Dependência química: o
descaso da necessidade de tratamento!
O que será
que realmente pensam os políticos desse país que nós elegemos imaginando que os
mesmos farão com que a qualidade de vida de cada indivíduo brasileiro melhore?
O que será
que pensam as pessoas responsáveis pela saúde pública do povo brasileiro com
relação aos dependentes químicos? O que será que pensam os diretores,
professores e todos os responsáveis pela educação do povo brasileiro com
relação à dependência química? O que se passa na cabeça do povo brasileiro que
assiste ao vivo e em cores toda a podridão das “cracolândias” espalhadas por
nosso país?
A partir de
questionamentos como este se chega à conclusão que as drogas estão vencendo a
parada! Nossa sociedade sofre atônita. O poder público omisso e ineficiente se
torna conivente com o avanço da degradação social imposta pelo crime de tráfico
e distribuição dos mais variados tipos de entorpecentes, com destacado “mérito”
para o crack.
Estudos mais
recentes apontam que a dependência química é multifatorial, ou seja, existem
vários fatores relacionados. São fatores de natureza biológica, psicológica e
social. Pesquisas comprovam que ninguém nasce dependente de uma droga, mas pode
tornar-se um dependente experimentando-a ou usando-a em determinado contexto
social e familiar. A pessoa desenvolve uma relação com ela que evolui para a
dependência. A dependência é uma doença, mas tem tratamento.
O fato mais
importante na ressocialização/recuperação de um dependente de drogas é a
garantia na seqüência do tratamento, com início, meio e fim, não apenas porque
é o mais adequado ou menos oneroso aos cofres públicos, mas principalmente
porque através das fases do programa é que o recuperando vai aprendendo o passo
a passo para se autodisciplinar e atingir o autocontrole sobre suas emoções,
sentimentos e pensamentos, disciplina que o conduzirá à libertação da
dependência. E isso, salvo qualquer engano de minha parte, é o que ainda não
parece bem definido por parte dos Governos ou talvez essa falta de definição
ainda esteja acontecendo devido ao grande número de dependentes, à falta de
espaço físico adequado, além de pessoal capacitado e em número suficiente para
atender adequadamente à demanda. O avanço das drogas no Brasil é um fato que
ainda está longe de encontrar uma solução que nos permita atingir um patamar
aceitável, já que a erradicação é uma utopia. No ritmo e da maneira como o
problema vem sendo tratado em especial pelo poder público, as drogas tendem a
causar ainda muitos danos tanto para o indivíduo dependente, como para as
famílias e toda a sociedade. Isso ocorre não apenas porque se trata de um
assunto complexo, polêmico, mas devido à irresponsabilidade e omissão de
décadas por parte dos Governos, em diferentes escalas de poder, que insistem em
banalizar o caráter social, educacional, familiar, espiritual, de saúde pública
e privada, e de segurança pública que está por trás do uso de drogas.
Em Parnaíba
o problema é extremamente delicado. Jovens cada vez mais cedo experimentam as
drogas, ficam viciados e não se tem notícia de uma política pública que ofereça
tratamento ao dependente químico, especialmente os de baixa renda. Os Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS) infelizmente ainda não têm um critério de
atendimento que possibilite fácil acesso ao paciente de forma a assegurar que o
recuperando receba tratamento adequado e contínuo, como deve ser. Uma prova de
que os Governos não priorizam essa questão é que nos oito anos de Lula
(2003-2010), foram perdoados US$ 436,7 milhões em dívidas de quatro países:
Moçambique (US$ 315,1 milhões), Nigéria (US$ 84,7 milhões), Cabo Verde (US$ 1,2
milhão) e Suriname (US$ 35,7 milhões).
Em
Moçambique, foram perdoados 95% da dívida, a maior proporção da década. Em dois
anos e dez meses, Dilma reestruturou a dívida de cinco países - US$ 431,2
milhões -, dos quais US$ 280,3 milhões foram perdoados. Foram beneficiados
Gabão, Senegal, Sudão, República do Congo e São Tomé e Príncipe - neste último,
a dívida foi reescalonada e os prazos de pagamento alterados. O Governador
Wilson Martins pagou um patrocínio de R$ 1 milhão para a gravação do filme
sobre a vida de Frank Aguiar. O Prefeito Florentino Neto este ano já gastou
cerca de R$ 4 milhões em eventos, feiras e coquetéis. Não que alguns destes
eventos não tenha importância, mas o que é prioridade mesmo para esses
governantes?! Quanto custa cuidar de nossos jovens?! Quanto custa tratar dos
dependentes químicos?! Como enfrentar um problema de saúde reconhecido pela
Organização Mundial da Saúde, além de ser um problema social e educacional?
Será que os nossos governantes vão continuar imersos na omissão? Precisaremos
perder ainda quantas vidas para eles se tocarem?!
Fernando
Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.
Jornal da
Paraíba
Fonte:UNIAD
- Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
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