pode se tornar dependente. “É uma epidemia silenciosa, que tem sido negligenciada e esquecida, tanto do ponto de vista dos estudos científicos, quanto das ações governamentais”, afirmou.
Entre as dificuldades para o combate ao uso de inalantes está a facilidade de acesso, o baixo custo e o fato de não serem consideras substâncias ilegais. O uso é feito com mais frequência por meninos, geralmente com baixo desempenho escolar e oriundos de famílias desestruturadas.
Club Drugs
O psiquiatra especialista em dependência química Elton Pereira Rezende falou sobre as club drugs, substâncias químicas que foram usadas inicialmente por jovens na cultura rave e que, atualmente, são usadas em diferentes situações, com finalidades diversas – desde transrreligiosas até a busca por melhor desempenho sexual. Entre as mais usadas estão o LSD, a metanfetamina e o êxtase. O estudioso destacou que todas essas drogas tiveram um objetivo médico inicial.
Anfetaminas
O psiquiatra Félix Henrique Kessler apresentou o capítulo sobre anfetaminas. Os primeiros relatos de abusos da droga surgiram na década de 1930. Segundo o estudioso, hoje, entre 30 e 40 milhões de pessoas consomem anfetamina em todo o mundo e o uso vem aumentando em países em desenvolvimento, como o Brasil. Ele lembrou que o uso de anfetaminas para fins terapêuticos, no país, foi proibida ano passado.
Maconha
O tratamento de dependentes de maconha foi apresentado pelo pesquisador Hercílio Pereira. Relatório das Nações Unidas estimou para 2009 uma prevalência anual de usuários da maconha entre 125 e 203 milhões em todo o mundo, o que a torna a droga mais usada. No Brasil, um estudo de 2005 apontou prevalência de uso na vida de 8,8% da população brasileira. Segundo o pesquisador, 9% dos indivíduos que usam maconha vão preencher critérios de dependência ao longo da vida.
O uso da droga, de acordo com pesquisas, pode aumentar em 6 vezes o risco de esquizofrenia e em 2,1 vezes o desencadeamento de sintomas psicóticos, invalidando, para Hercílio Pereira, a tese de que a droga não faz mal, sendo passível de legalização.
 
Opiáceos e opióides
A psiquiatra Fernanda Lia de Paula Ramos falou sobre opiáceos e opióides. Segundo ela, os medicamentos são prescritos mais por médicos não psiquiatras, geralmente para casos de dor. Os Estados Unidos são os maiores consumidores de opióide no mundo e têm grande prevalência de heroína. Já o Brasil é o maior consumidor de analgésicos opióides da América do Sul. Aqui, a prevalência de dependência está entre médicos, com 22,7%.
De 37 a 85% dos dependentes de opióides tem pelo menos um diagnóstico psiquiátrico.
Álcool
O capítulo sobre álcool foi relatado pelo pesquisador Marcos José Barreto Zaleski. Dados apontam que 48 % da população geral se declara abstêmica de álcool. O consumo de álcool é responsável por adoecer 12% da população brasileira. Entre os fatores de risco que levam ao início do consumo estão a propaganda, a pressão social, a predisposição genética, a curiosidade, o modelo familiar e a falta de políticas públicas. A bebida pode ser considera a primeira droga experimentada pelos jovens.


* Informações da Associação Brasileira de Psiquiatria

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