sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Maconha em debate na Capital: liberar é o caminho? Adriana Franciosi/Agencia RBS


Maconha em debate na Capital: liberar é o caminho?


Especialistas debateram sobre o tema no Ministério Público durante a tarde de terça-feira
Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Novas evidências sobre os efeitos da maconha na saúde, cenários do consumo no Brasil e no mundo, suas consequências nos países que já liberaram o uso e os caminhos que o Brasil deve seguir.
Estes e outros temas foram debatidos durante a tarde desta terça-feira no seminário "Maconha: será que liberar é o caminho?", promovido pelo Instituto Crack Nem Pensar. A motivação do debate se deu, conforme o presidente do instituto, Marcelo Dornelles, devido a busca por alternativas de enfrentamento ao problema, levando-se em consideração as vertentes educação, liberação e repressão.
Ainda que indicando caminhos distintos, os palestrantes não apresentaram respostas definitivas sobre o tema, mas destacaram pontos importantes a serem debatidos pela sociedade. A necessidade de informar mais e melhor os jovens, os malefícios já comprovados da maconha e a prevenção como sendo a melhor estratégia para reduzir o consumo foram alguns dos pontos de convergência entre os especialistas.
Para introduzir o debate, o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas, apresentou estudos científicos que serviram como base para fomentar a discussão. Conforme um recente estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizado em 2012, os países com políticas mais liberais em relação à maconha são os que tem a maior porcentagem de consumidores. No topo, Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Dinamarca. No Brasil, que ocupa uma posição mais abaixo na tabela, 1,3 milhões de pessoas são consideradas dependentes da substância. Entre os malefícios da maconha já comprovados cientificamente, o psiquiatra destacou o prejuízo para a memória, um menor compromisso com a escola e/ou trabalho e um aumento de 50% no risco de acidentes no trânsito.
Para o deputado estadual e ex-presidente da Frente Parlamentar de Combate às Drogas Mano Changes, a discussão sobre a liberação ou não da maconha deve ser feita levando-se em consideração o contexto social. Changes destacou que, inicialmente, é preciso se pensar no problema dos presídios brasileiros para, depois, iniciar o debate sobre a legalização, ou não, da maconha:
— Usuário de maconha não pode ser preso em um país que não regenera — destacou o deputado.
O mesmo ponto de vista foi compartilhado pela psicóloga e mestre em Ciências da Saúde Simone Fernandes, que destacou que o usuário precisa, em primeiro lugar, de tratamento, e não ser levado a uma prisão que não oferece condições de ressocialização. Simone ressaltou que a falta de educação sobre o tema é um elemento importante, pois quanto menos se percebe os danos da maconha, maior é o seu consumo.
Finalizando o debate, o juiz de Direito Final e ex-presidente do Conselho Federal de Entorpecentes Luiz Matias Flach afirmou acreditar que a sociedade não irá reduzir o consumo da droga se a mesma for criminalizada, e que o tema não pode ser visto apenas pelo ângulo da repressão. Para o juiz, o desafio atual é se pensar em novas formas de lidar com a questão.


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