Estou
indignado pelo que acontece em nossa cidade e região.
“É reconhecido que o consumo, abuso e vício de substâncias
psicoativas, lícitas ou ilícitas, é um assunto de saúde pública e bem-estar da
família, da comunidade e dos indivíduos”.
Hoje, o maior problema enfrentado pelas cidades brasileiras,
é o que se ouve diariamente nos noticiários: o consumo do crack. Uma consequência
direta da proliferação da rede de comércio de drogas nos últimos 10 anos e que,
por sua vez, também se desenvolveu pelo aumento do uso de drogas. Um círculo
vicioso sem fim que cresce também em função do surgimento de novas drogas, mais
fortes e viciantes.
Em um segundo momento também pode apontar como causa do
problema as ações tímidas, desorganizadas e desarticuladas de nossa saúde
pública. Ações, em muitos casos, causadas por uma resistência ideológica e
política dos responsáveis, que acabam por exigir do DQ uma mudança de
comportamento sem o expor a um tratamento eficaz.
Para que um tratamento seja realmente eficaz é preciso que
seja trabalhado com evidências e bases científicas, com modelos eficientes que
recuperem o usuário para o convívio em sociedade, e não com opiniões e ideias
individuais sem nenhum resultado.
É possível? Sim, com certeza. Bastam lembrarmos como a medicina
evoluiu no tratamento de outras doenças nos últimos 10 anos, como no tratamento
do câncer. Mas para isso, foram feitos investimentos em tecnologia, médicos
foram cada vez mais capacitados e especializados. Precisamos o mesmo cuidado, a
mesma evolução para lidarmos com o tratamento de dependentes. Os dependentes
sofrem igualmente de uma doença e têm o direito de receber uma “atenção
integral por parte do Município”. E não é o que vem acontecendo. Até agora,
muitas vezes os usuários só podem obter ajuda, tanto para a reabilitação quanto
para o tratamento terapêutico, através de ações de tutela.
O alto índice de violência, evasão de menores das escolas,
aumento do tráfico e da prostituição infantil em nossos municípios ocorre em
razão de não termos políticas claras. Políticas que repetem incessantemente
modelos falidos e ineficientes, que não apresentam nenhum resultado. Precisamos
de algo novo. Por isso, a importância da realização de seminários em nossa
região, para realizarmos este intercâmbio com profissionais, pesquisadores que
trabalham em cima de evidências científicas e buscam insistentemente a
recuperação do usuário de drogas através de modelos mais eficazes...
Formar profissionais e gestores especializados para atender
a saúde física e mental dos usuários de drogas, assim como dar condições de
funcionamento eficiente aos centros de saúde onde estes serviços são
oferecidos, são ações que fazem parte da tarefa de desenvolver políticas
públicas eficazes.
Este desabafo é em razão de eu atender familiares aflitos em
busca de orientações sobre como encaminhar e tratar envolvidos com drogas e o
que eu notei é o abandono a que estão relegados não apenas os adultos, mas
jovens e até crianças que, cada vez mais cedo, indicam as pesquisas, têm
contato com o álcool e outras drogas.
Tadeu Assis.
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