Estudo reforça a idéia de que benefícios
da bebida alcoólica, embora existam, não são para todos.
Revista Veja
Levantamento
com mais de 40 pesquisas concluiu que o álcool deve ser consumido moderadamente
e só por pessoas livres de certos problemas de saúde
Os
autores do estudo levantaram dados de outras 44 pesquisas que calcularam a
relação entre riscos à saúde do coração e consumo de álcool. Ao todo, esses
levantamentos reuniram dados de 957.684 participantes e registraram 38.627
casos ou mortes por cardiopatia isquêmica.
Os
pesquisadores observaram que, embora em todas as pesquisas o consumo moderado
de álcool tenha protegido alguns indivíduos de cardiopatia isquêmica, nem todas
as pessoas mostraram resultados positivos. Os efeitos da bebida tiveram grande
variação nos estudos, principalmente naqueles que associaram proteção ao
coração com ingestão de uma ou duas doses diárias de bebida alcoólica. Gênero,
padrões de consumo e efeitos na saúde foram alguns dos pontos que divergiram
nas análises.
Para
os autores do estudo, a relação entre consumo de álcool e proteção ao coração
não deve ser estabelecida de maneira isolada, ou seja, sem considerar outros
aspectos da saúde do indivíduo. Isso porque, enquanto a bebida se mostrou
positiva para prevenir a cardiopatia isquêmica, ela também pode ser prejudicial
a outras, mesmo em pequenas quantidades, segundo a pesquisa.
Curva
em J- Além
disso, o levantamento canadense observou, em todos os 44 estudos, que o consumo
de álcool obedece muitas vezes à chamada “curva em J”. Ou seja, em relação à
cardiopatia isquêmica, beber moderadamente pode melhorar a saúde em comparação
aos abstêmios, mas a ingestão exagerada de álcool, além de não surtir efeitos
positivos ao organismo, é extremamente prejudicial.
Os
autores do estudo concluíram que, antes de um indivíduo consumir bebida
alcoólica para beneficiar sua saúde, ele deve consultar um médico que considere
suas características e fatores de risco, como predisposição familiar para
certas doenças. "Mais evidências sobre a relação entre benefícios à saúde
e álcool são necessárias para que o público em geral e os médicos conheçam as
quantidades seguras da bebida", afirma o estudo.
ÁLCOOL
E SAÚDE
A relação entre consumo de álcool e doenças cardiovasculares em seres humanos
pode ser representada por uma 'curva em J', segundo análise estatística: quem
bebe pequenas quantidades de álcool por dia (duas doses para homens e uma para
mulheres) costuma ter riscos menores de ter um infarto do coração ou um derrame
cerebral do que abstêmios; mas quem bebe muito aumenta as chances de ter esses
problemas. O "J" significa essa curva em uma representação gráfica. A
perna menor da letra representa o risco dos abstêmios. Sua queda na curva da
letra representa o risco dos bebedores moderados, e sua ascensão acentuada na
perna grande da letra, o risco dos que bebem muito.
Não
é para você
Apesar
de a bebida alcoólica, com moderação, proporcionar benefícios para a saúde, ela
não é indicada para todos. Existem pessoas que não devem ingerir quantidade
alguma de álcool, já que os prejuízos são muito maiores do que as vantagens.
Sinal vermelho para quem tem os seguintes problemas:
Doença
hepática alcoólica: é a inflamação no fígado causada pelo uso crônico do
álcool. Principal metabolizador do álcool no organismo, o fígado é lesionado
com a ingestão de bebidas alcoólicas.
Cirrose
hepática: o álcool destrói as células do fígado e é o responsável por causar
cirrose, quadro de destruição avançada do órgão. Pessoas com esse problema já
têm o fígado prejudicado e a ingestão só induziria a piora dele.
Triglicérides
aumentado: o triglicérides é uma gordura tão prejudicial quanto o colesterol,
já que forma placas que entopem as artérias, podendo causar infarto e derrame
cerebral. O álcool aumenta essa taxa. Portanto, quem já tiver a condição deve
manter-se longe das bebidas alcoólicas.
Pancreatite:
a doença é um processo inflamatório do pâncreas, que é o órgão responsável por
produzir insulina e também enzimas necessárias para a digestão. O consumo
exagerado de álcool é uma das causas dessa doença, e sua ingestão pode provocar
muita dor, danificar o processo de digestão e os níveis de insulina, principal
problema do diabetes.
Úlcera:
é uma ferida no estômago. Portanto, qualquer irritante gástrico, como o álcool,
irá piorar o problema e aumentar a dor.
Insuficiência
cardíaca: por ser tóxico, o álcool piora a atividade do músculo cardíaco. Quem
já sofre desse problema deve evitar bebidas alcoólicas para que a atividade de
circulação do sangue não piore.
Arritmia
cardíaca: de modo geral, ele afeta o ritmo dos batimentos cardíacos. A bebida
alcoólica induz e piora a
arritmia.
Redobre a atenção
Há
também aqueles que devem ter muito cuidado ao beber, mesmo que pouco.Tudo
depende do grau da doença, do tipo de remédio e do organismo de cada um.
Problemas
psiquiátricos: o álcool muda o comportamento das pessoas e pode alterar o
efeito da medicação. É arriscada, portanto, a ingestão de bebida alcoólica por
aqueles que já têm esse tipo de problema.
Gastrite:
é uma fase anterior à úlcera e quem sofre desse problema deve tomar cuidado com
a quantidade de bebida alcoólica ingerida. Como pode ser curada e controlada, é
permitido o consumo álcool moderado, mas sempre com autorização de um médico.
Diabetes: Todos os diabéticos devem ficar atentos ao consumo de
álcool. A quantidade permitida dessa ingestão depende do grau do problema, dos
remédios e do organismo da pessoa. Recomenda-se, se for beber, optar por
fazê-lo antes ou durante as refeições para evitar a hipoglicemia.
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