A política de drogas e o Brasil.
Esta semana em Brasília constatou-se, mais uma vez, uma situação
muito preocupante em relação ao enfrentamento das drogas no Brasil: de um lado,
a primeira reunião do ano do Conselho Nacional sobre Drogas, cuja missão é
acompanhar as políticas desenvolvidas pelo Governo e pela sociedade, entre elas
a distribuição e aplicação do dinheiro público e de outro, a 15ª Marcha dos
Prefeitos, que culminou com um debate sobre a política de drogas, principalmente
diante de um triste cenário brasileiro: o crack já está no varejo.
Se na reunião do Conselho apresentava-se a atual organização do sistema de
saúde, de assistência social, do direcionamento das ações policiais e do papel
do Brasil na política de drogas das Américas, ações empíricas e ainda muito
desarticuladas, como por exemplo, consultórios de rua, quando nem médicos
existem na maior parte dos centro de atenção psicossocial álcool e drogas, ações
na contramão daquelas que estão sendo preconizadas pelos países desenvolvidos e
pela própria Organização Mundial da Saúde, quase tudo por fazer, do outro, quase
5000 participantes, entre prefeitos e assessores, mostravam suas experiências
baseadas nas necessidades, muito diferentes entre si, carregadas de uma visão
pessoal de cada um deles, desenvolvidas sem recursos suplementares, sem
indicadores para avaliar os resultados, o que possivelmente os conduzirá a
impactos mínimos ou nulos na realidade local.
A questão é: será possível no curto e médio prazos direcionar as políticas
para o microssistema, uma região, por exemplo, cujos gestores decidam, por
vontade política pessoal e do grupo, assumir o problema como um programa da
gestão municipal, amparados pelos estados e pela federação quanto aos recursos
técnicos especializados para se obter algum resultado efetivo? Ou continuaremos
a dar tiros no pé? Ou até mesmo tiro de canhão em mosca branca, deixando de lado
questões estruturais como a política do álcool, a política do adolescente, a
política da criança, o direito humano de viver em um país que oferece um modelo
de proteção para todos os cidadãos, o direito de não usar drogas?
O Brasil e seus representantes políticos manterão a retórica ou um toparão o
jogo da verdade que confirmará um diagnóstico sombrio da situação atual: uma nau
a deriva na questão das drogas?
Minha sugestão para um impasse tão grave é que a Abead possa criar um comitê
de especialistas para assessorar os municípios, unir a política com a ciência,
já que temos ouvido por aí que “droga é uma questão de estado”, mas nem de longe
se vislumbra uma solução adequada para cuidar do fenômeno do crack no
brasil!
Ana Cecília Marques - Conselheira da Abead
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