Entenda porque crack e violência andam juntos.
Rede Bom Dia
Uma pessoa que se torna dependente química de crack é capaz de consumir
quantas pedras seu dinheiro possa comprar. No entanto, quando já habituada,
costuma fumar no mínimo 5 por dia.
A porção, que tem aproximadamente 1 g, é vendida em média por R$ 5,00. Logo,
estamos falando de um vício que custa por baixo R$ 750,00 ao mês, valor
equiparado ao salário básico de milhares de pais de família. E de onde
vem esse dinheiro todo, que no final das contas serve para adubar o
narcotráfico, além de patrocinar a violência? Caso a pessoa
dependente química trabalhe, inicialmente o somatório deriva de seu próprio
rendimento, quase sempre todo ele.Caso não trabalhe ou então acabe sendo
demitida em razão dos problemas trazidos pelo crack (e isso acontece muito),
pedirá dinheiro aos familiares.
Mas chega um momento em que os irmãos, primos, pais e avós não toleram mais
essa situação e negam o financiamento da dependência... muitas vezes tarde
demais.
Assim, a pessoa, já sofrendo as consequências físicas e psíquicas
causadas pelo entorpecente, decide vender o que é seu ou de sua casa a preço de
banana, ou então passa a trocar o televisor de seu quarto, pares de tênis,
jaquetas de frio, tudo que foi parcelado e quitado com muito sacrifício, por
uma ou duas pedrinhas esfareladas de crack.
Contudo, em algum dia, o patrimônio próprio acaba, e o jovem talentoso
e de futuro brilhante se converte em um criminoso que pula os muros de quintais
para furtar roupas, aparelhos de som, utensílios e tudo mais que puder para
angariar como moedas de troca, que são aceitas nos pontos de tráfico.
Seu caráter original entra em conflito com sua nova personalidade de
toxicodependente, e isso o irrita, tornando-o mais violento, e com uma faca
passa a roubar pessoas, a ameaçar e a agredir até mesmo parentes.
Eis que recebe a seguinte proposta: a cada 10 pedras que vender numa
“biqueira” (local de venda e uso de drogas) ganha uma para seu consumo: é o
“tráfico de subsistência”, ou seja, a venda de drogas para sustentar o próprio
vício, bastante comum nos dias atuais, prática conveniente para os traficantes
maiores.
Tragicamente, isso expõe demais a pessoa dependente química, pois o
seu desespero vira pressa para vender, fazendo com que ela saia para o meio da
rua e ofereça a qualquer um que passe, o que acaba levando-a rapidamente à
prisão.
Além dos citados crimes, inúmeros homicídios são derivados de acertos
por dívidas de crack e incontáveis mortes decorrentes de confrontos armados no
país.
É relevante perceber que o crack alimenta a violência e a violência
alimenta o crack, na medida em que a pessoa rouba para conseguir fumar a pedra
e fuma a pedra para criar coragem e em seguida roubar novamente: um ciclo que
se tornou o mal do século, um desafio para as autoridades e, principalmente,
para a instituição familiar.
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