SEM
AÇÕES INTEGRADAS, COMBATE AO CRACK FALHA.
Nas praças, debaixo de
viadutos ou em cantos das sete cidades, é comum ver pessoas em situação de rua
consumindo crack. O cenário, cada vez mais preocupante, evidencia políticas
públicas pouco efetivas voltadas à recuperação desse grupo.
Embora relatório divulgado
nesta semana pela OSF (Open Society Foundations) mostre que projetos como o
programa De Braços Abertos, da Capital, e exemplos semelhantes no Rio de
Janeiro e em Pernambuco, – que não exigem abstinência dos usuários de drogas
como pré-condição para serem incluídos nos programas de assistência e oferecem
moradia, treinamento e oportunidade de retorno ao mercado de trabalho –, sejam
o caminho tido como eficaz para a reinserção dos usuários na sociedade, nenhuma
das sete cidades mantém ações estruturadas do tipo ou manifestaram que planejam
avançar no tema.
Basicamente, na região, o
assunto é tratado de forma isolada pelas equipes de Saúde mental via rede de
atenção psicossocial. Com exceção de Santo André, nenhuma administração
destacou ter o problema mapeado.
Para o integrante do
Movimento Nacional de Direitos Humanos Ariel de Castro Alves, falta integração
da área de Saúde pública com os setores de Educação, Habitação, trabalho e
assistência social. “Os programas, para terem êxito, precisam ser multidisciplinares
e intersetoriais”, fala.
A psiquiatra da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora da comissão de dependência
química da Associação Brasileira de Psiquiatria compartilha do argumento.
“Medidas restritas a uma parte só da política pública não funcionam. Elas
precisam ser articuladas.”
Para o psiquiatra e diretor
do Inpad (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do
Álcool e outras Drogas) Ronaldo Laranjeira, falta combate à proliferação do
tráfico nas ruas. “Se o setor de Segurança não tiver estratégia, vamos
continuar tendo cracolândias.”
COMO FUNCIONA
Em Santo André, onde o
número de dependentes em situação de rua varia entre 100 e 125 pessoas, a
Prefeitura diz que projeto em fase de elaboração visa dar oportunidade de
emprego, já que muitas vezes a pessoa é retirada da rua e, se não tem
encaminhamento, volta para o lugar de uso.
Ribeirão Pires, que atende
na rede de Saúde 560 pacientes usuários de crack, ressalta que dispõe de
oficinas geradoras de renda, para estimulá-los a desenvolver o autossustento.
Mauá diz que não atua com a
classificação sobre qual tipo de droga levou o paciente ao tratamento e
contabiliza 1.564 pacientes atendidos no Caps AD (Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas).
As demais cidades não
informaram suas ações.
Vanessa de Oliveira Do
Diário do Grande ABC.
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