Aparência inofensiva, mas altamente perigosa.
Zero Hora A substituição da cocaína pelo ecstasy significa trocar uma droga estimulante perigosa por uma droga estimulante perigosa com imagem de inofensiva.
O psiquiatra e psicanalista Sérgio de Paula Ramos, coordenador do serviço de dependência química do Hospital Mãe de Deus, afirma que não há diferença significativa entre os dois produtos.
– É trocar seis por meia dúzia. Cocaína e crack são da mesma família, atuam na mesma região cerebral e têm o mesmo efeito farmacológico. O perigo é que o ecstasy tem a fama de não ser agressivo, tanto que é chamado de “balinha”. Os dados mostram que drogas com uma percepção de risco menor têm consumo maior – afirma.
Segundo Ramos, hoje se fala muito mais na droga sintética do que na cocaína nos consultórios médicos. A impressão do profissional é de que há aumento no consumo de uma e queda no consumo da outra.
– De tempos em tempos, muda a droga de escolha. Como o ecstasy vem em comprimido, é muito mais fácil de tirar do bolso e de tomar no meio de uma festa, o que pode favorecer que se consuma mais. Existe a ilusão de ser uma droga mais limpa, o que não procede.
Vermífugo pode estar sendo usado na confecção da droga
Um problema adicional da droga sintética é sua formulação. Inicialmente, as pílulas eram sintetizadas a partir de uma substância conhecida como MDMA, considerada menos nociva. No entanto, o MDMA é caro e tem sido trocado por outros componentes.
– O ecstasy consumido hoje é um ponto de interrogação. Não se sabe o que há na pílula. Às vezes, vai até vermífugo. É muito perigoso, porque tem fama de droga menos agressiva – avisa a pesquisadora Clarice Sandi Madruga.
Segundo Sérgio de Paula Ramos, as pílulas costumam ser um mix de estimulantes – como anfetamina e efedrina. Combinadas, explica ele, uma droga potencializa a outra.
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