terça-feira, 7 de fevereiro de 2017





SEM AÇÕES INTEGRADAS, COMBATE AO CRACK FALHA.


Nas praças, debaixo de viadutos ou em cantos das sete cidades, é comum ver pessoas em situação de rua consumindo crack. O cenário, cada vez mais preocupante, evidencia políticas públicas pouco efetivas voltadas à recuperação desse grupo.

Embora relatório divulgado nesta semana pela OSF (Open Society Foundations) mostre que projetos como o programa De Braços Abertos, da Capital, e exemplos semelhantes no Rio de Janeiro e em Pernambuco, – que não exigem abstinência dos usuários de drogas como pré-condição para serem incluídos nos programas de assistência e oferecem moradia, treinamento e oportunidade de retorno ao mercado de trabalho –, sejam o caminho tido como eficaz para a reinserção dos usuários na sociedade, nenhuma das sete cidades mantém ações estruturadas do tipo ou manifestaram que planejam avançar no tema.

Basicamente, na região, o assunto é tratado de forma isolada pelas equipes de Saúde mental via rede de atenção psicossocial. Com exceção de Santo André, nenhuma administração destacou ter o problema mapeado.

Para o integrante do Movimento Nacional de Direitos Humanos Ariel de Castro Alves, falta integração da área de Saúde pública com os setores de Educação, Habitação, trabalho e assistência social. “Os programas, para terem êxito, precisam ser multidisciplinares e intersetoriais”, fala.

A psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora da comissão de dependência química da Associação Brasileira de Psiquiatria compartilha do argumento. “Medidas restritas a uma parte só da política pública não funcionam. Elas precisam ser articuladas.”

Para o psiquiatra e diretor do Inpad (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) Ronaldo Laranjeira, falta combate à proliferação do tráfico nas ruas. “Se o setor de Segurança não tiver estratégia, vamos continuar tendo cracolândias.”

COMO FUNCIONA

Em Santo André, onde o número de dependentes em situação de rua varia entre 100 e 125 pessoas, a Prefeitura diz que projeto em fase de elaboração visa dar oportunidade de emprego, já que muitas vezes a pessoa é retirada da rua e, se não tem encaminhamento, volta para o lugar de uso.

Ribeirão Pires, que atende na rede de Saúde 560 pacientes usuários de crack, ressalta que dispõe de oficinas geradoras de renda, para estimulá-los a desenvolver o autossustento.

Mauá diz que não atua com a classificação sobre qual tipo de droga levou o paciente ao tratamento e contabiliza 1.564 pacientes atendidos no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas).

As demais cidades não informaram suas ações.


Vanessa de Oliveira Do Diário do Grande ABC.

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